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Carlos Odas

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Vaia de perdedor não vale!

A vaia, como manifestada ontem, tem tanto parentesco com a liberdade de expressão quanto o conteúdo da grande mídia no Brasil tem com o jornalismo – nenhum

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Você estava lá e participou daquilo? Sente-se um herói por ter ofendido a Presidenta da República? Sente-se orgulhoso por tê-lo feito em rede nacional, com transmissão mundial, e ao vivo? Regozijou-se ontem e hoje com a repercussão que empresas de comunicação pertencentes às famílias mais ricas do país deram ao seu ato? Sente-se satisfeito pelo uso que fará desse vexame a oposição acanalhada e sedenta de pôr as unhas novamente sobre o Erário? Perfeito. Então tente agora justificar sua má educação sem escorregar em nenhuma mentira, sem omitir nenhum dado, sem incorrer em nenhuma falsidade, sem ancorar-se em nenhum preconceito e chamando todas as coisas pelos nomes que as coisas têm. Não será capaz, porque quem comete um ato como aquele não pode passar de um imbecil. Além de mal educado. Desconfio que mal saiba limpar o próprio traseiro e, por isso, o papel higiênico em sua casa deve ser daqueles mais caros, perfumados com talco. Um horror. É bom que saiba, portanto, já que fez questão de expressar em forma de apupos – o mais primitivo dos discursos – a sua opinião sobre o Brasil, o quão patético soou aos que tem neurônios capazes de produzir sinapses e que não as desperdiça coçando a cabeça, como manda certo valhacouto disfarçado de semanário.

A vaia, como manifestada ontem, tem tanto parentesco com a liberdade de expressão quanto o conteúdo da grande mídia no Brasil tem com o jornalismo – nenhum. A vaia, como manifestada ontem, é a resultante gutural do encontro entre a má educação e a indigência moral de cidadãos que detestam a cidadania para os outros e que a querem só para si, sem imaginar – porque ignorantes – que cidadania não se confunde com privilégio, ou cidadania não é. Quem ofendeu a Presidenta daquela maneira é um imbecil, não porque discorda dela e de seu governo, mas porque – certamente – a essa hora supõe ter extravasado um "grito represado na garganta de milhões de brasileiros". E isso é uma bobagem. Os brasileiros se parecem mais com quem construiu o estádio do que com quem vaiou a Presidenta nele. Querem mudanças, sim, mas sabem que as mudanças que querem são desejáveis (e possíveis) porque o Brasil já mudou. Porque somos capazes, inclusive, de organizar uma Copa do Mundo sem as vergonhas que passamos quando organizamos os "500 anos do Descobrimento". Sabem que não somos mais os vira-latas complexados de antes.

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O Brasil vive um momento econômico ímpar. Você, que ofendeu a Presidenta, não conhece nenhum desempregado; eu o desafio a apontar-me um de suas relações. Mas você conhece, ou tem conhecimento por outra pessoa, de alguma trajetória de vida que tenha sido positivamente impulsionada pelos programas de transferência de renda que ganharam dimensão de política pública a partir de 2002. Ou pelas cotas no ensino superior. Ou pelo financiamento habitacional do Minha Casa, Minha Vida. Ou pelo Pronatec. Você já viu seu porteiro mostrando aos colegas de trabalho do condomínio as fotos das férias em que foi visitar a família, que não via há muitos anos, em sua cidade natal. E ficou espantando – ele foi de avião! Você, que vaia hoje, já aplaudiu antes. E como era o país em que você aplaudia políticos, ao invés de vaiá-los? Era melhor do que este? Houve um tempo, ainda, em que políticos não podiam ser vaiados – você se lembra? O país daqueles tempos era melhor do que o destes? Em quê? Você aplaudia ou vaiava (ainda que silenciosamente) a falta de liberdade?

Mas, adiante: o que você quer? Saúde, educação, qualidade nos serviços públicos? Será mesmo? Você aplaudiu ou vaiou a derrubada da CPMF? Aplaudiu ou vaiou quando FHC fez aprovar uma lei determinando que o Governo Federal não construiria mais escolas técnicas? Aplaudiu ou vaiou quando Lula fez alterar essa legislação e construiu 214 escolas técnicas em seu período de governo? Aplaudiu ou vaiou o sucateamento do ensino superior nos anos 90? Aplaudiu ou vaiou a duplicação das vagas no ensino superior e a criação de novas universidades federais? Aplaudiu ou vaiou a ampliação do ENEM como forma de acesso ao ensino superior? Aplaudiu ou vaiou o PROUNI, as cotas, o PRONATEC? Aplaudiu ou vaiou a chegada de médicos estrangeiros a lugares onde os médicos filhos da alta classe sempre se recusaram a atender?

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Você quer moralização da política? Quer uma "nova política", mudar "tudo isso que está aí"? Sei. Então, me diga: você aplaudiu ou vaiou a compra da emenda que garantiu a reeleição de FHC? Aplaude ou vaia o abafamento de investigações sobre as evidências de roubalheira nos trens e metrôs de São Paulo? Aplaudiu ou vaiou o desinteresse da imprensa sobre o caso do helicóptero pertencente a um deputado que foi flagrado com meia tonelada de cocaína no Espírito Santo?

Você quer discutir o país, mas será capaz de entabular um diálogo onde a vaia fácil não valha?

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Pelo que a sua vaia de ontem pode trazer de resposta à maioria das perguntas feitas nesse texto é que concluo: não, você que vaiou e ofendeu a Presidenta não o fez por querer mudanças positivas para o país; o fez por egoísmo, sim, por ignorância, sim, e por desonestidade, sim. Sua maior derrota é ver que a explosão inflacionária não veio, que o apagão elétrico não veio, que o desemprego prometido pela crise internacional não veio, que o fiasco na organização da Copa do Mundo não veio. E que nada disso virá.
Só lhe resta mesmo a vaia, perdedor. Farte-se dela e de sua má educação.

O Brasil é muito maior que você. E vai ser campeão!

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