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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Um fosso entre Lula e o atraso do governo atual

Para a jornalista Denise Assis, a entrevista do ex-presidente Lula prestou dois favores ao País; "Um, o de ter a oportunidade de ouvir novamente um estadista falando pelo Brasil e pelo povo brasileiro. O outro, o de evidenciar o fosso que o separa do atual presidente e tornar gritante suas limitações", diz ela; "A mídia ignorou esse grande momento da vida nacional, mas ao fazê-lo, tal como no debate da eleição de Collor, e a negação da campanha das Diretas, cuja votação completou 35 anos nesta semana, pulou uma página da história. Deixou-a em branco. Futuramente, vão ter que explicar onde estavam quando o bonde da história passou"  

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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

O ex-presidente Lula perdeu D. Marisa (e se alguém observou, ele ainda não conseguiu processar esta perda. Em sua entrevista ele diz que gostaria de voltar para casa, pra perto da sua mulher, dos seus filhos e dos seus netos). Lula perdeu o irmão mais velho, que o cuidou como um pai cuida da família. Lula perdeu o neto, com quem chegou a morar um tempo, quando Arthur foi com os pais, para a casa do avô, preencher o vazio deixado pela morte de D. Marisa. Lula perdeu a liberdade, mas não perdeu a si mesmo e o amor ao povo brasileiro. Dedica todo o tempo ocioso a construir um Lula melhor do que o que entrou para a cela, a sala, ou o “silo”, onde a Polícia Federal armazena uma montanha de experiência, sabedoria e conhecimento. 

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Lula perdeu parte expressiva do seu eleitorado, a quem dedicou muitos programas do seu governo. Essa massa de desvalidos, embalada pelos cânticos dos pastores pentecostais -os criadores dos currais eleitorais urbanos, como velhos coronéis – foi levada no cabresto, a se convencer de que todos os benefícios acrescentados em suas vidas foi fruto da fé em Deus, e retorno de Jesus, a quem dedicaram todas as noites de domingo de suas vidas miseráveis. Portanto, deveriam depositar nas urnas, sob a forma de agradecimento, o voto naquele “iluminado”, escolhido por Deus, como não se cansa de repetir o capitão Bolsonaro. Deus, no entanto, lhe “deu” o cargo, mas não mandou junto um programa de governo. Vai daí, que sentado na cadeira presidencial, Jair não sabe o que fazer com a benevolência divina, com o país que ganhou para governar.

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Sufocado durante um ano e alguns meses na prisão, Lula teve a voz libertada por uma divisão de bola na pequena área, entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Ministério Público, com a PGR esperando a sobra da pelota. A bola espirrou e o ministro Ricardo Lewandowski matou no peito e chutou a gol, antes que levasse um corte em posição perigosa. Em seu despacho pôs em liberdade aquilo que todos temem: a comunicação verbal de Lula. 

E ele, já há um tempo no aquecimento, entrou em campo em sua melhor forma. Conduzido pela dupla de jornalistas competentes e determinados, Florestan Fernandes e Mônica Bergamo, Lula foi levado a revisitar cada momento de seu governo, cada recanto do mundo onde e com quem fez negociações e estabeleceu relações. Detalhista, lembrou-se até do traje vistoso com que Muammar Mohammed Abu Minyar al-Gaddafi, o líder líbio, o recebeu, sujo de base do make-up com o qual procurava esconder a pele prejudicada talvez por uma acne juvenil, e mais a ação do tempo. A memória de Lula mostrou-se fantástica.

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Não escondeu os seus planos para até um dia, até talvez, até quem sabe: soltar a voz nas estradas. Mais afiado, com o conhecimento que tem somado à sagacidade e argúcia, Lula sabe que tem aqui fora um grande desafio a vencer. Reconstruir as alianças perdidas ao longo da insistente campanha de difamação que seu partido e ele próprio sofreram desde o golpe contra a presidenta Dilma, perpetrado em 2016. 

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Ao permitir que quebrasse o silêncio, no entanto, o despacho de Lewandowski fez dois favores ao país. Um, o de ter a oportunidade de ouvir novamente um estadista falando pelo Brasil e pelo povo brasileiro. O outro, o de evidenciar o fosso que o separa do atual presidente e tornar gritante as limitações de Jair.

Bolsonaro usou a ocasião para externar mais uma de suas falas de política de botequim, tornando ainda mais evidente a diferença entre um torneiro mecânico sem diploma e um capitão expulso do Exército. Lula exibiu com naturalidade o seu conhecimento de política externa, de humanidade e de bons sentimentos. Foi um deleite para os ouvidos cansados das “pedradas” e grosserias vindas de “lá de cima”. A mídia ignorou esse grande momento da vida nacional, mas ao fazê-lo, tal como no debate da eleição de Collor, e a negação da campanha das Diretas, cuja votação completou 35 anos nesta semana, pulou uma página da história. Deixou-a em branco. Futuramente, vão ter que explicar onde estavam quando o bonde da história passou.

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