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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Um país desconstruído

"Não haverá futuro, com o setor da Educação sem R$ 1,6 bilhão nos cofres, para gerir as universidades e as demais unidades de ensino do país, afetadas pelo corte do MEC", afirma Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia; "O que espanta, estarrece, enoja, é que nas principais universidades estão importantes hospitais e centros de pesquisas destinadas a avançar na cura de várias doenças pelo Brasil afora. Portanto, trata-se de uma operação casada. Destrói-se a Educação e, de quebra, a saúde"

Um país desconstruído (Foto: Esq.: Adriano Machado - Reuters / Dir.: Marcelo Camargo - ABR)
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia - “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer. Que eu sirva para que, pelo menos, eu possa ser um ponto de inflexão, já estou muito feliz”.

Pois regozije-se, senhor presidente. Não há na história desse país alguém que entregou tanto, destruiu tanto, condenou a tantos, em tão pouco tempo. Sim. Estão condenados. Os estudantes sem futuro, os desvalidos sem saúde, e os idosos correndo o risco de ficarem sem direito a ir para casa descansar.

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A frase, dita durante um jantar de gala na embaixada brasileira em Washington, no dia 17 de março, pelo recém-empossado Jair Bolsonaro, não deixava dúvidas. Não sobraria pedra sobre pedra. Antes disso, em 28 de dezembro, já na condição de vice-presidente eleito, mas ainda não empossado, o general Hamilton Mourão avisou que o futuro governo promoveria “um desmanche do Estado”. Portanto, ninguém pode dizer que não foi avisado. Os que hoje ocupam o poder estão transformando o país em terra arrasada. Desculpem tantos gerúndios, mas é que enquanto escrevo, tal como uma avalanche que corre em nossa direção, as maldades não param de acontecer. E só o gerúndio, para descrever tantas desgraças em curso.

Não está havendo presente - com a economia despencando e a produção industrial perdendo 1,3% de sua capacidade. E não haverá futuro, com o setor da Educação sem R$ 1,6 bilhão nos cofres, para gerir as universidades e as demais unidades de ensino do país, afetadas pelo corte do MEC. O que espanta, estarrece, enoja, é que nas principais universidades estão importantes hospitais e centros de pesquisas destinadas a avançar na cura de várias doenças pelo Brasil afora. Portanto, trata-se de uma operação casada. Destrói-se a Educação e, de quebra, a saúde.

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Não bastasse o fim do programa “Mais Médicos”, que deixou os rincões sem atendimento, agora também os grandes centros, onde estão localizados os hospitais de excelência, ligados às universidades, para onde se dirige a clientela do Sistema Único de Saúde (SUS) e a população carente. O corte que atingiu o Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí foi de 100%. Sim, senhores. Eu disse: 100%. Lá, se promove a assistência à saúde com excelência, e se formam profissionais voltados para a valorização da vida e a produção de conhecimento. São 214 leitos disponíveis. Como mantê-los em funcionamento?

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Ao fazer corte tão perverso esses senhores desconheceram, ou nunca, jamais souberam, para que servem as universidades e as instituições a elas ligadas. O presidente, certamente não sabe, porque nunca passou na porta de uma. Quanto ao ministro, pouco frequentou a sua e, talvez, por isto, desconheça tudo os que as unidades universitárias contêm.

Alguém precisa contar para ele que foi de uma mulher brasileira, pesquisadora, mineira, de nome Rafaela Ferreira, professora adjunta do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o prêmio International Rising Talents, concedido em março de 2018, em Paris, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco), e que reconhece o trabalho de mulheres cientistas que mais se destacaram no mundo no ano anterior. Rafaela foi a única representante da América Latina entre as 15 vencedoras do (talentos internacionais em ascensão, numa tradução livre. Rafaela recebeu o prêmio por dar continuidade a uma pesquisa que busca desenvolver medicamentos para o tratamento do vírus da Zika e da doença de Chagas.

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Foi uma equipe de cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco que isolou e sequenciou o genoma do vírus zika coletado no organismo de mosquitos do gênero Culex (conhecido como pernilongo ou muriçoca). Também, pela primeira vez, foi fotografada, por meio de microscopia eletrônica, a formação de partículas virais na glândula salivar deste inseto.

Outra expressão em pesquisas é a médica epidemiologista Celina Turchi, de 64 anos, cientista brasileira nascida em Goiás, que atua como pesquisadora convidada também na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco. Citada na categoria Pioneiros, Celina, ganhou o título de influenciadora mundial pelo papel que desenvolveu na investigação dos casos de microcefalia e a relação com o vírus Zika. E se nada disto basta para dar a dimensão dos absurdos cometidos por este governo que veio, confessadamente, para destruir, devo comunicá-los que o "crime" contra a Educação (e, de quebra, a saúde), foi premeditado. Uma lista estava preparada pela Secretaria de Orçamento Federal - SIOP Gerencial – desde o dia 30 de abril, com os cortes previstos para cada unidade. Pelo total anunciado hoje, nos jornais, ela foi executada praticamente na íntegra. Confira aqui tabela com os cortes para as universidades, preparado desde o dia 30 pela Secretaria de Orçamento, do governo.

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