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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Um outro fim do mundo é possível

Deixemos o pessimismo de lado, por um momento pelo menos. Deixemos o pessimismo para tempos piores

Área urbana em Kharkiv (Foto: Reuters)
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Por Emir Sader

O mundo está como o diabo gosta: guerras, epidemias, hecatombe ecológica, miséria correndo solta, ameaças, previsões as piores possíveis. Falta uma chispa para que tudo pegue fogo. Alguém ou algo pode sair do controle e pronto: o tão propalado fim do mundo.

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Tudo do jeito que os pessimistas adoram. A guerra da Ucrânia poderia se alastrar para toda a Europa. A Rússia poderia apelar para armas nucleares, Estados Unidos anuncia que ela também seria destruída.

Se especulam sobre as saídas possíveis para o fim dessa guerra, mas todas parecem improváveis. Que a Rússia saia plenamente vencedora, incorporando a Ucrânia a seu território e avançando para outros territórios.

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Uma saída que apenas remeteria a outras guerras, seja pelo envalontamento da Rússia, seja por respostas militares da Otan, que trataria essa vez de tomar a iniciativa antes da Rússia. Possibilidade nada favorável a uma situação de paz e estabilidade. Antes do que isso, pode apontar para a tão cantada Terceira Guerra Mundial, que liquidaria com tudo e por todos, pelo caráter devastador que as potências nucleares possuem para aniquilar o outro, sem capacidade para se defender de ser aniquilada.

Uma segunda possibilidade de via para o fim desta guerra seria a situação oposta: a Rússia seria derrotada, teria que retirar todas as suas tropas do exterior e teria danos ainda mais graves econômicos e sociais, além dos danos na sua capacidade militar. Suporia que o poderio atômico da Rússia seria neutralizado – não se sabe como se daria -, mas não poderia impedir que, uma vez na sua história, a Rússia voltasse a se fortalecer e reaparecesse como grande potência nuclear. Nada alentador para um mundo de paz e estabilidade.

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A terceira hipótese seria a de um mágico acordo, em que cada um cede um pouco e se chega a um acordo de paz que deixaria a todos se não felizes, pelo menos aliviados. Qual poderia ser esse acordo mágico?

A Rússia teria suas tropas da Ucrânia e das suas fronteiras, incorpora, de uma ou outra maneira às duas províncias autônomas sob sua influência, com a garantia de que a Otan não vai incorporar a Ucrânia e que, assim, não haveria tropas na sua fronteira. Uma espécie de novo Acordo de Minsk, desta vez pra valer. E todos seríamos felizes e comeríamos perdizes.

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Quem acredita nisso? Nem a Velhinha de Taubaté que, ela mesma, virou pessimista.

Podemos então escolher os diferentes tipos de fim de mundo. Sem contar com a disseminação de uma nova pandemia, está sem vacina para neutralizá-la. Ou um desastre ecológico, tão prenunciado há tanto tempo, em que várias partes do mundo se apresentam como candidatas a desatar tais desequilíbrios, que nada mais seria como antes, talvez nem mesmo a Lei de Newton.

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Programas de televisão logo vão incorporar a pergunta a seus entrevistados sobre que tipo de fim de mundo eles preferem. Uma guerra nuclear, um tsunami universal, epidemia que se propaga pelo toque nos celulares ou nas TVs, ou alguma forma de combinação de todas elas, que nenhum filme de catástrofe previu até agora.

Ou, como se diz, deixemos o pessimismo de lado, por um momento pelo menos. Deixemos o pessimismo para tempos piores. Estes tempos não comportam, além de todos os riscos, um pessimismo generalizado.

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Será que não haveria um outro fim de mundo possível? Mais suave, mais devagarinho, mais tranquilo? Será que não poderá esperar a possibilidade de nos transladarmos todos a um outro desses planetas a que os milhardários estão chegando e ver o fim do mundo – ou da Terra – de lá de cima, como em um filme?

Talvez não. Talvez tenhamos que nos virar nós mesmos, com todos os problemas que criamos ou que deixamos que fossem criados. Chegar a uma paz com acordos de fim das guerras. Controlar as pandemias com medicamentos preventivos. Impedir os desequilíbrios ecológicos que levam tudo para o beleléu mediante políticas e atitudes que cuidem também da Natureza.

Afinal fomos educados, quando crianças, com historinhas que sempre terminavam bem. Depois Hollywood se encarregou de se acostumarmos aos happy end.

Quem sabe! Who knows! Daria para esperar, na expectativa otimista que nenhuma das ameaças vão prosperar, são só isso, ameaças. Ou tentar um grande acordo entre os homens de boa vontade – supondo que eles existam e tenham poder sobre todos os riscos que nos afligem.

Ou eleger o Lula e pedir mais esse milagre para ele - além de recuperar este país entregue à baratas e camundongos. Que ele convoque os grandes agentes das crises para uma reunião geral, talvez no Maracanã, para chegar a um acordão, em que todos se comprometem a agir bem e pelo bem, apesar dos seus interesses particulares.

Não custa sonhar, porque a realidade está brava, ameaçadora, nos surpreende cada manhã com novos riscos e declarações que nos tiram continuar o sono. A mídia, além de ruim como fonte de informações e de interpretações, prefere o fim do mundo – ou pelo menos sua iminência – porque dá mais audiência e, portanto, mais publicidade.

A vontade então é não acordar cada manhã e dormir logo cada noite, para terminar o péssimo dia. Os pessimistas dirão que no dia seguinte tudo estará ainda pior. Os otimistas, que morreremos dormindo.

Ou não? Qualquer novidade, para bem ou para mal, faremos uma edição extraordinária neste mesmo espaço. Quem sabe anunciando que um outro mundo é possível.

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