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Nêggo Tom

Cantor e compositor.

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Viva a Monarquia! A majestade que pariu a escravidão no Brasil

Se a escravidão é um aspecto da natureza humana, deduz-se que Deus, que para nós cristãos é o criador da vida humana, fez uns para dominar a outros. O que iria de encontro a máxima que diz sermos todos iguais perante a ele e que ele não faz distinção de pessoas

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O príncipe deputado, ou o deputado príncipe, Luis Philippe Orleans e Bragança, subiu a tribuna da câmara, em plena data comemorativa da abolição da escravatura, para dizer que a escravidão é um aspecto da natureza humana e que Princesa Isabel, a falsa heroína, assinou a lei Áurea após ser tocada pelo cristianismo católico e ser convencida de que não era moral e cristão escravizar pessoas. 

Primeiramente, gostaria de saudar a Monarquia brasileira e a todos os monarcas de ontem e de hoje, mandado-os irem chupar um prego. Em seguida, quero expressar a minha indignação com a tal sessão solene na câmara dos deputados, convocada pelo deputado Eduardo Bolsonaro para celebrar o 13 de maio, exaltando a Princesa Isabel, pela proclamação da Lei Áurea, em detrimento da história de luta e sofrimento do negro no Brasil. O que viu-se, foi uma ode ao Império escravocrata e uma tentativa de distorcer fatos históricos. 

Vale lembrar, que o Brasil estava mal visto na Europa e sujeito a boicote comercial, caso não abolisse a escravatura. Fomos o último país da América a libertar os escravizados, o que foi feito sob muita pressão dos ingleses e com muita dor no coração, por parte da família real portuguesa. Isabel não foi a libertária que muitos tentam nos fazer acreditar. Haviam interesses políticos e comerciais por trás de sua canetada. Retratá-la como uma espécie de namoradinha do Brasil colonial, é desonestidade intelectual. Característica notável entre os membros e apoiadores do atual governo.

É mentira que ela teria sido sensibilizada pela fé católica. Até porque, durante muito tempo a Igreja sustentou a tese de que os negros não tinham alma, o que justificava a sua escravidão. É estranho que só 400 anos depois, a mesma Igreja tivesse percebido que escravizar pessoas era imoral e anti cristão. Deus demorou a tocar o coração dessa gente, hein? E olha que ele já tinha castigado o Egito por manter cativo o povo Hebreu. É possível que os Sacerdotes católicos da época, ainda não tivessem lido o livro do Êxodo. Ou será que eles também consideravam os Hebreus sem alma?

Qualquer ser humano que precise seguir uma doutrina religiosa para não fazer mal ao próximo, não é lá muito confiável. Se por ventura, ele deixar de segui-la, voltará a praticar o mal? O mal, assim como a ideologia escravocrata, são inerentes ao caráter de seus praticantes. Ao citar Deus, como a força maior que levou Isabel a abolir da escravatura no Brasil, o príncipe do parlamento, além de contradizer a si mesmo, sugere que Deus seja inglês. O que acaba com o mito de que ele é brasileiro.  

Se a escravidão é um aspecto da natureza humana, deduz-se que Deus, que para nós cristãos é o criador da vida humana, fez uns para dominar a outros. O que iria de encontro a máxima que diz sermos todos iguais perante a ele e que ele não faz distinção de pessoas. O príncipe ainda comparou a escravidão mercantil, que foi praticada por seus ancestrais aqui no Brasil, com a escravidão tribal que outras civilizações praticavam na antiguidade. 

Relativizar a escravidão e negar os efeitos  desastrosos que ela provoca na sociedade, até os dias de hoje, é má fé. Nós, descendentes dos escravizados, ainda sofremos na pele, as consequências dessa mentalidade colonizadora e excludente, herdada pela elite atual. O próprio congresso nacional, é uma prova disso. Dos 513 deputados, apenas 21 são declarados negros. A maioria é branca e com direito a um representante da coroa  portuguesa. 

A fuleiragem real, protagonizada pelo deputado monarca na câmara, tendo o apoio da bancada governista e com direito a fala do deputado Hélio Negão (Desculpe! Hélio Bolsonaro) contra o movimento negro,  é uma prova de que o país ainda precisa de políticas inclusivas e de políticos que tenham compromisso com a igualdade e a justiça social e racial. Ouvir “Viva a Monarquia!” e “Ave Império”, em pleno século 21, depois de todos os crimes praticados contra a liberdade humana, por vossas altezas e majestades, é de doer.

Por isso, gostaria de encerrar este texto saudando novamente a Monarquia e todos os monarcas do Brasil, mandado-os irem chupar um prego. Seus filhos de uma marquesa de santos! 

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