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Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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Temer: fragmentos do discurso autoritário

"Em duas recentes entrevistas, o presidente interino Michel Temer soltou fragmentos de discurso reveladores da personalidade política que dele emergiu após assumir o governo. O conciliador de antes deu lugar a uma figura autoritária e soberba. Um semiólogo faria uma decupagem notável", analisa a jornalista Tereza Cruvinel, colunista do 247; ela destaca três pontos ditos pelo peemedebista: quando afirmou “Eu não falo para baixo”, em referência a Sérgio Machado; quando declarou “não acho que vale a pena” sobro o pedido de impeachment contra Rodrigo Janot; e quando admitiu o golpe, em ato falho, ao jornalista Roberto Dávila, frase que teve ampla repercussão: “Tive informações de que a senhora presidente utilizaria os aviões para fazer companha contra o golpe”

Brasília - DF, 21/06/2016. Presidente em Exercício Michel Temer é entrevistado por Roberto D'Avila para a Globo News. Foto: Beto Barata/PR (Foto: Tereza Cruvinel)
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Em duas recentes entrevistas, o presidente interino Michel Temer soltou fragmentos de discurso reveladores da personalidade política que dele emergiu após assumir o governo. O conciliador de antes deu lugar a uma figura autoritária e soberba. Um semiólogo faria uma decupagem notável. Eu pinço apenas três pontos carregados de significados.

  1. “Eu não falo para baixo” – Na entrevista a Roberto Dávila (Globonews), perguntado se não iria processar Sergio Machado, que o acusou de ter pedido propina, ou doação eleitoral com recursos ilícitos, para o candidato Gabriel Chalita, Temer disse que não o faria  pois isso seria "o  que ele [Machado] mais deseja”. “Eu não vou dar esse valor a ele. Eu não falo para baixo", afirmou Temer. Se fala apenas “para cima” deve ser com Deus. O que é falar para baixo? É falar para quem é hierarquicamente inferior? Ou para quem é moralmente inferior? Seja como for, a frase revela arrogância e pode ter sido um erro político. “Eu não falo para baixo” é uma frase semelhante a outras do “discurso autoritário” brasileiro, tal como a emblemática “veja com quem você está falando”. Quem a profere está fazendo uma “fala do alto”, e assim ele deve sentir-se não apenas em relação a Machado mas a todos que estão “embaixo”. Ademais, o delator da Transpetro não é um criminoso desconhecido de Temer. Foi por muitos anos uma figura importante do PMDB, ocupando o cargo em nome do partido, não importa quem indicou. Chutar cachorro morto não é uma boa política. No caso, o cachorro está politicamente morto mas não fisicamente. Ainda pode latir e morder.

 

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  1. “Não acho que vale a pena” – disse Temer na entrevista à Rádio Jovem Pan, quando perguntado sobre o eventual acolhimento do pedido de impeachment do procurador-geral Rodrigo Janot pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. No entorno de Renan, a avaliação é de que Temer o deixou numa saia justa. No mínimo, fez uma espécie de censura prévia ao eventual acolhimento e ainda acrescentou, ao lembrar que Renan já arquivou outros pedidos contra Janot: “Tenho a sensação de que (Renan) não irá adiante”. Embora tenha dado sinais de que poderia acolher o novo pedido de impeachment do PGR, é sabido que a intenção de Renan era declarar-se impedido, por estar sendo investigado, passando o abacaxi para o vice-presidente do Senado, Jorge Viana. Mas agora, se fizer isso, seu gesto de grandeza poderá ser visto apenas como uma subserviência a Temer. Como as advogadas autoras fizeram adendos ao pedido, Renan adiou  a decisão, pedindo o reexame dos advogados do Senado. Mas a saia justa ficou.

3. “Tive informações de que a senhora presidente utilizaria os aviões para fazer companha contra o golpe, disse Temer a D’Ávila,         ao falar da restrição por ele imposta às prerrogativas de Dilma, inclusive a de usar o avião presidencial. Mas esta já foi muito comentada. Foi       ato falho mesmo. Saiu com naturalidade, não tendo ele sequer agregado um “suposto” antes do golpe.

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