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Roberto Ponciano

Escritor, mestre em Filosofia e Letras, especialista em Economia. Doutorando em Literatura Comparada

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Sob o pretenso “hegemonismo” do PT

Não tenham ilusões, qualquer projeto de recuperação da soberania nacional herdará o ódio que as elites têm ao PT. A tarefa daqui até 2022 é derrotar o bolsonarismo sim, mas é também derrotar o ultraneoliberalismo. Derrotar Bolsonaro e colocar a direita fisiológica no poder é fazer o trabalho sujo para a direita

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Terminadas as eleições de 2020 o antipetismo se tornou o grande canto de sereia pós resultados. Temos que fazer como Ulisses na Odisseia, que se amarra ao mastro e coloca cera nos ouvidos, para não ouvir a sedução dos seres horripilantes, fétidos e mortais. As sereias são a mídia corporativa e toda a direita golpista, agora transmutada por milagre convertida em “centro moderado”. O “centro moderado” que votou no golpe, apoiou Temer, elegeu Bolsonaro, retirou os direitos trabalhistas, destruiu os sindicatos, está detonando a Petrobrás, fez a reforma trabalhista e da previdência.

Se isto é “o centro”, a direita é quem, os skinheads?

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A primeira parte deste canto de sereia é transformar os ultraneoliberais fisiológicos em “centro-esquerda” ou “centro-direita”. O problema é que se juntam a este canto de sereia da mídia ultraneoliberal, que é a voz do Agro e da FIESP, parte da esquerda, que quer falar em nome da “Real Politik” e dizer que “a tarefa agora é derrotar o bolsonarismo”.

Óbvio, este artigo não é escrito por um extremista do PSTU, é evidente que não estamos às portas da revolução com a nossa grande massa prestes a tomar o palácio de inverno, mas não, reduzir nossa tarefa em 2022 a derrotar o bolsonarismo colocando um nome da direita fisiológica ultraneoliberal é ser cúmplice à destruição do Brasil.

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A tarefa não é simplesmente derrotar Bolsonaro, a tarefa é derrotar tanto Bolsonaro quanto o ultraneoliberalismo, que, inclusive, fecha o apoio de todo o conglomerado que deu o golpe a Bolsonaro, com discordâncias pontuais. Algum incômodo deste campo com as falas nazistas, machistas, misóginas, homofóbicas e racistas dele, mas eles têm acordo 100% com a pauta econômica de destruição nacional.

Qualquer apoio a este campo que apoiou Bolsonaro é cumprir a tarefa da direita de consolidar uma hegemonia “mais limpinha e cheirosa”, que não tenha um discurso nazista, mas que continue o projeto de destruição nacional.

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Obviamente, pontualmente, há que se sentar com este campo e fechar apoios em questões táticas para derrotar o governo em votações, como a esquerda fez no Rio ao eleger Paes no segundo turno contra Crivella. Mas é votar no Paes e no dia seguinte já ser oposição a ele. É não ter simpatia por quem tem lado e não é o nosso.

Parte da esquerda caiu no canto de sereia estilo Goebbels, uma mentira dita mil vezes se torna uma verdade, é quer porque quer falar em “frente ampla” para eleger a direita com apoio do nosso campo, porque não há alternativas.

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O conglomerado de mentiras deste canto de sereia estilo Goebbels:

1. Não há alternativa, ou fazemos uma aliança cedendo à cabeça à “centroesquerda/centrodireita” ou centro ampliado, ou não teremos chance de derrotar Bolsonaro. Esta mentira peca em não ver que este campo está associado como irmão siamês do Bolsonarismo filho do lavajatismo. São duas cabeças de uma hidra de destruição nacional, não dá para matar esta hidra decepando só uma cabeça. Só dá para avançar unificando-se contra estes dois campos.

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2. Não temos como derrotar Bolsonaro sozinhos, ele é favorito para 2022. Esta análise apressada (que alguns já fazem desde primeiro de janeiro de 2019) não leva em consideração o desastre econômico e o fato de que ele é o governante de plantão. O resultado do bolsonarismo em 2020 dá uma dica de que Bolsonaro pode chegar a 2022 como uma espécie de Crivella e a pior opção da direita. Um candidato com piso alto e teto baixo. Inexpugnável no primeiro turno, inelegível no segundo.

3. O PT morreu e precisamos criar uma alternativa imediata a ele. Na verdade, o PT aumentou em termos de número de votos em comparação a 2016 e 2018, certamente terá organicamente 25% dos votos em 2022, o que coloca qualquer candidato no segundo turno. A mídia golpista que pretende eleger uma alternativa de continuidade ao golpe quer tirar o PT da jogada para impor um nome seu que ainda não tem.

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4. O PT é hegemonista e não quer ceder espaço para mais ninguém. Talvez dos mais divertidos argumentos este seja o mais divertido. Vamos fazer uma metáfora futebolística, imagina um time que entra no campeonato para perder? O PT é hegemonista? Óbvio. Todos os partidos o são. Disputam a hegemonia de seu projeto na sociedade.

5. Lula é ultrapassado e devemos renovar esquecendo sua influência, o antipetismo vai nos derrotar. Na verdade, Lula vai garantir de 25% a 40% para ele ou qualquer candidato dele nas próximas eleições. Abrir mão disto e da herança do sucesso dos governos do PT é de uma bizarrice absurda, é embarcar na mentira do golpe. Boulos teve 40%? Os mesmos 40% do Haddad em Sampa, sendo Boulos o mais lulista dos candidatos do PSOL é que seduziu mais a militância eleitoral do PT do que Jilmar Tatto.

Em resumo, a direita tenta emplacar a continuidade do seu projeto de destruição nacional sem Bolsonaro. Para isto é fundamental repetir diuturnamente que o PT, que já está no segundo turno em 2022, sequer deve disputar a eleição. A direita repete com o PT o discurso que tinha contra JK. O PT não deve disputar a eleição. Se disputar não deve ganhar, se ganhar não deve assumir.

Não tenham ilusões, qualquer projeto de recuperação da soberania nacional herdará o ódio que as elites têm ao PT. A tarefa daqui até 2022 é derrotar o bolsonarismo sim, mas é também derrotar o ultraneoliberalismo. Derrotar Bolsonaro e colocar a direita fisiológica no poder é fazer o trabalho sujo para a direita, subindo um nome de direita“politicamente correto” e palatável no poder, sem as sandices e trapalhadas de Bolsonaro.

Longe de um discurso extremista pseudorrevolucionário, nossa aliança e nossa estratégia passam por derrotar tanto o bolsonarismo quanto o neoliberalismo, então nenhuma frente pode ser tão ampla que contemple concessões a este programa de destruição nacional.

Derrotar o campo golpista é impossível sem o protagonismo de Lula e do PT.

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