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Carlos Alberto Mattos

Crítico, curador e pesquisador de cinema. Publica também no blog carmattos

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Sob as sombras longas do Iraque

"Bagdá Vive em Mim" trata de um grupo de expatriados iraquianos em Londres que se batem com as sombras longas de seu país natal.

(Foto: Divulgação)
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Diz-se que certas pessoas podem sair do lugar onde se criaram, mas o lugar não sai de dentro delas. Por mais que tentem se integrar ou se metamorfosear, um atavismo as mantém presas a suas origens. Em Bagdá Vive em Mim (Baghdad in My Shadow) temos um pequeno círculo de expatriados iraquianos vivendo em Londres. Eles orbitam em torno de um café chamado Abu Nawas em homenagem ao célebre poeta persa que explorou temas proibidos pelo Islã.

O personagem central, Taufiq (Haitham Abdel-Razzaq), é também um poeta que foi preso político nos tempos de Saddam Hussein e, no exílio, trabalha como vigia de um museu. De um de seus poemas saiu o título original do filme, que expressa essa permanência da origem como trauma. "Bagdá, você substituiu um carcereiro por outro", diz o poema. A garçonete do café londrino é a bela Amal (Zahraa Ghandour), ex-arquiteta no Iraque. Há também o proprietário esquerdista, o jovem gay, os ingleses apaixonados. 

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Aquela ilhota de descontração e estima recíproca vai correr perigo por conta de dois fatores: a influência extremista de um ímã sobre o jovem sobrinho de Taufiq e a chegada de um novo adido cultural iraquiano cujo passado está ligado a Amal e ao regime de Saddam. 

Para os radicais e os oportunistas, o modo de vida ocidental é sinônimo de homossexualidade e comunismo – o que se resume numa palavra: "infiéis". É a conjunção do ultraconservadorismo social com a radicalidade islâmica. De uma maneira ou de outra, os exilados que tentam exercer sua liberdade individual estão encarcerados ou pela repressão dos conterrâneos, ou mesmo por suas próprias interdições pessoais. 

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O filme do diretor iraquiano-suíço Samir Jamal al Din, que se assina simplesmente Samir, cria uma rede complexa de relações de afeto, proteção, culpa e punição, na qual os personagens se batem com as sombras longas do seu país natal. A narrativa, partindo de um interrogatório policial de Taufiq, requer nossa atenção para montar o quebra-cabeças nos primeiros 30 minutos até que a trama se faça mais clara. O urbanismo ultramoderno de Londres contrasta com as imagens de TV de um Iraque tradicionalista. Esse choque de dois mundos pode soar um pouco esquemático, mas a realidade decerto não é muito diferente se olhamos pela perspectiva do Ocidente.  

>> Bagdá Vive em Mim está nas plataformas Google Play, Vivo Play, AppleTV e ClaroTV

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O trailer:

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