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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Tiozão do Whats vai desafiar a democracia

"Quem vai controlar esses grupos de mais de 50 mil pessoas que se formarão como manadas?", indaga o jornalista Moisés Mendes

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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia 

Um tiozão do WhatsApp pode disparar mensagens hoje para no máximo 255 outros tiozões de um mesmo grupo. Com o novo sistema que o aplicativo promete implantar somente depois da eleição – e talvez apenas depois da posse do presidente eleito –, o tiozão poderá atingir milhares de pessoas.

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O tiozão vai trocar um revólver da Taurus por uma pistola Glock, que dispara 20 tiros por segundo. O poder de fogo dos disseminadores de fake news será tão devastador que é impossível imaginar seus estragos se comparados ao que aconteceu em 2018.

O TSE foi vencido naquela eleição pelos operadores e pelos patrocinadores de disparos de mensagens em massa, e não conseguiu nem mesmo puni-los mais tarde.

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O tribunal fez agora um acordo com o WhatsApp para que a nova arma só possa ser engatilhada depois da eleição.

Vale mais como um pedido de trégua e menos como solução. Alguns dirão, como Bolsonaro disse na motociata em São Paulo nesta sexta-feira: ah, mas e a liberdade de expressão?

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O TSE, o Supremo, os democratas, os defensores das liberdades, os jornalistas e os operadores do Direito ficam diante de uma pretensa lição de liberdade dada pelo professor Bolsonaro.

É ruim ter de dizer, rebatendo um defensor de torturadores que matavam para amordaçar os direitos dos outros, que uma resolução do TSE proíbe propaganda por disparos em massa em mensagens instantâneas sem o consentimento dos destinatários.

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Mas o tiozão poderá dizer que não está fazendo propaganda aleatória, mas apenas se comunicando com seu grupo de 50 mil pessoas. Quem vai controlar esses grupos que se formarão como manadas?

Um tio que hoje já se considera produtor de conteúdo e repórter de Bolsonaro, ao disparar informações que se multiplicam geometricamente, poderá ter maior alcance do que muitos veículos de comunicação.

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O novo sistema de artilharia do Whats exigirá um reexame do conceito de disparos em massa, que levaram a questão pela primeira vez à consideração do TSE no julgamento da chapa Bolsonaro-Mourão, no passado, e provocaram a advertência de Alexandre de Moraes: quem repetir o delito, na próxima eleição, será cassado e preso.

O que passa a ser delito e disparo em massa, se o próprio Whats fala sobre a possiblidade de milhares de pessoas num grupo, mas não dá a medida dos limites desses milhares?

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O TSE terá condições de conter as milícias do Whats e das redes sociais, antes mesmo da implantação da nova arma que o aplicativo colocará nas mãos da extrema direita?

Bolsonaro somente será o Bolsonaro cada vez mais ameaçador se tiver lastro para seguir em frente. O sujeito depende essencialmente dos tiozões que participam de grupos de Whats e são da mesma turma dos que desfilam com o líder nas motociatas.

Sem a base social ativa e assertiva dessa militância virtual e real, Bolsonaro não será o que pretende ser na versão 2022. Ele só existe por causa da capacidade de mobilizar seus seguidores e ser por eles sustentado.

O poder do tio do Whats, acionado pela estrutura do gabinete do ódio, que nessa eleição deve agir do lado de fora do Palácio do Planalto, é a incógnita do que vem aí.

O vigor dessa gente, fortalecido nos últimos meses, vai orientar as ações de Bolsonaro e, se for preciso, dos seus militares e, dizem, dos seus milicianos.

Bolsonaro ficou irritado com o acordo do TSE com o Whats porque não poderá dispor da nova arma oferecida ao fascismo, que talvez dispense até os financiadores do esquema.

O TSE sabe que milhões de mensagens só foram disparadas com mentiras e difamações contra Haddad e o PT em 2018 porque o esquema foi financiado por milionários. O Supremo e o TSE também sabem quem são os financiadores.

Disparos em massa não são recursos neutros à disposição de todos. São equivalentes a armas de fogo. E armas de fogo são hoje, mais do que já foram, extensões dos braços da extrema direita.

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