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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

181 artigos

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Tucanos, palavras raras e ocultas

Mesmo com a exposição das atividades criminosas do gabinete do ódio, o gado bolsonarista é tão ignorante que está alimentando a fake news de que a ausência de notícias dos ‘sites oficiais’ é devido ao presidente estar se convalescendo e não poder fazer postagens. Isso dá a dimensão da farsa e da tragédia em que vivemos

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Enquanto explodem quaisquer dúvidas que ainda houvesse de que estamos sob a égide de um fascismo estatal, palavras ditas por tucanos são malditas como argumento e eclipsadas como contraponto.

Fernando Henrique Cardoso vinha dando sinais de, finalmente, condenar o governo de Jair Bolsonaro e defender seu impedimento. Porém, adentra o retrocesso e até os limites da ignorância, ao afirmar que são “tempos confusos”, retrocedendo em suas posições, uma vez que o governo que aí está é explicitamente fascista. Defender que o presidente apenas se cale é admitir que continue a praticar suas atrocidades, escondendo-as por debaixo do tapete governamental.

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Outro tucano de alta plumagem que leva ao silêncio da contestação é José Serra, que manteve sua coluna no Estadão. Ele escreveu sobre a situação caótica vivida no país em artigo chamado de “epidemia de desgoverno”. Serra tem muita experiência no que tange à interferência nas universidades públicas, pois foi o único governador paulista que foi obrigado a publicar um ‘decreto declaratório’ para reverter a quebra da autonomia nessas instituições e na Fapesp. Não se compara com o desgoverno federal na qualidade e quantidade do estrago, explicitado em seu artigo, mas com ele comunga nas intenções. O jornal jogou um véu opaco sobre tais críticas ao articulista e nada publica.

Outras palavras inusitadas e representativas do caos em que vivemos foram proferidas, não necessariamente pelo partido saudosista do poder e articulador de golpes. A própria esposa do ogro, ocupante do Alvorada, levou a Folha de S. Paulo a publicar sobre o ‘ex-cachorro’ da primeira-dama. No imaginário folclórico, morcego é um rato muito velho que criou asas. O que seria esse ex-cachorro do título da reportagem usado pelo jornal? Um cérbero? Essa imagem pictórica mostra que, nos palácios de Brasília, se nem dos cães sabe-se o verdadeiro histórico, o que se dirá de futuros ex-ministros? Michelle quis colocar mais um quadrúpede em casa e ainda não conseguiu.

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Também na Folha, Jô Soares fez-nos buscar pelo termo patafísica na internet. O significado da palavra diz respeito a uma suposta ciência das soluções imaginárias e de leis que possam regular as exceções. O escritor sutilmente empregou a palavra na forma de um bilhete (por curto que o texto é) endereçado a Bolsonaro. Descobre-se que os máximos de uso de ‘patafísica’ se deram em 1968 e no período 1984-1987, que coincidem com dois momentos marcantes na vida do destinatário da missiva. O primeiro, seu tão bem-quisto AI-5; o segundo, de sua projeção em entrevista dada, arquitetura do plano de explodir o sistema Guandu de abastecimento de água e derrocada do Exército. A cereja do bolo é o ‘dupliscrever’ do SS – assim, em maiúsculas destacadas no bilhete –, tanto o nazista, como o do sogro do novo representante da cultura.

Esse mesmo jornal está com uma campanha que defende uma democracia que não necessariamente é a ampla, geral e irrestrita, necessária para refutar acontecimentos recentes, como o golpe de 2016 e o governo fascista de Bolsonaro. Apesar do sorriso amarelo, é salutar que o jornal parece ter abandonado o discurso da ‘ditabranda’ – outra palavra inventada – quando se referia à ditadura cívico-militar instalada em 1964. Mas é isso, a democracia é como o amor, só sobrevive se constantemente alimentada.

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Mas não nos iludamos. Mesmo com a exposição das atividades criminosas do gabinete do ódio, o gado bolsonarista é tão ignorante que está alimentando a fake news de que a ausência de notícias dos ‘sites oficiais’ é devido ao presidente estar se convalescendo e não poder fazer postagens. Isso dá a dimensão da farsa e da tragédia em que vivemos.

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