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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Temer está com os dias contados na Presidência

Ninguém tem dúvidas de que na hora em que Temer cair a sua base aliada se transferirá, de mala e cuia, para o nome que surgir, com o apoio declarado da midia, para ocupar a Presidência até as eleições de 2018

Brasília - O presidente Michel Temer participa da apresentação do novo cartão Construcard, no Palácio do Planalto.(José Cruz/Agência Brasil) (Foto: Ribamar Fonseca)
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Os semelhantes se atraem, segundo a Física. Isso explica a solidariedade dos presidentes da Câmara e do Senado e dos líderes dos partidos da base aliada ao ministro Gedel Lima, acusado de fazer tráfico de influência para a construção de um edificio em Salvador, onde comprou um apartamento de cerca de R$ 3 milhões. Apesar da gravidade e da repercussão negativa do fato, denunciado pelo ex-ministro Marcelo Calero, da Cultura, o eterno presidente interino Michel Temer oficialmente dele não tomou conhecimento, por considera-lo uma bobagem sem maiores consequências. E ignorando todas as manifestações, inclusive da mídia, contra Gedel, decidiu mantê-lo no ministério. Não conseguiu, porém, segurá-lo por muito tempo e o gordinho, depois de protagonizar uma das crises mais graves do atual governo, não teve outra alternativa: demitiu-se. Mas deixou Temer fragilizado, com um pé fora do Planalto, por ter sido compreensivo com o seu tráfico de influência.

Enquanto o apartamento de Gedel foi minimizado pelos deputados, pelo próprio Temer, por Aécio Neves e pelo ministro Gilmar Mendes, os operadores da Lava-Jato continuam insistindo em condenar Lula pelo apartamento do Guarujá, que não é dele; pelo sitio de Atibaia, que também não é dele; e pelos reparos na piscina do Palácio da Alvorada, que igualmente não é dele. Nenhum documento legal é capaz de convencer os procuradores e o juiz da Lava-Jato, pois eles já consolidaram a convicção de que os imóveis são do ex-presidente operário. E apesar dos novos depoimentos de oito testemunhas inocentando Lula, eles continuam buscando, desesperadamente, alguma coisa que possa justificar a sua prisão. Como o ministro Gilmar Mendes já disse que não adianta apelar ao Papa, a Deus ou ao diabo, os advogados do líder petista decidiram então recorrer à ONU.

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Gilmar, aliás, deveria se declarar suspeito para julgar a ação movida pelos tucanos, no TSE, que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. Para alguém que disse ter ficado feliz com a o impeachment da presidenta Dilma Roussef, o ministro obviamente não tem isenção para o julgamento daquela ação. Ele parece estar inclinado, no entanto, a preservar Temer, porque esposou a tese da separação da chapa, a não ser que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso confirme a sua disposição de concorrer às eleições indiretas para Presidente no caso de eventual cassação de Michel no inicio do próximo ano. Afinal, entre Temer e FHC é claro que ele optará pelo ex-presidente tucano, que o nomeou para o Supremo Tribunal Federal. Por isso, apesar da pressão para que Temer renuncie ou seja "impíchado", dificilmente ele deixará o Planalto antes do fim deste ano, pois isso implicaria numa eleição direta, o que não atende aos interesses tucanos.

Já pressentindo a rasteira que os tucanos lhe preparam, Temer promoveu um almoço com os emplumados FHC, Alkmin, Serra e Aécio, certamente buscando compromissá-los com a sua permanência na Presidência até 2018. Ele sabe, no entanto, até porque traiu a presidenta Dilma Roussef, que a promessa dos tucanos não demorará mais do que o tempo da digestão. E será fatalmente jantado por eles, como disse um colunista. Na verdade, a permanência dele no Planalto está insustentável, não exatamente pelo episódio de Gedel – o sexto ministro do seu governo que deixa o cargo – mas pelo fracasso da sua politica econômica, que mergulhou o país na maior recessão da sua história. O seu desgaste é tamanho que ele está perdendo o apoio da mídia que ajudou a colocá-lo no poder e que tem um carinho especial por FHC. A possibilidade do tucano-mor voltar à Presidência, mediante eleição indireta, parece que começa a entusiasmar a mídia golpista, que viveu no seu governo o período mais farto de verbas da sua história.

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Embora essa perspectiva seja sombria para o país, que viu seu patrimônio dilapidado no governo FHC – se ele voltar a Petrobrás acaba de vez – essa possibilidade existe, considerando-se o nível e o caráter do Congresso que aí está, para cuja maioria o que menos importa são os interesses maiores da Nação. Afinal, os tucanos sabem que só terão possibilidade de chegar ao Palácio do Planalto através do voto indireto, ou seja, do Congresso Nacional, conscientes de que serão fragorosamente derrotados pelo voto direto. E provavelmente não terão muita dificuldade para obter os votos dos parlamentares das duas casas que, com honrosas exceções, estão mais preocupados em preservar a pele. Ninguém tem dúvidas de que na hora em que Temer cair a sua base aliada se transferirá, de mala e cuia, para o nome que surgir, com o apoio declarado da midia, para ocupar a Presidência até as eleições de 2018. E tudo acontecerá à revelia da vontade do povo, de onde o poder estabelecido pela Constituição deixou de emanar desde que 61 votantes destituíram uma Presidenta eleita por 54 milhões, sob as vistas complacentes do guardião da Carta Magna, o Supremo.

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