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Fernando Horta

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Solo le pido a Dios

"A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva pode coroar este processo com uma retomada vigorosa da ideia de América Latina emancipada", escreve Fernando Horta

Ex-presidente Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
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Por Fernando Horta

A América Latina foi sempre um continente colonizado. A afirmação tem um sentido distante da obviedade. Se é verdade que entre os séculos XV e XX várias formas de colonialismo existiram no continente, também é verdade que se as elites não fossem cultural e politicamente colonizadas dificilmente as metrópoles do norte teriam conseguido submeter tanta gente aqui ao seu jugo.

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A fórmula usada é conhecida. Baixo investimento em educação com uma industrialização incompleta e fragmentada geograficamente, tornando os proletários uma espécie de “enclave” capitalista em um entorno miserável. Este sentimento de diferenciação social foi sempre cultivado para gerar medo dos mais pobres. Além disso, as elites sempre controlaram com mão de ferro as instituições que detém o monopólio legítimo da força e contaram com a ajuda de instituições desmobilizadoras como a Igreja e a Mídia.

No século XX, Fidel Castro, Hugo Chavez, Evo Morales e Lula conseguiram atacar o colonialismo e tornar seus países menos submissos. As estratégias foram, porém, diferentes. Enquanto Lula e Evo investiram na tentativa de completar o desenvolvimento e diminuir a igualdade, Chavez e Fidel controlaram fortemente as instituições da violência (exército, polícia e judiciário). Os investimentos maciços em educação foram a constante desse grupo.

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O resultado foi uma postura emancipada da América Latina que se consolidou com a negação da ALCA e as consequentes iniciativas de aproximação entre os países (a ALBA, UNASUL, o fortalecimento do Mercosul e etc.). Até 2013, os EUA viam o continente caminhar sozinho, e precisavam se contentar em manter (a peso de ouro) um aliado problemático – Colômbia – como base de ação na região. A morte de Hugo Chavez foi o estopim para uma série de mal explicados eventos que foram, um a um, retirando do poder líderes de esquerda que tinham enorme apoio nas massas e que tinham sido responsáveis por transformações efetivas de seus países.

Entre a morte de Chavez e a prisão de Lula, o continente sofreu com golpes, violência institucional e todo tipo de estratégia coordenando forças nacionais e interesses internacionais para afastar o resultado da democracia. Entre 2013 e 2018 só restava a Venezuela, fustigada dia e noite, como governo de esquerda. As traições de Michel Temer e Lênin Moreno e as instituições (judiciário) deram uma cara de “legitimidade” ao plano para “endireitar” a América Latina. O beneplácito da OEA para o golpe contra Evo Morales foi a cereja do bolo. O resultado foi um continente empobrecido, uma quantidade enorme de mortos, fome, violência política e os interesses dos EUA sendo atendidos por todos os cantos. No Brasil o fim do marco exploratório do pré-sal e a entrega da base de Alcântara simbolizam isso.

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Dez anos depois, a América Latina parece ter conseguido se libertar e dizer um sonoro “não” às elites e aos interesses norte-americanos. Maduro se mantém no poder e a Guerra na Ucrânia força os EUA a negociarem com o país produtor de petróleo. Evo Morales se recuperou do golpe e seu partido retoma o poder na Bolívia. No Chile Gabriel Boric vence eleição com a promessa de uma nova Constituição. Na Argentina, Cristina Kirchner é fiadora de uma reconstrução depois do fiasco neoliberal (de novo). O aprofundamento da pobreza e da desigualdade acabou trazendo ainda a Colômbia, onde Gustavo Petro vence e pela primeira vez o aliado de todas as horas dos EUA tem um governo progressista de esquerda.

A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva pode coroar este processo com uma retomada vigorosa da ideia de América Latina emancipada. Talvez tenha demorado, mas que os povos do continente não se esqueçam do sofrimento e da violência que passaram entre 2013 e 2023.

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“Solo le pido a Dios

Que el engaño no me sea indiferente

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Si um traidor puede más que unos cuantos

Que esos cuantos no lo olviden facilmente”

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Mercedes Sosa

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