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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Triste final para um desastrado e curto governo

Os ratos, que roíam o queijo público sem serem incomodados, acobertados pela mídia e sob os olhares complacentes da Suprema Corte, começaram a abandonar o barco logo aos primeiros sinais de naufrágio

Brasília - O presidente interino Michel Temer faz discurso durante cerimônia de posse aos ministros de seu governo, no Palácio do Planalto (Valter Campanato/Agência Brasill) (Foto: Ribamar Fonseca)
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Os ratos, que roíam o queijo público sem serem incomodados, acobertados pela mídia e sob os olhares complacentes da Suprema Corte, começaram a abandonar o barco logo aos primeiros sinais de naufrágio. Os tucanos, com quatro ministros e o apoio irrestrito ao golpe, foram os primeiros a pular fora. Ao comandante Michel Temer, flagrado comprando o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, além de outros crimes, não resta outro caminho senão a renúncia, se não quiser passar pela humilhação de ser cassado. Resta saber agora o que acontecerá com ele e com o Brasil, após o afundamento completo da embarcação dos golpistas. Quanto a Temer, não está descartada a hipótese de vir a ser preso após deixar o Palácio do Planalto, pois o Supremo abriu os olhos e já determinou a instauração de inquérito para apurar as suas lambanças. Quanto ao Brasil, tudo indica que haverá mesmo eleição indireta para escolha do novo Presidente que governará o país até 2018, conforme determina a Constituição em caso de vacância do cargo. O ideal seriam eleições diretas, mas elas só podem ser realizadas mediante emenda constitucional e parece que não haverá tempo para que seja aprovada pelo Congresso Nacional ainda este ano.

Diante disso, as atenções deverão se voltar agora para a escolha de um candidato, sem qualquer ligação com os golpistas, que consiga os votos da maioria do Parlamento. Sem dúvida é quase um deboche um novo Presidente ser eleito por esse mesmo Congresso recheado de parlamentares medíocres e corruptos, os mesmos que aprovaram o impeachment da presidenta Dilma Roussef, mas a não ser que a Constituição seja modificada serão eles mesmos os eleitores. A esta altura já tem muitos candidatos enrustidos se animando a tentar chegar à Presidência da República sem passar pelo voto popular, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas não será muito fácil encontrar um nome sem oposição dentro do Parlamento. O senador Aécio Neves, que certamente não perderia esta oportunidade de chegar ao Planalto sem maiores esforços, o seu grande sonho, praticamente morreu politicamente, depois da denúncia do dono da JBS, e não deverá mais se eleger nem inspetor de quarteirão. Já perdeu até a presidência do seu partido, o PSDB, e corre o risco de ter o mandato cassado e vir a ser preso.

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Aparentemente as forças que promoveram o golpe e entronizaram Temer no poder, representadas entre outros pela mídia, já devem ter um nome no bolso do colete, guardado desde o início da conspiração para ser lançado no momento oportuno. Isto porque Temer, na verdade, só chegou à Presidência porque era o vice, mas não o nome que essas forças queriam para ocupar o Palácio do Planalto. Ele era, no entanto, ideal para realizar as reformas impopulares desejadas por essas forças, limpando o terreno para a chegada do Presidente do seu agrado, e deveria ser defenestrado no momento certo. A hora certamente chegou, o que de certo modo explica o comportamento surpreendente da Globo, até então o principal sustentáculo de Temer, que lhe tirou a escada inesperadamente e divulgou agora as denúncias de fatos registrados no mês passado. A Globo, que liderou o processo golpista e está empenhada em eliminar Lula e Dilma da vida pública, provavelmente nos próximos dias lançará o nome que deveria substituir Temer no Palácio do Planalto, dando-lhe toda a cobertura através dos seus veículos.

Não está descartado, no entanto, o surgimento de um nome sem nenhuma relação com os golpistas e mesmo sem qualquer ligação com a Globo. Nos bastidores ganha força o nome de Nelslon Jobin, ex-presidente do STF e ex-ministro da Defesa, um nome respeitável de fora dos círculos políticos mas com enorme experiência política. Aparentemente ele não teria resistência no Congresso, onde os parlamentares, em meio a esse clima de flagrantes de corrupção, não terão coragem de rejeitar o nome de um homem de bem, reconhecido por todos. E parece já haver intramuros um consenso em torno do seu nome. De qualquer modo, melhor será aguardar os próximos passos de Temer que, a julgar pelas últimas notícias, não estaria disposto a renunciar, apesar de pressionado até por seus aliados, como FHC. Se ele insistir em agarrar-se ao poder, como catarro na parede, certamente será necessário um ato de força para retirá-lo do Planalto e aí tudo pode acontecer. Tomara que ele tenha um relance de bom senso e renuncie, evitando que o país se convulsione e acontecimentos graves possam marcar o fim do seu curto e desastroso mandato, porque a esta altura sua presença no Planalto se tornou insustentável. Até porque ele não tem mais a Globo para segurá-lo.

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