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Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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Um ano depois do golpe: a vertigem do retrocesso e o silêncio dos envergonhados

"A passagem do primeiro aniversário do impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff tem uma serventia: ela atesta de forma inequívoca que o programa do golpe fracassou em todas as frentes e castigou todos os seus articuladores com o cipó de aroeira da rejeição e do descrédito", avalia a colunista do 247 Tereza Cruvinel; "O que eles podem celebrar nesta data? Estando fora do país, Temer poupou-se de fazer qualquer pronunciamento a respeito. Se fizesse, não haveria panelaço, mas este silêncio pesado, o silêncio dos envergonhados e os dos que resolveram esperar parados pelas eleições de 2018, que também não são tão certas", diz Tereza

"A passagem do primeiro aniversário do impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff tem uma serventia: ela atesta de forma inequívoca que o programa do golpe fracassou em todas as frentes e castigou todos os seus articuladores com o cipó de aroeira da rejeição e do descrédito", avalia a colunista do 247 Tereza Cruvinel; "O que eles podem celebrar nesta data? Estando fora do país, Temer poupou-se de fazer qualquer pronunciamento a respeito. Se fizesse, não haveria panelaço, mas este silêncio pesado, o silêncio dos envergonhados e os dos que resolveram esperar parados pelas eleições de 2018, que também não são tão certas", diz Tereza (Foto: Tereza Cruvinel)
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                A passagem do primeiro aniversário do impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff tem uma serventia: ela atesta de forma inequívoca que o programa do golpe fracassou em todas as frentes e castigou todos os seus articuladores com o cipó de aroeira da rejeição e do descrédito. O fracasso e o castigo deles, entretanto, não suprime os efeitos devastadores do golpe sobre a ordem democrática, econômica e social que o Brasil vinha construindo desde a Constituição de 1988. Nestes 12 meses, o país embarcou numa espiral vertiginosa de retrocessos em todos os campos, e quando os brasileiros se perguntam pela  luz no fim do túnel,  novos desatinos são perpetrados pelo governo e seu bloco político-partidário, descomprometidos com a vontade popular, com a ideia de Nação e com os horizontes do futuro.  Haverá Brasil e haverá brasileiros depois que Temer se for mas ele age como se fosse o último monarca.

                Nesta passagem dos 12 meses sob seu governo ilegítimo, imoral, entreguista e inepto, o que paira sobre tantos alaridos de vulgaridade é o silêncio dos envergonhados, dos que bateram panelas e soltaram gritos irados nas manifestações pró-impeachment , acreditando (nem todos, pois alguns sabiam exatamente o que faziam) que de uma ruptura democrática poderia sair alguma solução virtuosa.  Um ano depois,  eles não têm nada a declarar. Alguns tentam até dizer que a culpa é novamente de Dilma e do PT, que escolheram Temer como vice na chapa vitoriosa em 2014.  Mas quando pediam impeachment, estavam pedindo Temer, estavam avalizando a agenda da “Ponte para o Futuro”, o programa golpista que virou ponte para o passado, estavam pedindo este estado de exceção dissimulado,  que não legitima mas legaliza a supressão de direitos, a entrega das riquezas nacionais e a execução de uma política econômica recessiva, que tira empregos, quebra empresas e engorda bancos.

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                O fracasso é geral, começando pelo moral. Eles deram o golpe vociferando contra a corrupção e prometendo moralidade: um ano depois, a corrupção mostra todos os seus dentes e revela sua extensão.  Eduardo Cunha, o presidente da Câmara que conduziu o impeachment, foi para a cadeia poucos dias depois.  As denúncias fulminaram Aécio Neves, outro grande artífice do impeachment,  encalacraram dezenas de parlamentares e ministros e fizeram do próprio Temer o primeiro presidente da República denunciado por corrupção. Agora o será também por obstrução da Justiça e participação em organização criminosa. A rejeição de todos eles, como se pode conferir pela pesquisa Ipsos, foi às alturas.

                Eles venceram prometendo “colocar a economia nos trilhos”. Em 12 meses, a recessão e o desemprego se agravaram, o consumo despencou, travando qualquer disposição de investimento.  Celebram o recuo da inflação, que nas condições recessivas atuais, é sinal de doença, não de saúde da economia.  Nesta data em que completa um ano como presidente efetivo, Temer mandará ao Congresso um orçamento faz-de-conta,com um deficit inferior em R$ 30 bilhões ao tamanho real do buraco, que ontem o Congresso não conseguiu aprovar completamente na noite de ontem,  a nova meta deficitária de R$ 159 bilhões.

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                Temer tomou posse falando em “Ordem e Progresso”. Em outubro, aprovou o congelamento do gasto público por 20 anos.    Anunciou a reforma trabalhista, que conseguiu aprovar, liquidando com a CLT, e a previdenciária, que o Congresso perdeu qualquer condição para aprovar, depois das denúncias da JBS.    A ordem que mantém a população receosa em casa decorre do desprezo e do medo de que tudo fique ainda pior.  E em vez de progresso, retrocessos em todas as frentes:  nas políticas sociais, na saúde, na educação, na proteção ao meio ambiente, aos índios, aos direitos humanos, aos direitos da mulher.  No plano internacional, o Brasil tornou-se irrelevante, perdeu toda a influência conquista com a política externa altiva e ativa de Lula-Celso Amorim.

                Fracassada a promessa da reforma previdenciária, outra agenda foi oferecida ao mercado, a das privatizações  no atacado, que juntam uma Eletrobrás com uma entrega das ricas jazidas da Renca às transnacionais, passando por portos, aeroportos, estradas, poços de petróleo, Casa da Moeda etc.etc.

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                O que eles podem celebrar nesta data? Estando fora do país, Temer poupou-se de fazer qualquer pronunciamento a respeito. Se fizesse, não haveria panelaço, mas este silêncio pesado, o silêncio dos envergonhados e os dos que resolveram esperar parados pelas eleições de 2018, que também não são tão certas.

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