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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Todo mundo louco, oba!

"As maluquices, diárias, se tornaram rotina e, por mais absurdo que possa parecer, hoje são encaradas com certa naturalidade pelo povo que, anestesiado pelo massacre permanente de fakenews nas redes sociais, não mais se escandaliza", escreve o colunista Ribamar Fonseca

(Foto: Carolina Antunes/PR)
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Parece que a insanidade deste governo não se limita ao Presidente: ela se estende a ocupantes de cargos na administração federal e, também, a aliados no Congresso Nacional. As maluquices, diárias, se tornaram rotina e, por mais absurdo que possa parecer, hoje são encaradas com certa naturalidade pelo povo que, anestesiado pelo massacre permanente de fakenews nas redes sociais, não mais se escandaliza com declarações do tipo “para melhorar o meio ambiente a solução é fazer cocô um dia sim e um dia não”. Estimulados pelo comportamento insano do chefe, todo mundo se julga no direito de dizer asneiras ou ofensas, como a recente declaração do ministro Paulo Guedes, que comparou os servidores públicos a parasitas, preparando o terreno para acabar com a estabilidade funcional. E, por mais incrível que possa parecer, tem muita gente que concorda com ele, o que retrata bem os danos que a política do ódio produziu na cabeça dos brasileiros. 

Na semana recém finda o deputado bolsonarista Luiz Phillippe de Orleans e Bragança, do PSL paulista, mandou ofício ao arcebispo Giovanni D’Aniello, da Nunciatura Apostólica, cobrando explicações sobre a visita que o ex-presidente Lula fará ao Papa Francisco na próxima quarta-feira. “Indago, respeitosamente – ele pergunta em seu ofício – se Sua Santidade não teme pela imagem da Santa Igreja ao apoiar abertamente notórios comunistas brasileiros que, comprovadamente, cometeram graves crimes. Questiono, ainda, quanto à legitimidade dessa visita e os efeitos negativos que poderão acarretar ao povo e às instituições brasileiras”. O parlamentar, que ainda se considera príncipe embora a monarquia tenha sido extinta no Brasil quando o marechal Deodoro da Fonseca deu o golpe no imperador Pedro II, quer que o Papa lhe dê explicações sobre as pessoas que recebe em audiência. Será que ele está no seu juízo perfeito? O Papa provavelmente deve estar preocupado...

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O “príncipe” se mostra perfeitamente afinado com Bolsonaro e seus auxiliares, pois considera o PT uma “organização criminosa”, que “promove a ideologia socialista e objetivos comunistas”, uma obsessão do Presidente. E ainda acusa Lula de ter cometido “graves crimes”, embora até hoje, apesar de ter a sua vida revirada pelo avesso por policiais federais, não tivessem encontrado nenhum crime praticado por ele. Tanto isso é verdade que o então juiz Sergio Moro não conseguiu tipificar nenhum crime, condenando-o com base apenas num “conjunto de indícios”, numa das mais vergonhosas farsas jurídicas do país. Pelo que disse no ofício, o “príncipe” está sujeito a um processo movido pelo ex-presidente, pois terá de provar os “graves crimes” de que o acusa, o que nem a Policia Federal conseguiu. Talvez isso o ajude a recuperar o juízo.

Por sua vez, o embaixador brasileiro na França, Luiz Fernando Serra, também enviou correspondência ao Parlamento francês reclamando contra as manifestações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. O diplomata – pasmem – reclamou porque os parlamentares franceses estão mais preocupados com a morte de Marielle do que com a “facada” eleitoral em Bolsonaro. Parece piada. O embaixador, que certamente pertence à escola do seu chefe, o chanceler Ernesto Araújo, quer determinar a pauta do legislativo francês, que não deu maior importância ao “atentado” sofrido pelo candidato em Juiz de Fora. Se continuar nesse ritmo ele vai acabar questionando os franceses por terem guilhotinado Robespierre, entre outros. Será que os bolsonaristas enlouqueceram de vez ou querem apenas chamar a atenção do mundo? 

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Mas a insanidade não para aí. Segundo noticiou a Folha, um relatório sigiloso do comando militar considera a França inimiga do Brasil, por ter acusado o governo brasileiro de destruir a Amazônia e proposto uma intervenção da ONU. O governo francês respondeu lembrando que a França é amiga e parceira do Brasil há séculos. Imaginava-se que os militares formavam o ponto de equilíbrio do governo, mas parece que a loucura de Bolsonaro os contaminou. Alguns observadores lembram que eles até hoje não se manifestaram contra a entrega da Base Espacial de Alcântara aos Estados Unidos e muito menos contra a privatização esquartejada da Petrobrás, o que significa que estão perfeitamente de acordo com o alinhamento e a subserviência do Brasil a Donald Trump. De outro modo, como explicar o silêncio deles?

Percebe-se, sem muita dificuldade, que a insanidade se mostra generalizada. Ainda recentemente o Presidente mandou sua mensagem ao Congresso Nacional, na qual afirma, entre outras coisas, que "no passado, o Brasil foi distanciado das grandes potências mundiais e dos centros tecnológicos. Tivemos independência e disposição para levar adiante uma proposta de mais liberdade para o País. Realizamos missões amplamente frutíferas, mantivemos diálogos produtivos com diversos países e avançamos em questões fundamentais para a reinserção do Brasil no mundo, visando a prosperidade do País e do povo brasileiro. O viés ideológico deixou de existir em nossas relações com o exterior”. E conclui, afirmando: “O mundo voltou a confiar no Brasil". Incrível! Ocorre exatamente o contrário. Nem em mensagens oficiais ao Parlamento eles conseguem libertar-se das fakenews. E o mais surpreendente: eles acreditam nas próprias mentiras. Constata-se que aquela velha composição do Silvio Brito, que fez tanto sucesso em sua época, continua atualíssima: “Tá todo mundo louco, oba!”

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