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Henrique Fontana

Deputado federal pelo PT-RS

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Trump, Temer e o desafio internacional da esquerda brasileira

A soma da vitória de Trump, do “Brexit” para saída britânica da União Europeia, a vitória do “Não” ao acordo de paz na Colômbia, os golpes no Brasil, Honduras e Paraguai, a vitória de Macri na Argentina, a escalada da violência, do terrorismo e das guerras nos países Árabes – após a primavera das manifestações sociais, a qual, imaginávamos, antecederia o verão das democracias – colocam o mundo, e especialmente o nosso continente, em alerta

A TV screen showing U.S. President-elect Donald Trump is pictured in front of the German share price index, DAX board, at the stock exchange in Frankfurt, Germany, November 9, 2016. REUTERS/Staff/Remote (Foto: Henrique Fontana)
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(artigo escrito em parceria com Marcelo Danéris, via Sul 21)

Um tempo sombrio para a humanidade e para a ideia de uma civilização humanista e democrática. O mundo está em transe e o que restava da “pax americana”, em suspenso. Como o Brasil, ele está mudando e não é para melhor.

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No último comício de que participou nas eleições americanas, o candidato Donald Trump disse “não tenho um violão, mas tenho um projeto de país”. Na verdade tem mais do que isto, representa uma visão obscurantista de mundo e de sociedade. Trump de fato não tinha um violão, nem o apoio de artistas americanos, nem da grande mídia, da direita ao centro (já que, nos EUA, a esquerda foi praticamente banida desde os anos 50, sonho de consumo do reacionarismo brasileiro), nem de metade do seu partido, nem de latinos, nem de imigrantes, e de quase todo o mundo civilizado.

Trump se elegeu sem sair dos EUA. Um sujeito xenófobo, acusado de agredir mulheres, e que afirmou desprezar homossexuais, além de prometer expulsar muçulmanos, construir um muro na fronteira com o México, extraditar imigrantes, e tantas outras demonstrações de intolerância, ódio, racismo e preconceito.

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Os efeitos da sua eleição serão muito mais graves, e devastadores, do que apenas a interrupção do programa público de saúde americano, o “Obamacare”, ou do processo de desbloqueio a Cuba. Trump e sua retórica de ódio estão no comando de um arsenal nuclear, milhares de marines e parte das chaves da economia mundial.

A soma da vitória de Trump, do “Brexit” para saída britânica da União Europeia, a vitória do “Não” ao acordo de paz na Colômbia, os golpes no Brasil, Honduras e Paraguai, a vitória de Macri na Argentina, a escalada da violência, do terrorismo e das guerras nos países Árabes – após a primavera das manifestações sociais, a qual, imaginávamos, antecederia o verão das democracias – colocam o mundo, e especialmente o nosso continente, em alerta. A história reserva alguns momentos de alinhamentos semelhantes que justificam o alarme, como a ascensão, nos anos 30, de Hitler, Mussolini, Franco, Hirohito, que levou à II Guerra Mundial e às bombas atômicas americanas. E quem poderia esquecer, na década de 80, da dupla Reagan e Thatcher no comando militar e econômico internacional?

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Serão muitas as teses para tentar compreender o que passa com o mundo e os motivos da onda conservadora que varre o planeta. Contudo, o acontecimento aparentemente mais aterrador ainda é muito recente, e carece de distanciamento temporal para uma análise das consequências. Arriscamos uma, para iniciar o debate: a narrativa de criminalização da política e da gestão pública engendrada pelo mercado financeiro global e amplificada por grandes empresas de comunicação, dentro e fora dos territórios nacionais procurava terceirizar para o campo da política e da democracia a responsabilidade pela grave crise econômica de 2008 e o evidente esgotamento do modelo neoliberal. Preparava-se, assim, o cenário internacional para o novo “consenso” liberal de ajuste fiscal e austeridade seletiva, para a tutela dos países pelo mercado, e a legitimação da transferência do recurso público para o salvamento privado. Na esteira desta narrativa, emergiram os grupos de extrema direita, a intolerância política e os políticos outsider. O “ovo da serpente” chocou um monstro social e político maior do que previam os próprios progenitores, e pode estar fora de controle.

A confluência perversa da nova realidade brasileira será viver sob os domínios de Trump e Temer. Sem falar nos pobres cidadãos, ou cidadãos pobres, de capitais como Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e seus prefeitos outsiders e conservadores recém-eleitos. No Brasil, as políticas de ajuste, desmonte do Estado, entrega do Pré-Sal, cortes de programas sociais e políticas públicas, reformas regressivas de direitos previdenciários e trabalhistas do governo Temer ganharam um poderoso aliado.

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A nova ordem mundial revela para a esquerda brasileira e para todos os setores democráticos e progressistas do país que não bastará apenas formar uma Frente nacional que reúna movimentos sociais, partidos, estudantes, sindicatos, intelectualidade, artistas. A resistência e o enfrentamento à onda conservadora exigirá a colaboração e a solidariedade internacional e a formulação de uma agenda comum de lutas. Será preciso, ainda, ressignificar o próprio Fórum Social Mundial e a consigna “Um outro mundo é possível”.

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