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Lúcia Helena Issa

Jornalista, escritora e ativista pela paz. Foi colaboradora da Folha de S.Paulo em Roma. Autora do livro "Quando amanhece na Sicília". Pós- graduada em Linguagem, Simbologia e Semiótica pela Universidade de Roma e embaixadora da Paz por uma organização internacional. Atualmente, vive entre o Rio de Janeiro e o Oriente Médio.

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Sobre o que mais mentiu Jair Bolsonaro?

Uma das primeiras coisas que ficaram claras para mim, morando no Recreio, foi a ligação umbilical existente entre a família Bolsonaro e as milícias do Rio

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Jair Bolsonaro mentiu  assustadoramente. Mentiu sobre algo  banal, mas que pode facilmente incriminá- lo: ao contrário do que afirmou, não existem interfones no condomínio Vivendas da Barra, e os porteiros costumam ligar para os celulares dos moradores ou para os respectivos telefobes fixos. Bolsonaro mentiu sobre o interfone, sobre sua ligação com milicianos e mentiu na década de 2000 dezenas de vezes sobre o que são e como agem as milícias do Rio.

Relato aqui um pouco do que descobri, como jornalista, mãe e mulher, vivendo no Rio há quase 7 anos, no Recreio dos Bandeirantes, bairro onde estão as praias mais bonitas da cidade  e onde vivem, em condomínios como o meu, atores e intelectuais, mas também ex-militares que enriqueceram rapidamente unindo-se aos obscuros líderes da milícia carioca, uma das mais letais e lucrativas do mundo.  

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1) Assim que me mudei para cá, para um bonito condomínio de casas, senti um alívio imenso, como jornalista, mulher e mãe, por descobrir que os assaltos a condomínios ou mesmo nas ruas eram muito raros e que aqui reinava a paz. Poucos meses depois, descobri que o que havia nessa região não era exatamente paz, mas a paz dos cemitérios, ou uma pseudo-paz para nós, que vivemos em verdejantes condomínios, e medo, muito medo, para os pobres meninos, mulheres e crianças que não tiveram as mesmas chances que eu tive, e que vivem em comunidades perto daqui. Um medo cruel, imposto pelas milícias da região, que exercem o pleno domínio do território, que torturam, estupram, matam, impõem o toque de recolher aos mais pobres, obrigam aquelas pessoas a comprarem seus serviços e praticam extorsões contra pequenos comerciantes dessas comunidades.  

2) Umas das primeiras funcionárias que tive aqui em casa, uma senhora de quem eu gostava muito, teve seu filho assassinado por ter denunciado os milicianos que tentaram extorqui-lo quando decidiu abrir uma pequena loja de galões de água mineral. Ela também teve uma das sobrinhas estupradas por um ex-capitão da PM. 

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3) Por ser autora de um livro-reportagem sobre a máfia italiana Cosa Nostra, seus assassinatos, crueldades históricas e extorsões (“Quando amanhece na Sicília…”), eu comecei a  pesquisar, a conversar com moradores de comunidades da região e a constatar as imensas semelhanças entre a Cosa Nostra e as milícias do Rio, inclusive nas extorsões aos mais pobres, nos seus tentáculos e em sua ligação com políticos poderosos.

4) Uma das primeiras coisas que ficaram claras para mim, morando no Recreio, foi a ligação umbilical existente entre a família Bolsonaro e as milícias do Rio. Flávio Bolsonaro chegou a homenagear, quando era um deputado estadual da ALERJ, dois dos principais milicianos da região, ligados aos suspeitos do assassinato de Marielle.  

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5) Em 2011, quando a juíza Patrícia Accioly foi assassinada por milicianos, a família Bolsonaro foi ao Twitter para difamar a juíza, desrespeitando até mesmo a dor dos familiares.

6) Quando a juíza Daniella Barbosa foi agredida por milicianos aqui no Rio, Flávio Bolsonaro foi às redes sociais para, espantosamente, defender os agressores e não a magistrada.  

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7) Bolsonaro também foi o único deputado estadual do Rio a ser contra a entrega da Medalha Tiradentes a Mariellle Franco.  

8) Raul Jungmann sabia da ligação de Bolsonaro com a milícia carioca quando disse que havia políticos poderosos envolvidos com  milicianos pouco antes das eleições de 2018?  

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9) Por que Ronnie Lessa, o vizinho e amigo de Bolsonaro, teria 117 fuzis escondidos na casa de um amigo? Sim, 117 fuzis.  

10) O clã Bolsonaro só começou a tentar esconder sua ligação com os milicianos recentemente. Antes disso, Flávio e Jair defendiam a atuação desses grupos de extermínio, de pessoas que matam, extorquem comerciantes, torturam e estupram meninas das comunidades em que atuam.  

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11) Flávio Bolsonaro já propôs inclusive a legalização desses grupos criminosos que tanto me remetem à máfia Cosa Nostra, sobre a qual escrevi e investiguei nos meus seis anos na Itália.    No início de seu segundo mandato na Assembléia Legislativa do Rio, em 2007, Flávio Bolsonaro votou CONTRA a instalação da CPI das Milícias. E a própria instalação dessa CPI só foi cogitada depois que milicianos torturaram por horas a equipe de jornalistas do jornal O Dia.

12)  Raul Jungmann, o ex-ministro, deve explicações à sociedade brasileira sobre o que já se sabia sobre a ligação entre a família Bolsonaro e os milicianos do Rio de Jabeiro durante a campanha eleitoral de 2018.

13) Uma imensa parcela dos brasileiros hoje clama pela verdade e pede que o MP investigue a ligação de Bolsonaro com milicianos presos pelo assassinato de Marielle Franco.   

14) Bolsonaro mentiu sobre a existência do interfone em seu condomínio, mentiu sobre sua ligação com outros milicianos do Rio de Janeiro, como o Queiroz, e mentiu diversas vezes sobre a história de Marielle Franco. Sobre o que mais mentiu Jair Bolsonaro?

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