Um sonho chamado Chapecoense
Nestes tempos temerosos, de nascente ditadura, tínhamos poucos motivos para sonhar. Um desses sonhos atendia pelo nome de Chapecoense
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2016, definitivamente, não é um ano fácil.
A queda do avião em Medellín matou não apenas 76 pessoas que carregavam consigo seus sonhos, desejos, frustrações, histórias.
A tragédia que interrompeu a jornada vitoriosa da Chapecoense foi o capítulo final de um ano em que tudo virou de ponta-cabeça.
Foi o ano do fim da democracia, do jornalismo responsável.
Foi o ano do triunfo da iniquidade. Seja aqui, com golpes palacianos, seja acolá, com histriônicos magnatas feitos presidentes.
Foi o ano em que não tivemos vez, nem voz. Os protestos contra a mentira, o engodo e o golpe foram e são silenciados a pau, pedra, pancada, bomba e censura.
Nestes tempos temerosos, de nascente ditadura, tínhamos poucos motivos para sonhar.
Um desses sonhos atendia pelo nome de Chapecoense.
Era um verde vale de alegria a inundar a Arena Condá. Um time de futebol, abraçado por sua cidade. Um plantel que representava, mais que um clube, um povo.
Da obscura Série D à elite do futebol nacional. De clube dito "pequeno" à final da Copa Sul-Americana.
Trajetória interrompida por uma decisão ainda não totalmente esclarecida da ANAC. Uma decisão lacônica do órgão de aviação civil brasileiro cobriu com o preto do luto o verde vale de alegria que era a Chapecoense.
Neste imenso país que ainda vê no futebol razões para sorrir, em tempos temerosos, o choro é de todos nós.
Choram tricolores, alvinegros, rubronegros, azuis, vermelhos, corais.
Choram atletas, treinadores, torcedores, jornalistas, companheiros ou rivais.
Choram negros, brancos, amarelos, índios, pardos...
Choramos todos, brasileiros continuamente massacrados, dia a dia, pela mentira, pelo engodo, pelo golpe e pela hipocrisia.
A Chapecoense será, porém, eternizada. Basta que olhemos para um gramado, antes de um jogo, para lembrarmos do verde vale de alegria que era aquele time vitorioso.
As lágrimas que banham o solo brasileiro enlutado poderão, quem sabe, fazer reflorir esta nação, ser um antídoto para nossa terra arrasada e continuamente dilapidada.
Quem sabe, um dia, nessa terra arrasada volte a reinar o verde vale da alegria e a beleza de um sonho.
Um sonho que, até a madrugada desta terça-feira, atendia pelo nome de Chapecoense.
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