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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Temer entregou o Rio aos generais

"Temer chamou os generais apenas para afastar o 'perigo do crime organizado'. Não se sabe ainda – é muito cedo para saber – se entregar o Rio foi uma moeda de troca com a qual Temer salvou o seu próprio mandato, pressionado pelos chefes militares. Entregou um anel para não entregar os dedos", diz o colunista do 247 Alex Solnik; "Imaginar que o interventor, general Braga, vai restringir suas ações com o intuito de acabar com o crime organizado é conversa para boi dormir. Esse é o começo. Mais adiante, se perceber que precisa de mais poder para ser bem-sucedido em sua missão, ele poderá exigir mais poder, o que não será difícil conseguir num estado em que o governo estadual está completamente desmoralizado", diz ele

17/02/2018 Reunião de trabalho sobre segurança (Rio de Janeiro - RJ, 17/02/20) Palavras do Presidente da República, Michel Temer (Foto: Alex Solnik)
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Ao decretar a intervenção federal na segunda maior cidade do país, Temer admitiu a falência da sociedade civil em resolver seus problemas.

Pedir socorro ao Exército sempre foi, ao longo da nossa história, a tradicional atitude de autoridades civis que precederam golpes de estado.

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Getúlio convidou os chefes das forças armadas para compartilharem com ele a fundação do Estado Novo, em 1937, que foi o pontapé inicial da ditadura prorrogada até 1946, quando esses mesmos generais derrubaram Getúlio.

A história se repetiu em 1964. O presidente do Senado Auro de Moura Andrade declarou vaga a cadeira do presidente da República e, em vez de confirmar a nomeação do vice em seu lugar, como mandava a constituição, ofereceu a vaga ao marechal Castello Branco, com a anuência (e os votos) do Congresso Nacional.

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Os chefes militares foram chamados apenas para afastar o "perigo da ditadura comunista", encarnado, segundo os golpistas, pelo presidente João Goulart, ficariam apenas um ano para pôr ordem na casa, mas como a tarefa era árdua, impuseram por 20 anos sua própria ditadura.

Agora, Temer chamou os generais apenas para afastar o "perigo do crime organizado". Não se sabe ainda – é muito cedo para saber – se entregar o Rio foi uma moeda de troca com a qual Temer salvou o seu próprio mandato, pressionado pelos chefes militares. Entregou um anel para não entregar os dedos.

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O certo é que o foco não será apenas o combate às drogas, tanto é que ontem mesmo a censura, instrumento fundamental de qualquer ditadura se fez sentir no desfile das escolas campeãs, quando o principal destaque da Tuiuti, o Vampirão, foi obrigado, pela Liga das Escolas, a desfilar sem a faixa presidencial.

Imaginar que o interventor, general Braga, vai restringir suas ações com o intuito de acabar com o crime organizado é conversa para boi dormir. Esse é o começo. Mais adiante, se perceber que precisa de mais poder para ser bem-sucedido em sua missão, ele poderá exigir mais poder, o que não será difícil conseguir num estado em que o governo estadual está completamente desmoralizado.

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Temer coloca os militares de novo como protagonistas da nossa história. É evidente que os quartéis devem estar excitados com a possibilidade de voltarem à ribalta depois de 33 anos de ostracismo.

O interventor trará consigo, além de tropas, outros militares de alta patente. O Rio vai se transformar num grande Quartel-General – e poderá irradiar sua influência a todo o país. Afinal, o crime organizado não inferniza apenas o Rio, é um problema nacional. Portanto...

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Cabe ao Congresso Nacional e ao STF fecharem essa porta aberta para a volta da ditadura.

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