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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Uma bomba no colo dos jornalões

A grande imprensa não sabe se mantém a bomba no colo, se pode se sentar em cima da bomba, ou se chuta a bomba para um lado para se livrar da pauta

(Foto: Divulgação)
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Repete-se com o caso da bomba encontrada no caminhão em Brasília, com diferenças de detalhes, o que aconteceu na cobertura do Riocentro em 1981.

A grande imprensa não sabe se mantém a bomba no colo, se pode se sentar em cima da bomba, ou se chuta a bomba para um lado para se livrar da pauta.

A bomba é de novo um incômodo para os jornalões. Desde o começo da cobertura, a notícia está escondida num canto dos sites, com exceção da Folha, que deu o caso de manchete na noite de sábado e depois se dedicou à ceia e recuou.

Se estivesse numa árvore de Natal, a notícia da bomba seria uma daquelas bolinhas sem luz, escondida no meio de enfeites brilhantes.

Mas a bomba vai frequentar as manchetes? É provável que sim, porque teremos mais suspeitos além do homem preso. Podem surgir os chefes e, quando os políticos acordarem, ouviremos as ladainhas.

Uma bomba quebra com o roteiro de blefes que vinha sendo seguido. Cumpre-se o alerta de que o caos estava nos planos, mas os jornalões não sabem o que fazer com a certeza de que há terroristas entre os acampados.

A bomba desorganiza a cobertura em torno dos patriotas, como a explosão no Riocentro atordoou parte da imprensa que tentava ver os atentados contra bancas de jornais e contra a OAB, um ano antes, como algo avulso e excepcional.

É bom lembrar que jornalistas disputavam, anos depois, a primazia do alerta de que o episódio do Riocentro havia sido obra do comando da extrema direita fardada.

O saudoso Villas-Bôas Corrêa era um deles. Com provas, ele mostrava que havia alertado desde cedo no Jornal do Brasil: a bomba não foi parar por acaso no colo do sargento Guilherme do Rosário.

Mas militares moderados e extremistas mandaram os jornalistas calarem a boca, e o Riocentro é caso exemplar de impunidade do período pós-anistia.

Podemos perguntar agora: alguém está mandando que os jornalões fiquem de novo de boca fechada e estampem manchetes que ninguém quer ler, enquanto queremos saber quem é o líder terrorista do mané preso?

Pegando o mané, depois o chefe do mané e mais adiante o chefe do chefe do mané, tudo estará resolvido? Não.

No Riocentro, o sargento morreu, o capitão Wilson Dias Machado sobreviveu e os altos chefes deles desfrutaram de vida boa, só com alguns sobressaltos, até morrer.

Temos hoje, na tentativa de cerco aos patriotas, muitos subpatriotas presos e multados por causa dos bloqueios nas estradas.

Apareceu agora o mané da bomba, mas acima deles não há ninguém sob ameaça real de contenção pelo Ministério Público ou pelo Judiciário, aliás, por Alexandre de Moraes.

O que temos então é: uma imprensa em ressaca de Natal, tomada pela Síndrome do Riocentro, políticos bocejando e uma Polícia agindo porque, por sorte natalina, o caso parece ter caído em boas mãos.

Precisamos saber como o jornalismo das corporações irá se livrar da bomba. É uma questão relevante para a compreensão de como a mídia tradicional vai se acomodar nesse cenário.

As granadas de Roberto Jefferson tiveram melhor cobertura, quando foram jogadas contra federais.

Já se sabe, por confissão, que a bomba estava pronta para explodir às vésperas da posse de Lula, como ensaio, para que outra, talvez mais potente, explodisse no dia da posse.

Se não merece manchete, não coloquem a culpa nos jornalistas, porque jornalistas sabem bem o que é notícia.

Deve ter gente importante no Globo, na Folha e no Estadão sem saber como desarmar a bomba. Todos à espera de um Papai Noel com o saco cheio de coragens.

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