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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Subserviência leva Pazuello a esconder números

Denise Assis dirige-se ao general Eduardo Pazuello: "O senhor pode seguir a sua política genocida, mas não escapará de um julgamento severo da história desse momento. Esconda números e o que aparecerá será a sua culpa pelas mortes ocorridas."

General Pazuello (Foto: Reprodução)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Sr. Ministro Eduardo Pazuello,

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Devo dizer que tenho acompanhado os trabalhos do ministério da Saúde, que tem o senhor como “interino titular”, o que quer que isto signifique. Desde a sua entrada, porém, o que percebo é que as entrevistas encolheram, suas aparições públicas (em português ou em inglês) nos envergonham e desinformam.

Não creio que ajude muito a sua assinatura a favor da “superprodução” e distribuição de cloroquina, num “protocolo” que, me parece, não tem validade, pois o senhor não é do ramo. Tampouco o seu sub. No máximo ele poderá auxiliar o seu desempenho em suas falas em compromissos externos. Aí, sim, ele estará muito à vontade, como ex-dono de uma cadeia de cursinhos de inglês.

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Sua atitude de subserviência militar, de comandado para comandante, já se fez notar no primeiro momento, mas daí a topar escamotear números, subverter contagens para diminuir um vexame internacional já apontado até pelo Donald Trump, é constrangedor e criminoso.

Sabemos que morre no país, desde o início desta semana, um brasileiro por minuto. Esconder este dado inconteste não vai impedir que este vírus gorduroso, pegajoso – que nem a atitude dos subservientes – se infiltre nas células dos milhões de brasileiros que ainda estão na sua mira. O que nos salvaria, de verdade, seria uma política consistente, responsável, de caráter nacional, que orientasse de governadores ao mais humilde cidadão em situação de rua, sobre os cuidados e a importância do isolamento social. Que organizasse a fila única de hospitais públicos e privados. Mas, para agradar o seu chefe, o senhor faz tudo que o mestre mandar. E isto inclui censurar números.

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Sua atitude não minimiza a dor dos que veem sair de casa um ente querido com os sintomas da doença, e saber da sua “partida” por um telefonema do hospital. Nenhum adeus, nenhum abraço de amigos, nenhuma flor.  Nenhuma lágrima sobre a sua sepultura. Apenas o sumiço para sempre. Sem direito ao luto tão necessário neste processo.

São apregoados os seus dotes para “gestor”. Não estamos, neste momento, precisando de um gestor. O que necessitamos é de opinião abalizada sobre a doença, estratégias consequentes e números confiáveis, que nos guiem para atitudes sensatas e criteriosas. Proteção, acolhimento, são palavras que não constam do manual de um gestor.

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Subserviência em excesso leva ao desrespeito. É este o meu sentimento agora, neste momento, depois de saber de mais um “ataque de pelanca” de Bolsonaro a respeito da divulgação dos números de vítimas do coronavírus no Brasil. Ele não quer que o total informado – que só faz crescer – coincida com o horário dos jornais da TV.

E se ele está preocupado com a “imagem”, que cuide para que os números diminuam, com uma política de fato voltada para a pandemia. Reduzir o repasse da informação não vai anular o fracasso dele no combate ao contágio, na condução do país em momento de crise, e em seus cálculos por votos e não por vidas.

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O senhor pode seguir a sua política genocida, mas não escapará de um julgamento severo da história desse momento. Esconda números e o que aparecerá será a sua culpa pelas mortes ocorridas. Tente deter as notícias e o que vai virar manchete será a sua incompetência. Reconte e tente diminuir perdas e o que será somado ao seu currículo será o título de: censor.

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