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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Só falta, agora, restaurar a Monarquia e coroar Temer

Todos os que hoje incensam Temer deverão aprender a colocar graxa na coluna, para dobrá-la sem dor à sua passagem, o que não será muito difícil para aqueles que já se habituaram à curvatura. E Temer reinará absoluto num reino de corruptos, onde crime é ser honesto

Todos os que hoje incensam Temer deverão aprender a colocar graxa na coluna, para dobrá-la sem dor à sua passagem, o que não será muito difícil para aqueles que já se habituaram à curvatura. E Temer reinará absoluto num reino de corruptos, onde crime é ser honesto (Foto: Ribamar Fonseca)
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A deusa grega Themis, já estuprada pelo pessoal da Lava-Jato, está tão envergonhada com a decisão do TSE que vai tirar a venda dos olhos e colocar uma máscara. E se o Supremo seguir pelo mesmo caminho, ela, que é o símbolo da Justiça, vai descer do pedestal na praça e sair correndo para esconder-se em algum canto, longe dos olhos do povo. A absolvição de Temer, na verdade, decepcionou a muita gente – e não apenas a deusa Themis – mas não surpreendeu a todos os brasileiros, apenas aos abestados que ainda acreditam na Justiça. Os sinais de que não seria cassado já vinham sendo emitidos em diversas oportunidades, não apenas pela tranquilidade e confiança demonstradas por ele, seus ministros e aliados, com o anúncio de planos para o futuro, como, também, pelas declarações do seu velho amigo de trinta anos, o ministro Gilmar Mendes, presidente da Corte Eleitoral, que disse ser necessário "moderar a sanha cassadora". E deu o voto salvador.

Constata-se que a vingancinha do senador afastado Aécio Neves, que ingressou com a ação no Tribunal Superior Eleitoral apenas para "encher o saco" dos petistas, custou muito caro à Nação. Como Temer e seus aliados já sabiam, por antecipação, do resultado do julgamento, conclui-se que tudo não teria passado de uma encenação, que "encheu o saco" dos brasileiros e custou tempo e dinheiro. Na realidade, tudo leva a crer que antes mesmo do início das sessões os ministros que votaram contra o parecer do relator Herman Benjamin já haviam definido os seus votos, indiferentes ao relatório. Benjamin, portanto, perdeu tempo e saliva na leitura do parecer, que já estava derrotado antes mesmo de ser lido. E ao "encher o saco" dos petistas, o candidato derrotado nas eleições de 2014 brincou com a Corte Eleitoral e contribuiu para aprofundar o descrédito da Justiça.

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Depois da decisão do TSE, como já foi dito neste espaço, vai ser muito difícil tirar Temer do Planalto, porque ele tem a maioria do Congresso no bolso, graças à liberação de recursos para as emendas dos parlamentares aliados, a concessão de emissoras de rádio e o perdão das dívidas da bancada ruralista; tem o respaldo do Judiciário, que ajudou a colocá-lo no poder e o mantém lá contra tudo e contra todos, conforme se verificou no julgamento da Corte Eleitoral; e tem o apoio de parte da mídia, negociado a peso de ouro pelo Ministro Moreira Franco, segundo amplamente noticiado. Mesmo que o Supremo Tribunal Federal aceite as denúncias do Procurador Geral da República Rodrigo Janot e decida cassá-lo, surpreendendo a expectativa geral, a decisão terá de ser homologada pelo Congresso Nacional, onde ele tem o voto da bancada de investigados sob o comando de Rodrigo Maia, que até hoje não aceitou – e nem aceitará – nenhum pedido de impeachment, não acatando nem mesmo a antiga determinação nesse sentido do ministro Marco Aurélio Mello.

Temer sabe, como poucos, usar o poder do cargo para manter-se nele e utiliza todos os recursos disponíveis para isso sem o menor pudor. Além dos cofres públicos, que abriu sem parcimônia para comprar apoios, já que o dinheiro não sai do bolso dele (sem dúvida uma forma de corrupção), emprega a força do governo para perseguir e neutralizar todos os que considera inimigos. Exemplo disso é o que está fazendo com a JBS, cujo dono o denunciou, suspendendo qualquer operação de crédito com a Caixa Econômica, determinando à Petrobrás a suspensão do fornecimento de gás a uma de suas empresas e até mandando a Policia Federal varejar os seus escritórios. E tudo indica, também, que vai colocar a fiscalização da Receita Federal no encalço das empresas que mudarem de lado, onde não será difícil detectar a sonegação de impostos. E já mobiliza a Abin, segundo a "Veja", e sua tropa de choque no Congresso para, através da CPI da JBS, atingir o ministro Edson Fachin. Além disso, certamente vai colocar a policia nas ruas para reprimir as manifestações populares, que não lhe darão trégua e deverão fazer muito barulho em todo o país. Mas barulho, infelizmente, não derruba um sujeito tão ferozmente agarrado ao poder como Temer.

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Aparentemente, a partir de hoje só existem duas maneiras para defenestrar Temer do Palácio do Planalto, de onde ele disse que só sairá morto: uma intervenção militar, com o consequente fechamento do Congresso e do Judiciário, ou uma rebelião interna do PSDB, que retire o apoio a ele e obrigue o deputado Rodrigo Maia a aceitar um pedido de impeachment. Como os tucanos pretendem aproveitar a oportunidade única para ocupar, mediante eleição indireta, a Presidência da República, talvez a possibilidade de realização desse sonho possa leva-los a derrubar Temer. Até porque o amigo de 30 anos, Gilmar Mendes, também ambiciona o poder e já estaria, inclusive, articulando a sua candidatura. O fato é que se nada for feito, com a estrutura que montou Michel Miguel vai permanecer no Planalto o tempo que quiser, pois já tramita na surdina na Câmara uma PEC esticando todos os mandatos para cinco anos, proposta essa que atende aos interesses de todos os parlamentares, especialmente daqueles que votaram a favor do impeachment de Dilma e sabem que dificilmente conseguirão reeleger-se nas próximas eleições.

Depois disso, só lhe restará mandar uma proposta de Emenda Constitucional ao Parlamento restaurando a Monarquia e coroar-se imperador, um sonho que FHC não conseguiu realizar. E nem precisará fechar o Congresso, porque já tem o apoio dele. Todos os que hoje o incensam deverão aprender a colocar graxa na coluna, para dobrá-la sem dor à sua passagem, o que não será muito difícil para aqueles que já se habituaram à curvatura. E Temer reinará absoluto num reino de corruptos, onde crime é ser honesto.

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