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Breno Altman

Breno Altman é diretor do site Opera Mundi e da revista Samuel

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Sobre o boicote à posse de Bolsonaro

O jornalista Breno Altman comenta o boicote anunciado por PT, PSOL e PCdoB à cerimônia de posse de Jair Bolsonaro na próxima terça-feira 1º e afirma que o gesto "simboliza que o enfrentamento contra Bolsonaro será implacável, que seu governo é considerado fora dos marcos democráticos e que será incessante o embate contra as reformas e a construção do Estado policial"; para ele, "a ausência na posse separa nitidamente os campos, inicia o longo período de plantio que antecede a colheita, projeta uma nova estratégia para um novo período histórico"

Sobre o boicote à posse de Bolsonaro
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Os parlamentares petistas, sob orientação de sua direção, decidiram não comparecer à posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro. A mesma posição teve o PSOL e, a julgar pelas declarações de sua máxima liderança, Luciana Santos, também o PCdoB.

O cálculo político é simples: demarcar terreno com o governo de extrema-direita, reconhecendo sua vitoria eleitoral sem abdicar da denúncia das fraudes cometidas e de seu caráter antidemocrático, sinalizando para a base social progressista uma estratégia de oposição acirrada e sistêmica.

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Não se trata de ganhar apoios ou simpatias fora do arco das forças progressistas, que representam algo como um terço do país, mas de preparar as tropas desse bloco para o tipo de enfrentamento que se faz necessário com a posse de Bolsonaro.

Natural que sobrevenha um período de relativo isolamento, embora nada comparável com a travessia que o PT teve de cumprir, por exemplo, quando praticamente foi a única corrente progressista a se posicionar contra o colégio eleitoral de 1985 e a Nova República, incluindo o voto contrário ao texto final da Constituição de 1988, a qual subscreveu sob protesto, mas acatando o pacto democrático.

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A condução petista, então, como agora, não tinha os olhos postos em resultados imediatos ou na tática de curto prazo: tratava-se de construir um campo, sob clara hegemonia da classe trabalhadora, para confrontar tanto os herdeiros do regime militar quanto a oposição liberal-burguesa que passava a dirigir o Estado depois da transição conservadora.

O PT comeu, nos primeiro anos, o pão que o diabo amassou, mas foi essa opção classista, já na época rechaçada como "hegemonista", que permitiu chegar com protagonismo nas eleições de 1989, trazendo a esquerda para o primeiro plano do confronto político pela primeira vez desde 1935.

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A situação atual certamente é diferente, mas outra vez mais o PT e a esquerda está sob pressão: ou aceitam se enquadrar em uma lógica de oposição moderada, sob a direção de frações burguesas que incidem sobre o campo progressista, ou serão isolados.

O PT, o PSOL e o PCdoB dão mostras de estarem dispostos a afrontar essa chantagem: boicotar a posse simboliza que o enfrentamento contra Bolsonaro será implacável, que seu governo é considerado fora dos marcos democráticos e que será incessante o embate contra as reformas e a construção do Estado policial.

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Por si só, essa atitude nada altera o cenário político. A ausência na posse, contudo, separa nitidamente os campos, inicia o longo período de plantio que antecede a colheita, projeta uma nova estratégia para um novo período histórico.

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