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Randolfe Rodrigues

Senador pela Rede/AP

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Sobre o impeachment

O PT precisa sofrer na pele, mas de forma democrática, pelas opções erradas e por não enfrentar a corrupção desde o início

Brasília - DF, 05/06/2015. Presidenta Dilma Rousseff durante entrevista à TV France 24. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR. (Foto: Randolfe Rodrigues)
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O movimento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff me traz à mente uma frase de Joaquim Nabuco (1849-1919): “O país tem o direito de saber quais os motivos de uma peripécia política que altera profundamente o mandato conferido”. Ela define bem o atual quadro político.

Chamar o impeachment de golpe é rasgar, de forma hipócrita, páginas da História. 

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Trata-se de instrumento previsto na Constituição. A esquerda já o defendeu. Mas é um recurso que deve seguir sempre a Carta Magna.

Os atuais defensores do impeachment podem ser divididos em dois grupos.

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Um é liderado por Eduardo Cunha, que deveria estar no banco dos réus e não na Presidência da Câmara. Não age movido pela defesa da democracia. Faz achaques e negociatas para preservar a própria podridão. Junto a esse grupo, fazendo vista grossa à corrupção de Cunha, estão os que até hoje não aceitam a derrota nas eleições de 2014.

O outro grupo, com quem pretendo dialogar, abriga os que reconhecem o gigantesco estelionato eleitoral de Dilma. Ela prometeu uma coisa na campanha e, ao assumir o mandato, implantou o programa do adversário derrotado nas urnas. Joga nos ombros dos trabalhadores os sacrifícios da crise econômica, enquanto protege os interesses dos poderosos.

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Esse grupo admite que o governo e sua política que causa desemprego e recessão priorizam o atendimento aos interesses dos bancos e do grande capital, em detrimento das áreas sociais, contrariando os princípios de uma esquerda preocupada com as classes mais pobres.

Diz, com razão, que o PT cometeu crimes imperdoáveis, ao jogar no lixo a ética e a decência. 

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Mesmo que o partido ainda tenha militantes honestos e de valor, é impossível acreditar em dirigentes que fingem manter princípios políticos e ideológicos e, ao mesmo tempo, assaltam os cofres públicos.

Ainda assim, isso não basta para o impeachment. Os valores de segurança e previsibilidade na democracia o desautorizam. As denominadas pedaladas fiscais já foram usadas nos mandatos de Fernando Henrique e Lula e, depois, por Michel Temer em seus períodos de presidente interino. Esse é o golpe: a intenção oblíqua de fazer Temer beneficiário da manobra, entregando-lhe a Presidência.

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Impeachment é algo sério. Precisa ter causas seguras e indesmentíveis.

Por isso, sou contra um impeachment sem razões sólidas, que objetiva o uso arrivista da insatisfação popular para instalar no poder as políticas retrógradas do PMDB.

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Defendo a mobilização do povo para derrotar — nas ruas e no Congresso — as políticas antipopulares de Dilma. 

O PT precisa sofrer na pele, mas de forma democrática, pelas opções erradas que fez e por não enfrentar a corrupção desde o início. 

Deve pagar pela arrogância de supor que sua popularidade era intocável, mesmo diante da sangria que causava aos cofres públicos.

Ouvir o povo: este é o caminho para reconstruir o país. E não o descaminho de um impeachment oportunista.

Na democracia, a nação se reencontra na sabedoria das urnas.

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