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Décio Lima

Presidente do Sebrae Nacional

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Tragédia e farsa

Os interesses dos setores mais antidemocráticos da sociedade brasileira só foram novamente colocados em xeque com o advento dos governos populares que se seguiram de 2003 até nossos dias

Os interesses dos setores mais antidemocráticos da sociedade brasileira só foram novamente colocados em xeque com o advento dos governos populares que se seguiram de 2003 até nossos dias (Foto: Décio Lima)
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"A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa". A frase de Marx, sobre a reinstalação do império na França, foi tomada por gerações seguintes como uma fórmula que explicaria parte de uma dinâmica geral da história. Sendo a história vivida uma experiência assimétrica , portanto hostil à simetria das fórmulas, a funcionalidade da profecia não está garantida em todas as sociedades.

Posto tal limite, importa perceber que eventualmente a profecia pode se realizar em algumas sociedades específicas. Parece-me inegavelmente o caso do Brasil de hoje. Nossa tragédia recente é o golpe de 1964, promovido por um bloco civil e militar que por vinte anos usurpou os direitos políticos da sociedade, impôs um modelo de desenvolvimento concentrador de riqueza e poder político e violou sistematicamente direitos civis através do terrorismo de Estado.

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A farsa correspondente a tal tragédia é o movimento golpista articulado contemporaneamente por alguns setores da sociedade que defendem a derrubada da presidenta da República. A tragédia de 1964 e a farsa de 2015 são filhas de uma mesma tensão, que percorre os conflitos da sociedade brasileira desde há muito e que se aprofundou com a entrada das massas populares no cenário político, principalmente na segunda metade do século XX.

DEMOCRACIA - A tensão decorre da incapacidade de setores que historicamente detém o poder econômico em aceitar a legitimidade das decisões da maioria. Em outros termos, as elites e parte dos setores médios brasileiros mantém uma relação tensa e instrumental com a democracia. O golpe de 1964 é um dos resultados de tal tensão; jovem ainda, a democracia brasileira tombou e os interesses da maioria foram postergados por vinte anos de ditadura e dezoito anos de governos civis que aceitaram a pauta conservadora de crescer sem distribuir.

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Os interesses dos setores mais antidemocráticos da sociedade brasileira só foram novamente colocados em xeque com o advento dos governos populares que se seguiram de 2003 até nossos dias. Incapazes de derrotar o projeto distributivista do PT, dentro dos marcos da democracia, setores minoritários da sociedade brasileira passaram a conspirar francamente contra as decisões tomadas pela maioria nas urnas.

Constrangidos pelo vigor da democracia, tais setores não advogam, exceto por minúsculos grupos anômalos, a reedição da tragédia (o golpe militar). Desejam, antes, uma farsa, nova forma do mesmo conteúdo da tragédia. O roteiro consiste em derrubar a decisão da maioria golpeando de setores impermeáveis à democracia: parte da imprensa e do Judiciário.

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O farsesco está em que a maioria não precisa mais ser obtida, mas sim, encenada. Maioria — que em uma democracia como a nossa só pode ser aferida através do voto popular em eleições legítimas — encenada através de outros instrumentos. A decisão de uma suposta maioria (supostamente mais qualificada) substitui e revoga a decisão da maioria expressa nas eleições (supostamente menos qualificada).

O resultado: a própria democracia está revogada. A farsa se torna golpe, revestido de legalidade, e reinstala na direção da República um títere que se proponha a submeter a nação a uma reconcentração de riqueza e à dilapidação dos direitos obtidos pelas massas populares durante os governos petistas.

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Subestimam tais setores as forças democráticas da nação, a inteligência do povo brasileiro e a disposição que temos de defender nossa democracia duramente construída. A farsa não se fará tragédia, os direitos democráticos triunfarão e o Brasil seguirá o caminho que tem o feito um país cada vez mais livre e menos desigual.

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