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Breno Altman

Breno Altman é diretor do site Opera Mundi e da revista Samuel

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Sobre Eduardo Campos

Poderia ter esperado mais um ou dois mandatos presidenciais, jovem que era, e não seria pouca a chance de que viesse a ser o nome da esquerda unida para contendas futuras. Açodado, e pressionado por um partido sem identidade nacional, virou presa da mosca

Poderia ter esperado mais um ou dois mandatos presidenciais, jovem que era, e não seria pouca a chance de que viesse a ser o nome da esquerda unida para contendas futuras. Açodado, e pressionado por um partido sem identidade nacional, virou presa da mosca (Foto: Breno Altman)
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Não tenho dúvidas que, nos últimos tempos, o ex-governador pernambucano, movido pelas ambições eleitorais da velha política, passou a se compor com o campo conservador. Aproximou-se de Aécio Neves e tentava construir uma frente comum para desgastar o PT e o governo Dilma.

A terceira via de Eduardo Campos, a bem da verdade, era tão verdadeira quanto uma nota de três reais. Na prática, sua aliança com Marina representava um segundo projeto dentro do bloco de partidos e classes que sustenta a candidatura do PSDB, alinhavado pelos mesmos interesses do capital rentista. 

Mas havia uma diferença relevante: a trajetória histórica. O líder socialista fora, ao lado de seu avô Miguel Arraes, peça decisiva para a composição do núcleo duro da coalizão que se formara ainda em 1989 e acabaria por levar Lula à Presidência. Seu ninho era o acordo estratégico entre PT, PCdoB e PSB.

Poderia ter esperado mais um ou dois mandatos presidenciais, jovem que era, e não seria pouca a chance de que viesse a ser o nome da esquerda unida para contendas futuras. Açodado, e pressionado por um partido sem identidade nacional, virou presa da mosca azul do antipetismo. 

Não foi apenas sua, no entanto, a responsabilidade pela ruptura do PSB com o partido de Lula e Dilma. A verdade é que o PT optou por renunciar à construção de uma aliança estratégica de esquerda, ao redor da qual se aglutinariam correntes de centro e até de direita, mas subordinadas à hegemonia e ao programa progressistas.

Questões da governabilidade empurraram os petistas para a predominância de uma frente tática, tendo no PMDB seu principal parceiro. Não foram poucas as forças e lideranças tradicionais do campo popular a se afastarem do governo por conta dessa estrutura de alianças. 

Eduardo Campos talvez tivesse, nessa lógica, bons motivos para brigar com o PT, mas o fez pelas piores razões. A falta de organicidade de seu partido, em vários estados mera legenda para grupos conservadores, pavimentou o caminho mais fácil, comum a quase todos que romperam com o projeto petista desde 2003: a zona de conforto dos dissidentes costuma ser alguma trincheira ao lado da direita oligárquica, mesmo quando permanecem em seu próprio quadrado.

Ainda assim, sua morte merece o pranto e o respeito de todos os homens e mulheres de esquerda. Não por seu presente, tão contraditório com seu passado, mas por sua história e a de sua família.

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