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Edmar Antonio de Oliveira

Administrador pela puc minas

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Um “novo Plano Marshall” para a Europa. Mas não seria melhor um “novo New Deal” mundial?

É mais prudente e efetivo um novo consenso entre os países, organizando um “New Deal global”, com incentivos à economia e garantia de direitos sociais de forma ampla e universalizada, a fim não apenas de promover uma recuperação para após o fim da pandemia de Covid-19, mas solucionar e prevenir novas crises, facilitando inclusive o combate a outras pandemias que porventura venham a surgir

fábrica (Foto: Paulo H. Carvalho / Agência Brasília)
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Diante da crise instaurada pela pandemia da Covid-19, que aprofunda o cenário de estagnação econômica que perdura desde a crise de 2008, setores ligados a mídia econômica tem pregado a necessidade de um “novo Plano Marshall” para reconstruir a economia europeia em um cenário pós-pandemia. Mas será que este é o melhor caminho? Ou seria melhor buscar inspirações em outra série de medidas econômicas em um passado recente?

Para compreender a questão é preciso analisar o que foi o Plano Marshall. Em uma Europa destruída pela Segunda Guerra, os Estados Unidos realizaram a doação e o empréstimo de bilhões de dólares, usados pelos europeus para reconstrução nacional. Os recursos foram usados principalmente para aquisição de alimentos e insumos para produção agrícola e industrial (comprados principalmente dos Estados Unidos). 

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É preciso considerar que esta não é a necessidade da Europa ou de outras nações no momento, em que a economia, que já vinha andando devagar, praticamente parou no processo de isolamento social, em um cenário onde a maioria dos povos já sofria com políticas de austeridade e cortes de direitos sociais e trabalhistas.

Visando manter a linha da imprensa nacional, que gosta de paralelos entre o passado e o futuro, mesmo que muitas vezes inexatas, seria mais interessante buscar alternativas que possam não só resolver a situação da pós-pandemia, mas também solucionar questões que perduram há décadas e se aprofundaram a partir de 2008. Por que então não procurar inspiração na “NEP” soviética (conjunto de medidas onde foram estatizados setores chave da economia da URSS logo após o fim da guerra civil que levaram a um processo de desenvolvimento e recuperação econômica), no “Milagre do Rio Han” coreano (resultado de planos econômicos adotados pelo governo sul-coreano visando a reconstrução e modernização do país a partir de reformas econômicas e sociais, principalmente na área da educação) ou mesmo no New Deal adotado nos Estados Unidos depois da Crise de 1929?

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Analisando o New Deal, devido às semelhanças de ter sido realizado em um cenário de crise onde as economias desaceleraram e cresceram os problemas sociais, pode-se apontar algumas medidas principais, como: grandes obras de infraestrutura, que possibilitaram a modernização da produção ao mesmo tempo em que geraram empregos; estímulos à produção agrícola através de subsídios e empréstimos aos pequenos produtores; disponibilidade de crédito e controle sobre o setor financeiro para evitar novas crises; desvalorização do dólar para incentivar as exportações; criação de um sistema de seguridade social visando promover o bem estar social junto a população norte-americana; legalização dos sindicatos e dos acordos de negociação coletiva para melhorar os salários e condições laborais para os trabalhadores. 

Todas essas medidas foram essenciais para a recuperação econômica e social dos Estados Unidos, se firmando como um sistema de referência para o mundo capitalista até meados dos anos 1970, quando as funções do Estado começam a ser questionadas por setores políticos mais liberais e se observou declínio das condições de vida e seguidas crises econômicas.

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Não seria, então, mais prudente e efetivo, um novo consenso entre os países, organizando um  “New Deal global”, com incentivos à economia e garantia de direitos sociais de forma ampla e universalizada, a fim não apenas de promover uma recuperação para após o fim da pandemia de Covid-19, mas solucionar e prevenir novas crises, facilitando inclusive o combate a outras pandemias que porventura venham a surgir? A resposta, apesar de parecer óbvia, enfrenta grande oposição e falta de vontade política, que se reflete nas discussões sobre o tema. Se fala apenas em medidas paliativas, nunca sobre soluções a longo prazo. Nesse cenário, corremos o risco de no final das contas, não haver nem Plano Marshall, nem New Deal, apenas mais um longo período de Grande Depressão.

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