Um tributo a Moniz Bandeira

Mais pobre de sua inteligência nacional fica o Brasil, com o falecimento de Moniz Bandeira, um dos nossos gigantes intelectuais que se dedicou à tarefa herculana de pensar o Brasil, dentre as suas múltiplas faces culturais, e na defesa de sua nacionalidade.

Baiano de descendência portuguesa, professor, cientista político e historiador transformou-se numa das maiores referências do pensamento progressista pátrio, e consequentemente o levou a ser um cidadão do mundo.

Característica de sua personalidade, Moniz Bandeira tinha posições fortes. Dentre os seus diversos livros destaca-se “Presença dos Estados Unidos no Brasil”, que se tornou um clássico, e foi traduzido, inclusive, para o russo.

Já seu livro “O Governo João Goulart – As Lutas sociais no Brasil”, foi um grande best-seller à época.

Sua obra acadêmica levou-o à indicação ao Prêmio Nobel de Literatura, em 2015, por sugestão da União Brasileira de Escritores.

Moniz Bandeira coexistiu como um observador atento aos acontecimentos que influenciaram a humanidade; buscava, dentro de sua perspicaz capacidade intelectual, traduzir seus reflexos, o que o tornou um indignado e jamais resignado em suas análises e atuação.

Militante altivo das lutas sociais foi referência inconteste na luta contra a ditadura que resultou em um tempo na prisão, e um conselheiro de primeira ordem de Leonel Brizola, seu grande amigo.

Terno de alma tinha a poesia como acalanto de seus pensamentos.

No poema “Canto do Outubro” descreve suas visões:

“...

Vê a alvorada,

a alvorada que vem ,

que ainda vem,

que surgirá de lágrimas e de sonhos,

quando nos campos,

verdes campos,

hoje cobertos de neve,

as sementes brotarem e as árvores florescerem.”

Moniz Bandeira foi uma das maiores floreiras que surgiu na intelectualidade brasileira. Germinou profundas reflexões, cultivou inúmeros sonhos, e deixa um legado magnífico em sua obra, para futuras gerações compreenderem o Brasil e seus grandes vultos.

Obrigado, mestre Moniz Bandeira.

O Brasil sentirá profundamente a sua falta.