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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Venezuela, palco de uma guerra híbrida

"Juan Guaidó comete erros primários, ao deflagrar um conflito sem a garantia de apoio de pelo menos parte do oficialato", afirma Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia; "Tanta fragilidade estratégica só contou para expor ainda mais a sua falta de liderança", diz; "Nem Guaidó tem forças para manter os seus seguidores nas ruas enfrentando Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) por muito tempo, nem Trump tem topete para bater de frente com a Rússia e a China, entrando em confronto armado com a Venezuela"

Venezuela, palco de uma guerra híbrida (Foto: Esq.: em cima (Jonathan Ernst - Reuters); embaixo (Carlos Garcia Rawlins - Reuters) / Dir.: (Carlos Garcia Rawlins - Reuters))
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

São mínimas as chances de ocorrer um conflito armado liderado por forças americanas na Venezuela. Pelo manual da “guerra híbrida”, estamos no estágio em que “a democracia liberal em sua manifestação pós-moderna atual, é expansionista e agressiva. Ela não se contenta com sistemas ideológicos e de valores diferentes dos seus e deve esmagá-los em sua jornada pela dominação mundial.” (...) Mas não pelas armas.

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Ainda há etapas a vencer na guerra ideológica que é travada no campo econômico – com ajuda financeira externa e sanções que sufocam a economia do país alvo. No campo social, quando é preciso ganhar adeptos nos vários setores, onde são cooptadas lideranças para puxar o movimento contra o governo. No campo do treinamento, este mais específico, visando instruir as lideranças para a ação, financiado por forças externas. E, por fim, o da informação, que com o apoio da mídia tradicional garante a adesão da opinião pública contra o governo a ser destituído.

De acordo com Andrew Koribko, autor do livro que leva o nome de “Guerras híbridas”, de algum sucesso por aqui, “a penetração ideológica em uma sociedade se incorpora em uma irrupção física no interior do próprio Estado. Com isso, o Estado (e a sociedade como um todo) deve combater uma parte de si próprio, que está se levantando contra o status quo, levando a um conflito de interesses e a uma guerra civil social. Dependendo do nível de provocação a que os manifestantes democráticos-liberais dão início, bem como  de casos de má administração do Estado no lidar com esse levante social, a guerra civil social pode uma hora ou outra acabar por tornar-se violenta e, em pouco tempo, tomar as aparências de uma guerra civil de verdade”.

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É nesse estágio que se encontra a Venezuela, agora, com grupos de manifestantes em confronto direto com as forças regulares de Maduro, que detém o poder – por eleição direta. Enquanto isto, Juan Guaidó comete erros primários, ao deflagrar um conflito sem a garantia de apoio de pelo menos parte do oficialato. Tanta fragilidade estratégica só contou para expor ainda mais a sua falta de liderança. Enquanto isto, a Trump interessa apenas, com vistas a 2020, quando tentará a reeleição, passar aos americanos a ideia de que o país ainda domina a geopolítica no sul do continente.

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Nem Guaidó tem forças para manter os seus seguidores nas ruas enfrentando Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) por muito tempo, nem Trump tem topete para bater de frente com a Rússia e a China, entrando em confronto armado com a Venezuela. Os dois países, com poderio bélico respeitável e capaz de fazer frente aos mísseis americanos, viriam em socorro ao país imediatamente. Quanto ao Brasil, é melhor rezar para que nada aconteça. O comando militar já advertiu que não temos armamento suficiente sequer para uma primeira escaramuça. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também já alertou ao presidente que não é no grito que a banda toca. Qualquer decisão neste sentido, terá de passar pelo Congresso. E, por fim, mães, principalmente as paneleiras da classe média: o que acham de seus filhos darem um tempo nas universidades, nos estudos e nas atividades de trabalho, para irem ali trocar uns tiros na fronteira? Ou vocês acham que, tal como na Guerra do Paraguai, só os pretos e pobres irão compor as forças nacionais?

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