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Lula Miranda

Poeta, cronista e economista. Além de colunista do 247, publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média

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Sobre quem 'paga o pato'

Se a CPMF não for aprovada, é você, cidadão brasileiro e consumidor dos serviços prestados pelo Estado (saúde, educação, segurança pública, infraestrutura, lazer etc.), quem irá 'pagar o pato'

Se a CPMF não for aprovada, é você, cidadão brasileiro e consumidor dos serviços prestados pelo Estado (saúde, educação, segurança pública, infraestrutura, lazer etc.), quem irá 'pagar o pato' (Foto: Lula Miranda)
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Leio a notícia de que o estado do Rio de Janeiro pode vir a fechar quatro bibliotecas-parque por falta de recursos, o que causará, fora a imensurável perda do serviço à comunidade, a demissão de cerca de 150 pessoas. Já havia lido, alguns meses atrás, que União, estados e municípios haviam suspendido projetos de criação de novas bibliotecas, bem como suspendido e/ou cancelado alguns programas de aquisição de livros para distribuição aos alunos da rede pública.

Quem vai 'pagar o pato' pelo cancelamento dessas ações ou programas?

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Os empresários em geral, particularmente os da Fiesp, não gostam de pagar impostos. Alguns destes [a minoria, decerto], juntamente com os da FIRJAN e de outras federações e associações de empresários, até sonegam, anualmente, bilhões em impostos. Alguns até, como se sabe, compram julgamentos favoráveis no Carf – julgamentos estes que poderiam lhes ser desfavoráveis e favoráveis ao Estado.

Eu detesto imposto. Não aguento mais pagar tanto imposto. Creio que você também, caro leitor. Afinal, como o próprio nome diz, não é algo que a gente escolhe pagar por livre iniciativa: trata-se de algo imposto.

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Porém, assim como você, em contrapartida, e paradoxalmente, gostaria de ter um serviço público de qualidade.

E, também, tal qual todo mundo, não aguento mais o serviço precário prestado pelas três esferas do Estado brasileiro: União, estados e municípios.

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E o serviço é precário, vale observar, em parte pela incompetência de alguns governantes, decerto, mas, em grande medida, pela falta de recursos.

Pois, parece-me fácil entender: falta de recursos resulta, em última instância, em falta de serviços e equipamentos públicos de qualidade para a população. Esta é, portanto, uma equação de fácil compreensão e assimilação.

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E, vale salientar ainda, essa "última instância" aí da equação, os chamados "clientes" desses serviços que deixam de ser prestados, somos nós mesmos: eu, você e a maior parte do povo brasileiro. Exatamente como no caso citado dos livros e das bibliotecas. Mas poderia falar também na falta de creches nos municípios brasileiros ou no péssimo atendimento nos hospitais públicos.

Vale observar, porém, que os empresários não sentem tanto a falta desses serviços porque estes podem pagar pelos serviços prestados pelo Estado.

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Isso nos leva então a uma forçosa reflexão.

Afinal, a quem interessa um Estado sem recursos, fraco, incompetente e inoperante?

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A quem interessa o chamado "Estado mínimo"?

A quem interessa um Estado que seja um mau prestador de serviços à população?

Simples: àqueles que anseiam pela privatização dos serviços prestados "gratuitamente" por este mesmo Estado. Note-se que o termo gratuitamente aí está entre aspas, pois esses serviços são pagos pelos nossos impostos. De "gratuito", portanto, não tem nada.

Entendeu onde devemos/podemos chegar? Percebeu que o discurso do empresariado não nos serve; serve apenas aos interesses destes próprios empresários?

Ora, por que a Fiesp diz, falseando a verdade, que, com a implantação da CPMF , é você quem vai "pagar o pato"?! Afinal, quem é o pato nessa lagoa?!

Sim, não resta a menor dúvida, se houvesse menos desperdício de recursos públicos e se ao menos a corrupção fosse menor, sobraria mais recursos. Sem dúvida. Há que se concordar com essa linha de raciocínio. Mas essas [a eficácia no gasto e o combate à corrupção] são metas a serem perseguidas (e alcançadas) no médio e longo prazo. Ao passo que necessitamos de mais recursos para hoje. Imediatamente. Pois passamos por um momento de crise.

Parece evidente que, com a crise econômica que abala o mundo e afeta também o Brasil, além de outros países, bem como os estados e municípios, todos os Estados sofrem com a falta de recursos para custear os seus gastos e manter funcionando a máquina a pleno vapor.

Uma senhora, bastante distinta, confidenciou-me, recentemente, sua história de vida, que é comum a de muitas mulheres brasileiras. Contou-me que, quando se separou do marido, chamou os filhos para uma conversa franca e lhes disse que, daquele dia em diante, todos teriam que trabalhar pra ajudar na manutenção da casa, porque ela não conseguiria só com o seu salário.

Assim é o Estado brasileiro. Sem mais recursos, num momento de crise, não consegue dar conta de prover o sustento de todos os seus filhos - notadamente dos mais carentes, por suposto.

Portanto, advirto-lhes uma vez mais, tento lhes fazer ver que, no final das contas, é exatamente o contrário do que diz a "desinteressada" Fiesp.

Se a CPMF não for aprovada, é você, cidadão brasileiro e consumidor dos serviços prestados pelo Estado (saúde, educação, segurança pública, infraestrutura, lazer etc.), quem irá 'pagar o pato'.

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