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Valter Pomar

Historiador e integrante da Direção Nacional do PT

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Sobre a entrevista de Raul Pont ao Sul 21

Não vamos nos iludir: muitos dos que falam em sair do PT, agem motivados pelo mesmo pragmatismo eleitoral que ajudou a levar o PT à crise em que nos metemos

2014.08.22 - Porto Alegre/RS/Brasil - Entrevista exclusiva com o deputado estadual Raul Pont. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21.com.br (Foto: Valter Pomar)
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Acabo de ler a entrevista concedida pelo companheiro Raul Pont ao Sul21.

A entrevista pode ser lida aqui.

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Há alguns trechos da entrevista com os quais estou de acordo.

Mas estou em total desacordo com a opinião de Raul sobre o que fazer, caso o Diretório Nacional aprove realizar o PED antes de realizar o Congresso do Partido.

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Segundo Raul, “se a maioria decidir contra a realização do congresso extraordinário, independentemente da marcação do PED para março ou abril, a ideia do Muda PT é chamar um encontro extraordinário para quem quiser participar”.

De fato, esta proposta de realizar um encontro extraordinário existe desde que acabou o V Encontro do Partido, realizado no primeiro semestre de 2015.

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E, na hipótese do DN aprovar a realização do PED, é correto fazer um encontro extraordinário aberto a todos que desejam mudar o Partido.

Mas não estamos de acordo, de forma alguma, com os objetivos que Raul estabelece para este possível encontro.

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Segundo Raul, o objetivo deste encontro seria “ver se temos força, unidade e coesão suficientes para construir outro partido ou promover uma saída organizada do PT buscando a formação de uma frente com outras forças políticas do campo da esquerda. Esse encontro seria realizado independentemente de a direção do partido legitimar ou não”.

Esta é a opinião de Raul Pont, salvo é claro se Sul21 tiver editado incorretamente sua entrevista.

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Mas esta não é a opinião da tendência petista Articulação de Esquerda.

Tampouco é a opinião do Muda PT, um espaço onde decisões são tomadas por consenso e que nunca aprovou a proposta de um encontro com esta pauta proposta por Raul.

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Caso seja necessário realizar um encontro extraordinário, este deve ter como objetivo debater e aprovar medidas para continuar nossa luta por mudar o PT.

Em hipótese alguma participaremos de qualquer iniciativa que tenha como propósito, para usar as palavras de Raul, “construir outro partido ou promover uma saída organizada do PT”.

Além de discordarmos deste propósito, discordamos também do pretexto apresentado.

Somos a favor de um congresso plenipotenciário. Este congresso deve, inclusive, poder eleger uma nova direção. Mas também pode decidir manter o PED e dar ao PED a tarefa de eleger uma nova direção.

Quem transforma o PED em questão de princípio é uma parte do grupo que hoje controla a direção partidária.

A esquerda do Partido não deve e não pode cometer o mesmo erro, ou seja, converter a eventual continuidade do PED numa espécie de “limite final”.

Tampouco devemos dar, aos que defendem o PED como questão de princípio, o argumento de que do outro lado estão pessoas que desistiram do Partido.

De qualquer ponto de vista, portanto, a posição de Raul é um equívoco.

A sobrevivência do PT está sendo ameaçada por uma combinação entre os exitosos ataques da direita e os erros cometidos pelo Partido ou por setores dele.

Desistir do PT por conta dos erros continuados cometidos por uma parte de sua direção, apenas contribuirá para o êxito da direita.

O PT pode ter sofrido uma grande derrota, pode ter diminuido de tamanho e pode estar correndo risco de vida.

Mas mesmo assim, o PT continua sendo muito maior do que sua direção.

Concordamos com Raul Pont, quando ele afirma que a “campanha organizada pela grande mídia cumpriu seu papel: está destruindo os partidos e a democracia. Nós precisamos ter um partido forte para enfrentar esse processo”.

Também concordamos com Raul quando ele diz que “precisamos recuperar o PT para essa tarefa”.

Mas é impossível concordar com Raul quando ele diz a seguir: “ou construir outra coisa”.

Não é possível concordar, porque não existe como “construir outra coisa” que seja capaz de “enfrentar esse processo” que estamos vivendo.

Basta ver o que aconteceu com os que saíram do PT no último período, inclusive os que saíram apresentando argumentos “de esquerda”.

Aliás, não vamos nos iludir: muitos dos que falam em sair do PT, agem motivados pelo mesmo pragmatismo eleitoral que ajudou a levar o PT à crise em que nos metemos.

A real disjuntiva não é, como diz Raul, mudar o PT ou construir outro Partido.

A real disjuntiva é mudar o PT ou ser destruído pela direita.

Nesta segundo hipótese, caberia a outras gerações, noutro momento histórico e noutra situação, começar de novo.

Não gosto muito deste tipo de frase, mas para deixar claro o que eu penso, diria que a nós cabe lutar para vencer ou “morrer tentando”.

Isto quer dizer que devemos aceitar passivamente qualquer decisão que o Diretório adote?

Não, claro que não.

O que queremos dizer é: há várias outras formas de rebeldia contra uma direção equivocada.

A única que não aceitamos é aquela que ajuda nossos inimigos externos e nossos adversários internos.

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