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Sobre futebol e política: a alma do brasileiro

O tamanho da derrota e a perplexidade diante do imponderável nos trazem lições que extrapolam o mundo do futebol e penetram profundamente na alma do brasileiro e na identidade nacional

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É sempre bom vencer e vontade não faltou à seleção brasileira. A tão sonhada vitória teria levado ao êxtase nacional, a derrota não pode levar a outro lugar senão à reflexão e ao crescimento. Ensina-nos o evangelho que onde há luto as pessoas o aplicam ao seu coração para se tornarem pessoas melhores.

O tamanho da derrota e a perplexidade diante do imponderável nos trazem lições que extrapolam o mundo do futebol e penetram profundamente na alma do brasileiro e na identidade nacional. A derrota grandiloquente, ainda mais para uma seleção alemã, tem muito a nos ensinar.

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À parte todas as explicações técnico-futebolísticas possíveis, é preciso entender o significado que há no sentimento de "grupo" e numa real "coletividade" que vá além do jargão. Futebol é um esporte que se joga em grupo, e a vitória depende do talento pessoal de cada jogador, mas também, essencialmente, do sinergismo entre eles, que não pode aparecer senão na coletividade. A Alemanha mostrou as duas coisas.

A genialidade do brasileiro, a arte do improviso e a confiança de que Deus é brasileiro são sempre o nosso diferencial e por isso temos logrado êxito em sucessivas campanhas futebolísticas, em detrimento, quase sempre, de uma maior organização, disciplina, planejamento e entrosamento da coletividade.

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Neste fatídico jogo, os alemães mostraram futebol e também arte, além do que, ao que parece, Deus, pelo menos desta vez, estava ao lado deles. Fora quase 100% de aproveitamento. Incrível. Talvez a divindade esteja querendo nos ensinar que o Brasil não pode continuar sendo o país do futuro, e que é chegada a hora de ser o país do presente, aliando às nossas virtudes um maior senso responsabilidade e coletividade.

No futebol como na política sempre estivemos em busca de salvadores da pátria. É incontável o panteão de heróis já construídos como forma de anestesiar a dor e motivar a esperança. Não raro aparecem os caçadores de marajás, presidentes-garis com a vassoura empunhada e outros perfis messiânicos que acabam caindo no gosto popular.

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Em ambos os casos a mídia sensacionalista constrói mitos no varejo, que quando não vingam levam à frustração milhões de brasileiros. Já houve a copa do Pelé, a do Romário e a do Ronaldo, dito "Fenômeno", como também variados "milagres brasileiros" produzidos nos gabinetes e amplificados pelos meios de comunicação de massa como verdade absoluta.

Perder da seleção alemã nos traz um grande aprendizado, porquanto ninguém como eles tiveram que aprender o preço da mitificação e do personalismo durante a segunda guerra mundial. Por isso, hoje, do lado de lá não houve heróis, nem ídolos. Após o jogo a palavra repetidamente utilizada para explicar o êxito alemão fora coletividade. Até o recorde brasileiro batido pelo atacante Klose, segundo ele, parecia não ter muito significado diante da conquista coletiva.

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Em março de 1964, em discurso na Central do Brasil, o então presidente João Goulart montava um esquema tático que propunha justamente um avanço deste sentimento de coletividade no País, mas lamentavelmente a "equipe" ainda não compreendia a força do coletivo e por isso preferiu a mitificação dos homens de farda, pretensos salvadores da nação.

A despeito de toda campanha negativa da grande mídia contra a copa e contra este novo Brasil que se mostra ao mundo, a seleção chegou muito longe, mas poderia chegar muito mais se tivesse compreendido e valorizado a diversidade na coletividade. De igual modo, o povo brasileiro precisa aprender com o passado e mesmo com a copa do mundo, que não pode abdicar de ser protagonista do seu próprio jogo.

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Na política, como na copa, o interesse coletivo deve se sobressair ao individual, as conquistas são de todos, os fracassos também. Sobre isso, tenho dúvida se, como jogador, o Ronaldo fora realmente este fenômeno que se diz; todavia, fora de campo, creio ser ele um emblema deste Brasil que poderia muito mais, mas lamentavelmente tem vergonha de si mesmo e prefere acreditar em salvadores.

A Alemanha até se firmar como nação, diga-se, tardiamente, sofria também do chamado complexo de vira-latas. Para eles, não havia valor naquilo que era produzido internamente, apenas o que vinha de fora tinha importância, especialmente da França. Vencer este complexo de vira-latas foi, sem dúvida, a maior goleada que este país já empreendeu. Neste sentido, quando perguntado qual a maior conquista do seu governo, o ex-presidente Lula prelecionou: provar que um trabalhador pode governar bem este país.

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Findada a copa, passaremos a jogar outro campeonato muito mais importante, do qual depende o futuro dos nossos filhos. Nesta eleição presidencial a grande mídia vai continuar a escalar seus candidatos a heróis e salvadores, resta saber se vamos continuar assistindo ou também vamos entrar em campo para jogar.

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