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Breno Altman

Breno Altman é diretor do site Opera Mundi e da revista Samuel

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Velho lenga-lenga

Jornalista Breno Altman critica qualquer tipo de sinal da esquerda em apoiar a candidatura de Rodrigo Maia à presidência da Câmara; segundo ele, a concepção de "tornar as contradições do inimigo, de acessórias, em centrais (...) empurra setores progressistas a flertar, outra vez mais, com a candidatura de Rodrigo Maia. Pouco importa sua condição de parceiro do governo de extrema-direita, sua cumplicidade com as reformas ultraliberais e seu pacto com o partido de Bolsonaro: ele seria, afinal, o 'mal menor'"; "Não poderia haver vírus mais tóxico nas fileiras de esquerda que o retorno à condição de subalternidade rompida pelo nascimento do PT", rechaça

Velho lenga-lenga (Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados)
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Estamos isolados. Não temos como tomar o poder. Precisamos ser amplos. O inimigo não é um bloco homogêneo. Precisamos fazer política. Temos que aproveitar as contradições do outro lado. A hora é de apoiar os setores mais moderados contra os mais duros. Não entender isso revela "esquerdismo".

Quem já não se deparou, em certos setores de esquerda, hoje ou no passado, com esse tipo de raciocínio?

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Cada uma dessas frases, tomada isoladamente, em determinadas circunstâncias, pode ser verdadeira. Reunidas na forma de um pensamento político, disfarçadas de bom senso, representam a mais réles capitulação frente ao inimigo.

Claro que a esquerda deve operar sobre as contradições de seus adversários, buscando dividi-los e enfraquecê-los. Mas isso só faz sentido quando tais operações estão subordinadas a uma estratégia de hegemonia da classe trabalhadora.

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Fora dessa lógica, a esquerda fica condenada a ser força auxiliar de alguma das frações burguesas, intoxicada pelas mais variadas formas de oportunismo.

Pensando desse jeito torpe, o Partido Comunista Argentino, por exemplo, apoiou uma das frações da ditadura militar (1976-1983), considerada mais branda, contra outra ala, a dos duros, manchando sua história com uma posição cúmplice com o regime sanguinário de Videla e companhia.

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Setores do Partido Comunista Brasileiro também operavam a partir desse recorte, durante a ditadura local, ora procurando militares nacionalistas contra entreguistas, ora caçando moderados contra duros.

Ao longo da história do comunismo brasileiro, aliás, ao menos desde 1935 e radicalmente após 1958, o ponto de vista predominante era se colocar sob o guarda-chuva do setor mais avançado da burguesia (dita "burguesia nacional", hoje "produtiva") contra o mais atrasado. E às favas com a construção da hegemonia da classe trabalhadora!

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A criação e a consolidação do PT, exatamente pelo que tem de positivo seu "hegemonismo", rompeu com essa lógica e colocou a esquerda, pela primeira vez em décadas, como pólo protagonista na disputa de poder, desde que Lula concorreu à Presidência da República pela primeira vez.

A derrota estratégica sofrida nas eleições presidenciais, no entanto, ressuscita o velho lenga-lenga de tornar as contradições do inimigo, de acessórias, em centrais.

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Tal concepção empurra setores progressistas a flertar, outra vez mais, com a candidatura de Rodrigo Maia à Presidência da Câmara dos Deputados. Pouco importa sua condição de parceiro do governo de extrema-direita, sua cumplicidade com as reformas ultraliberais e seu pacto com o partido de Bolsonaro: ele seria, afinal, o "mal menor".

Não poderia haver vírus mais tóxico nas fileiras de esquerda que o retorno à condição de subalternidade rompida pelo nascimento do PT.

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