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Sérgio Fontenele

Sérgio Fontenele é jornalista e comentarista político

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Talvez um cabo e um soldado, para resolver o "problema"

Tratava-se de uma reunião ministerial, portanto, do interesse público, que exige a total transparência dos atos dos governantes. Mais uma bravata – é provável, com o intuito de parecer “esperto” – de Bolsonaro, cujos ataques e de sua corte são inócuos a Celso de Mello e ao STF

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O que ele entende como contraofensiva ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, decano da Suprema Corte, não passa de um factoide, uma questão facilmente resolvida por um estudante mediano de direito, fazendo prova regular. O noticiário agora informa sobre os ataques que o presidente Jair Bolsonaro pretende desferir contra o ministro, acusando-o de abuso de autoridade por ter autorizado a divulgação do vídeo da repugnante reunião ministerial do dia 22 de abril deste ano, no Palácio do Planalto.

Para bolsonaristas, profanadores da bandeira nacional, das cores do Brasil e de símbolos patrióticos, o presidente exibiu reprodução do artigo 28, da Lei 13.869, a lei do abuso de autoridade, para acusar Celso de Mello, ao ter autorizado a revelação daquele escabroso encontro. O conteúdo por si levaria à abertura urgente de um processo de impeachment no Congresso Nacional, considerando que há uma série interminável de antecedentes – praticamente um novo, a cada semana – em termos de supostos crimes de responsabilidade.

Nada mais falacioso, portanto, atribuir ao decano do STF o cometimento de abuso de autoridade, ao exibir o vídeo histórico, que expõe, finalmente, aquilo que já sabia, a face tosca, vulgar, despreparada, incompetente, de extrema-direita e, entre outro tantos aspectos, voltada à destruição do Brasil como nação. Basta ver a participação do ministro do Meio Ambiente – se é que se pode ser algum dia chamado de ministro –, Ricardo Salles, “passando a boiada” pra “dar de baciada” no sentido de mudar regras e normas ambientais.

Boiada e baciada

Ou seja, “boiada” e “baciada” às quais Salles se referia, como é do amplo conhecimento, significam desmontar os regramentos do meio ambiente, destruir regulações ambientais, “tramando dolosamente contra a própria pasta”, comprovando agir com desvio de finalidade, segundo o Observatório do Clima. O que ele disse flagrou suas intenções de destruição do meio ambiente, em especial da Amazônia, através, não só de mudanças no regramento, mas desmontando órgãos como o Ibama, IPHAN, ICMBio, etc.

Mas a reação de Bolsonaro, no caso, tenta se respaldar no artigo que prevê pena de reclusão, de um a quatro anos, a quem “divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado”. Perdeu, Palácio do Planalto! A gravação, evidentemente, tem “a prova que se pretenda produzir” e não expõe nem a intimidade muito menos a vida privada de ninguém.

Tratava-se de uma reunião ministerial, portanto, do interesse público, que exige a total transparência dos atos dos governantes. Mais uma bravata – é provável, com o intuito de parecer “esperto” – de Bolsonaro, cujos ataques e de sua corte são inócuos a Celso de Mello e ao STF. Quem sabe, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o 03, aquele obscuro personagem da Câmara, envie um soldado e um cabo, num jeep, para fechar o Supremo e prender todos os ministros. Do contrário, o clã terá contas a prestar, mais ou menos dia.

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