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Daniel Quoist

Daniel Quoist, 55, é mestre em jornalismo e ativista dos direitos humanos

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Temer, teu nome é deslealdade

Michel Temer há muito devia estar por trás de todos os desgastes envolvendo o governo, a presidente, o PT, a base aliada e o PMDB. Seu nome sempre esteve associado a nomeação de apaniguados e a cada batalha congressual maior era a fatura cobrada pelo vice à presidente do país

03/09/2015 - 03-09-2015 Vice-presidente Michel Temer participa agora de debate sobre política em São Paulo. Foto: Romério Cunha (Foto: Daniel Quoist)
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A reunião entre a presidente Dilma Rousseff e seu vice Michel Temer, como só se poderia esperar, não produziu frutos. E, no entanto, o fruto maior que poderia florescer daquele encontro outro não era que a reiteração da lealdade sincera e inequívoca do vice à presidente da República. 
 
Mas, como oferecer algo que não se tem? 
 
Michel Temer há muito devia estar por trás de todos os desgastes envolvendo o governo, a presidente, o PT, a base aliada e o PMDB. Seu nome sempre esteve associado a nomeação de apaniguados e a cada batalha congressual maior era a fatura cobrada pelo vice à presidente do país. A verdade é que o cargo de vice-presidente da República mostrou-se muito maior que o político que a ocupa.
 
Com o conhecimento da carta imatura, infantil e sem noção enviada nas últimas 48 horas pelo vice à presidente se entrevia claramente sinais de mágoas e rancores. Contra Dilma? Não. Contra o destino que lhe reservou o papel de coadjuvante, de peça decorativa da República, de mero espectador do jogo político central que somente poderia ocorrer ou no Planalto ou no Alvoradas mas nunca no Jaburu.
 
À saída do encontro com a presidente Temer escandiu frases de apaziguamento, mas com o espírito de que havia selado uma espécie de paz armada: "Não farei nada a favor do impeachment, mas nada contra o impeachment". Alguém, minimamente informado dos temas nacionais, teria como acreditar na primeira parte da frase, esta que afirma wue "nada farei a favor do impeachment"?
 
Tal intenção se tornaria realidade se Michel Temer não fosse Michel Temer.
 
Outra opção, bem mais factível e sincera, seria se o vice-presidente ficasse isolado no Palácio do Jaburu, incomunicável, sem receber visitas e monitorado por câmaras de vigilância e equipamento de imagem e áudio, mas como isto é de todo inviável a opinião pública conhecerá pelo noticiário a movimentação golpista de um vice talhado para trair e para se superar nas artes da deslealdade e da traição.
 
Como isto é impossível restá-nos entender que doravante o jogo da conspiração para derrubar a presidente Dilma Rousseff deverá alcançar velocidade de cruzeiro, crescerá de forma exponencial.
 
Além das mágoas do vice, tem muito mais razões para explicar seu imediato e quase automático alinhamento com seu correligionário, o encrencadíssimo deputado Eduardo Cunha. 
 
Quem não lembra que ao longo do segundo semestre de 2014 sempre que as labaredas da operação Lavajato impedia voos maiores do presidente da Câmara, este logo trazia o nome do Temer ao noticiário? 
 
Agora, mais do que nunca, se torna indispensável que se investigue o vice-presidente no rastro das delações premiadas, a começar por Fernando Baiano, passando por Néstor Cerveró, Ricardo Pessoa, Alberto Yousseff e, caso se concretize, acesso ao "baú de notícias" chamado Delcídio do Amaral. 
 
Somente este caminho poderá revelar as reais motivações de um vide-presidente da República que deixa de ser leal a uma presidente honesta, contra quem nada pesa em desfabor de sua honra e aue foi legitimamente eleita para um mandato de quatro anos e, ao mesmo tempo, se alia a um político comprovadamente corrupto, contra quem abundam provas e evidências robustas de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e uso do cargo que ocupa - o de presidente da Câmara dos Deputados - em benefício próprio, o que inclui o patrocínio deslavado de manobras regimentais visando impedir o processo de cassasão de seu mandato pelo Conselho de Ética da casa que preside.
 
Que avancem as investigações. 

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