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Giselle Mathias

Advogada em Brasília, integra a ABJD/DF e a RENAP – Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares e #partidA/DF

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Trânsito em julgado 2

Quem sabe é possível encontrar alguém que pense e encare a vida como nós, que esse vazio dos desencontros, das ilusões vendidas, do sentimento de descartabilidade não seja o comum, mas a exceção nas relações humanas

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O Sócio começou a desconsiderá-la de uma forma tão acintosa, que começara a quebrar os acordos feitos por eles no início da sociedade. Ele desrespeitava o local de trabalho, um dos tratos era não levar ao ambiente do escritório nada, nem ninguém que não dissesse respeito as atividades profissionais. Mas, ele passou a levar várias mulheres com as quais não tinha nenhum compromisso, sempre as tratando como objeto, e de forma descartável. Nos contou que ele as apresentava como namoradas, se trancava em sua sala, e era possível ouvir por todo o local os sons que de lá saiam. Era insustentável aquela situação, e apesar de reclamar, ele permanecia com esse comportamento, sabia que a incomodava, não só pelo desrespeito em relação a ela, mas, também, porque toda a semana o via iludir e enganar aquelas mulheres, e nada podia falar com elas, se silenciava.

Ainda o ouvia dizer a um colega que era assim mesmo, que elas gostavam, ficavam com ele porque queriam, as mulheres são assim, querem ser iludidas, se envolvem facilmente, pois todas querem um relacionamento, e ele lhes dava o que desejavam. Mas, é obvio, que uma não sabia da outra, acreditavam ser as únicas e especiais em sua vida, pois essa era a crença que ele lhes vendia.

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Isso a atormentava, ele fazia questão de mostrar-lhe toda a sua desconsideração por outro ser humano, toda a sua falta de responsabilidade emocional com aquelas mulheres, com o ambiente de trabalho, com a sociedade deles. Chegou a contar a história de uma delas, expondo-a. Disse que a moça teria tentado cometer suicídio quando ele finalizou o suposto “namoro”. Falou isso com um certo orgulho, como se fosse “o cara”, aparentava, uma satisfação egóica em ter tantas mulheres disponíveis e emocionalmente aprisionadas por ele. 

Percebo que a atitude do Sócio é extrema, mas elas existem, e confesso querer acreditar que uma pessoa como essa é vazia, e busca preencher esse espaço, adoecendo outras pessoas com suas ilusões, mas, ilude a si mesmo, acreditando que é amado, jamais será capaz de preencher seu vácuo, pois não respeita a si próprio, sabe que assim como trata o outro como descartável, também é considerado como dispensável quando perde sua utilidade.

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Ela não aguentava mais, mas procurava o momento certo para encerrar a sociedade, sabia que o fim geraria prejuízos. Porém, a gota d’água para a Advogada aconteceu em uma reunião com clientes, e após a exposição da estratégia a ser tomada no caso apresentado, o Sócio disse a ela, na frente de todos, que ela deveria se calar, porque se comportava como uma “Opressora Intelectual do masculino”.

Aquela sociedade chegara ao fim, não era mais possível aceitar a tentativa dele de destruí-la! Ainda mais na frente de clientes. Percebeu que ele não se contentou em cometer os abusos morais, mas, também, o psicológico, financeiro e profissional!

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A Jornalista disse que, infelizmente, essa é a realidade de muitas mulheres no ambiente de trabalho, tem uma amiga Engenheira que recebe menos do que o colega Engenheiro, exercendo a mesma função. Comentou que também já passara por situações similares, o assédio moral e sexual faz parte da rotina laboral feminina.

Perguntei à Advogada como ela conseguiu lidar com o fim da sociedade, com o fim de algo que se dedicara tanto, e de uma forma tão brutal.

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Nos contou que o apoio do seu parceiro, o homem que está ao seu lado, que a trata com igualdade, cumplicidade e franqueza, foi fundamental. Assim, como o de sua família e amigos que estiveram ao seu lado. A Advogada é uma pessoa transparente, não tem travas e nem medo da verdade, ao contrário, prefere ouvi-la, acredita que somente assim poderá compreender a si e ao outro.

Está aberta às críticas, e as escuta com leveza, absorve aquilo que lhe diz respeito, considera o outro e a situação. Mesmo que não concorde, procura entender e respeitar o que lhe é apresentado, e modifica-se quando percebe que causou dor. Ela não tem receio em reconhecer seus erros, e pedir desculpas. Sempre está se avaliando, e pede que lhe mostrem seus equívocos e acertos.

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Não é fácil ser uma pessoa como ela, é muitas vezes incompreendida, talvez, porque as relações pessoais também estejam pautadas a partir da competição, da necessidade de destruir o outro para “vencer”, a cultura do superficialismo do capitalismo, aprofundada pelo neoliberalismo que impera nos tempos atuais.

Mas ela encontrou um parceiro, não por sorte, mas porque como ela existem outras pessoas que enxergam a humanidade, que se responsabilizam e não veem a competição como saudável, nem acreditam na descartabilidade e utilitarismo do ser humano, entendem a vida com solidariedade, cooperação e compreensão, não imposta só a um, mas a ambos.

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Fico feliz por ela, e me dá até uma esperança. Quem sabe é possível encontrar alguém que pense e encare a vida como nós, que esse vazio dos desencontros, das ilusões vendidas, do sentimento de descartabilidade não seja o comum, mas a exceção nas relações humanas.

Pedimos à Advogada para nos contar o segredo dessa relação, no que ela se prontificou, mas nos disse que não há segredos, mas respeito, compreensão e o encontro entre humanos.   

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