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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Temer e Aécio estão colhendo o que semearam

Com sua conhecida verborragia, o candidato derrotado nas eleições de 2014 deflagrou o processo do golpe, que foi articulado por Temer e executado por Eduardo Cunha, este acusado agora de ter comprado deputados para eleger-se presidente da Câmara e garantir a aprovação do impeachment

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Há tempos que o Jornal Nacional, da Globo, não se pautava pelo jornalismo profissional, como na edição de quinta-feira, quando noticiou, sem malabarismos tendenciosos, as denúncias do dono da JBS contra Michel Temer, o que deixa claro que os Marinho abandonaram mesmo o sujeito que ajudaram a colocar no Palácio do Planalto. Em compensação, as demais emissoras de televisão defenderam ardorosamente o presidente do golpe, ao mesmo tempo em que investiram furiosamente contra Joesley Batista. O conhecido apresentador Datena, da Band, por exemplo, que recentemente fez uma entrevista com Temer, mostrou-se indignado com a gravação feita pelo dono da JBS, a quem classificou de "mafioso". Na Rede TV os apresentadores Boris Casoy e Amanda minimizaram as gravações, também condenando o empresário por ter "induzido" Temer a falar, enquanto o comentarista político da emissora, Reinaldo Azevedo, atribuía as denúncias a uma conspiração contra o presidente ilegítimo. A verdadeira conspiração, que resultou na derrubada de Dilma, eles nunca trataram como tal.

A diferença de tratamento, quando as notícias envolvem Lula e Dilma, é gritante. Boris Casoy chega a babar de ódio, um ódio absurdo e inexplicável contra um homem que tirou 40 milhões de brasileiros da linha de pobreza, retirou o Brasil do mapa da fome, conforme reconhecido pela própria ONU, e colocou o nosso país numa posição de destaque e respeito entre as grandes potencias mundiais. Em contrapartida o mesmo Casoy exalta o governo Temer, que se empenhou em destruir as conquistas sociais, também em retirar o direito dos trabalhadores, acelerou o processo de entrega de nossas riquezas naturais para o capital estrangeiro, aprofundou a recessão, ampliou o desemprego e tornou o país motivo de galhofa no resto do mundo. Felizmente, porém, acabou. Apesar do seu apego ao poder, que conspirou para conquistar, Michel Temer terá que deixá-lo, por iniciativa própria ou não, porque ele não tem mais como se sustentar no Palácio do Planalto, mesmo tentando minimizar a gravidade das denúncias.

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Segundo a Globo, em reunião na noite de quinta-feira com seus ministros e assessores para avaliar o tamanho dos estragos, Temer concluiu que "a montanha pariu um rato". Será que ele estava se referindo ao desembarque de Roberto Freire do Ministério da Cultura? Porque, até onde se sabe, a montanha está prenhe de ratos, que certamente serão "paridos" mediante uma cesariana, já que a queda de Temer, de um jeito ou de outro, é só uma questão de tempo. Os partidos aliados já estão desembarcando e as reformas destruidoras deverão morrer no nascedouro. Pelo andar da carruagem ele deverá ficar rodeado apenas dos ministros que não querem largar o poder e temem perder o foro privilegiado. O osso, pelo qual traíram a confiança de Dilma Roussef, é muito bom para deixarem assim em tão pouco tempo. Até porque depois que o governo cair, o que não deve demorar, todos estarão mais vulneráveis às ações da Lava-Jato, cuja força-tarefa deve estar ansiosa para por as mãos neles.

A situação de Temer, apesar da sua insistência em permanecer no cargo, se agrava a toda hora com a divulgação dos vídeos da delação dos empresários da JBS. Ele terá o final de semana para ouvir amigos e auxiliares mais próximos e refletir sobre a gravidade da situação, mas dificilmente conseguirá conciliar o sono, pois o seu destino já está traçado, não importa o que faça. O mesmo acontece com o senador afastado Aécio Neves que, além de estar também com a espada de Dâmocles no pescoço, deve estar angustiado por conta da prisão da irmã. Temer e Aécio, na verdade, estão simplesmente colhendo os espinhos que semearam, indiferentes aos males causados a tanta gente, a começar por Dilma. Com sua conhecida verborragia, o candidato derrotado nas eleições de 2014 deflagrou o processo do golpe, que foi articulado por Temer e executado por Eduardo Cunha, este acusado agora de ter comprado deputados para eleger-se presidente da Câmara e garantir a aprovação do impeachment.

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O final de semana, portanto, que permitirá uma esfriada no clima de ebulição sobretudo em Brasilia, dará a Temer tempo para uma ligeira respirada, pois enquanto ele não renunciar ou for defenestrado do Planalto não terá trégua, diante da divulgação em conta-gotas da delação de Joesley Batista, que a cada momento complica mais a sua vida. O fato é que não existe outra saída para a grave crise que o país atravessa, a não ser a saída de Temer e a eleição de novo presidente da República, direta ou indiretamente. O Brasil não pode ficar paralisado à espera de que alguém faça alguma coisa, pois as soluções já foram lançadas: renúncia, impeachment ou cassação rápida pelo Tribunal Superior Eleitoral. A tentativa de adiar o desfecho, como Temer pretende, só servirá para agravar a sua própria situação e, também, a do país. A esta altura dos acontecimentos vale notar o silencio ensurdecedor dos parlamentares que aprovaram o impeachment de Dilma e entronizaram Temer. O povo está de olho neles.

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