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Jose Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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Superficialidade e ignorância nas análises sobre Trump

Trump não é um acidente, mas um fenômeno necessário da trajetória política americana e mundial. É irrelevante que Trump tenha rejeitado um tratado que nunca existiu e que nunca provavelmente existiria na prática

Donald Trump (Foto: Jose Carlos de Assis)
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Lendo o artigo de ontem de Marcelo Zero na internet, fico imaginando como mesmo pessoas inteligentes e razoavelmente informadas não conseguem entender o que Donald Trump representa para os Estados Unidos e para o mundo em termos de mudança de paradigmas. São os velhos parâmetros que continuam no controle mental de muitos dos comentaristas sobre o assunto. Não conseguem ver que Trump não é um acidente, mas um fenômeno necessário da trajetória política americana e mundial.

É irrelevante que Trump tenha rejeitado um tratado que nunca existiu e que nunca provavelmente existiria na prática. Sua rejeição está no campo estritamente simbólico, que vale para dentro e, contraditoriamente, também para fora. O que se coloca em questão não é o tratado em si mas a simbologia que representa para o resto do mundo, em particular para os países em desenvolvimento e os emergentes. Nas mãos dos neoliberais democratas, mesmo não ratificado, serviria de pressão permanente para a abertura comercial destes últimos.

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Para nós, brasileiros, a rejeição é extremamente significativa. Muitos se esquecem de que é um diplomata brasileiro que está à frente da Organização Mundial do Comércio. Sua tarefa, contra os interesses reais do Brasil, é promover o livre comércio no mundo, a começar do nosso. Quanto foi indicado para a OMC, escrevi um artigo inflamado perguntando que diabos um brasileiro iria fazer nesse posto na medida em que os interesses nacionais do país colidem com as prédicas ideológicas do livre comércio.

Agora, acredito eu, com base apenas na retórica de Trump – independentemente do que vier a fazer na prática, diga-se de passagem – países como o Brasil poderão criar coragem e defender seus próprios interesses e não os interesses de Washington na questão do comércio. É claro que gente como José Serra e Michel Temer devem estar tontos com a situação pois seria para eles mais confortável defender os interesses dos Estados Unidos na condição de cabeça de império do que como uma nação voltada para seus próprios interesses.

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A tentativa de minimização do gesto de Trump ignora a natureza das leis dialéticas pelas quais situações extremas geram contraditoriamente o seu oposto para criar uma nova síntese. Os Estados Unidos estão super-estendidos no mundo. São mais de 700 bases militares, são sete guerras em andamento em que estão envolvidos, são agentes globais do intervencionismo militar e político. Seu povo parece cansado disso. Trump ganhou porque soube interpretá-lo. É o oposto disso. Uma figura contraditória, capaz de gerar uma síntese.

O Papa Francisco fez uma importante advertência a respeito dele. Vamos esperar para ver o que vai fazer, recomendou. Nada de julgamentos precipitados. Ao contrário do que pensam, seu nacionalismo vai muito além da retórica. Ele não quer se meter nos problemas do mundo em todo o planeta. Num dos temas mais sensíveis, Israel, ele fez um comentário absolutamente pertinente. Só Israel e os palestinos poderão resolver os seus problemas, disse ele. A pretensão de que tudo se resolve em Washington mais do que fracassou.

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