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Alex Saratt

Alex Saratt, professor de História nas redes públicas municipal e estadual em Taquara/RS e dirigente sindical do Cpers/Sindicato.

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Tanatologia política brasileira

A situação que experimentamos, fruto do aventureirismo irresponsável e mesquinho de uma classe dominante sectária e gananciosa, nos trouxe até um ponto de grave crise. Desalojar o atual presidente de seu bunker institucional, político, ideológico e organizativo, requer união, amplitude, acordos, coragem, senso histórico e compromisso com a Democracia

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A superfície dos acontecimentos costuma impedir a visão mais profunda. Desde algum tempo se fala em "necropolítica", termo inegavelmente adequado para designar caracteres do discurso e prática da falange política que tomou o comando da Nação após a vitória do candidato Jair Bolsonaro.

Proponho especular sobre essa tanatologia política recorrendo a um elemento da subjetividade, mesmo porque naquilo que é objetivo já houveram suficientes análises e discussões quanto ao teor neoliberal radical do programa governamental em curso.

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A mim parece que um dado se destaca: a "pulsão de morte", ou seja, a inclinação pela destruição, quase niilista (porém não), da ação consciente dos dirigentes de um processo que postula e realiza sua política a partir da celebração, exaltação, tributo do morticínio como um recurso "pedagógico".

Explico: a intencional e coordenada negligência, omissão e negação da pandemia não levou à marca dos mais de duzentos mil mortos à toa. Foi uma operação com propósitos concretos: naturalizar e banalizar a morte, dor e sofrimento de maneira a tornar os sujeitos - individuais e coletivos - simplesmente incólumes a mesma.

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Acostumados à mortandade brutal, tornaram-se insensíveis e preparados para outras situações onde a violência lhes soe como "o novo normal". O negacionismo mau caráter cumpre função especial: primeiro, nega-se a tragédia friamente calculada; depois, basta negar o que se negou. Observação: a utilidade das fake news se mostra estratégica para o aceite geral da população. O que se disse ou se fez antes é solenemente ignorado, negado ou reinterpretado.

Voltemos à tanatologia política e à pulsão de morte. O que se percebe é tanto o desprezo pela vida, afinal "todo mundo vai morrer um dia", quanto o desejo pela eliminação do Outro, agora não mais aleatória, mas como sinônimo de "limpeza social" em relação aos "indesejáveis", aqui entendidos como opositores, ou pior, inimigos.

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Em resumo: se patrocinou e promoveu a morte para fazer do descaso perante a Vida um método de educação política de massas que extravasasse o ódio e a violência (não contra o sistema, contras as pessoas e suas vivências e ideias). Hordas de fanáticos e extremistas se armam de discursos e arsenais para valer suas verdades.

A situação que experimentamos, fruto do aventureirismo irresponsável e mesquinho de uma classe dominante sectária e gananciosa, nos trouxe até um ponto de grave crise. Desalojar o atual presidente de seu bunker institucional, político, ideológico e organizativo, requer união, amplitude, acordos, coragem, senso histórico e compromisso com a Democracia.

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O fato de que hoje a iniciativa exija uma aliança com os segmentos neoliberais e não assegure um programa mínimo de ruptura com as concepções que advogam a redução do Estado não só na Economia, mas na própria regulação social e no conjunto de Direitos, não é de menor monta. Porém, 1. não há de se titubear contra um fascismo que só se enraíza a cada dia que passa; 2. não se pode subestimar a reação virulenta do inimigo acuado; 3. não é conveniente esquecer o fracasso relativo do diálogo e composição da jornada de 2020; 4. não se tem o desfecho dado, pois nada impede uma viragem progressista resultante da ação das forças populares.

A decisividade e convicção de que é preciso unir amplas, variadas e contraditórias correntes contra o destructo da Nação urge, está na pauta do dia. Ou a "pulsão de morte" avançará como um movimento definitivo de sepultamento das duras conquistas democráticas do qual nos sacrificamos por décadas. Frente Ampla! Fora Bolsonaro! Impeachment Já!

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