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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Xi Jinping segue passos de Marx no 20º Congresso do PC Chinês

"Crescimento chinês, na próxima década, estará apoiado menos no investimento e mais no consumo, ancorado mais distribuição da renda e da riqueza"

Xi Jinping e Karl Marx (Foto: Reprodução)
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Por César Fonseca 

Xi Jiping, eleito secretário geral do Partido Comunista da China, para terceiro mandato de 10 anos, deixou claro que seguirá recado de Marx para caminhar rumo ao socialismo, atacando o que considera maior mal do capitalismo, ou seja, a crônica insuficiência de consumo global, decorrente do avanço da desigualdade social, gerada na sobreacumulação de capital em busca de lucros a qualquer custo.

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O ocidente está preocupado com o que considera equivocadamente fragilidade relativa do modelo chinês por estar reduzindo os investimentos, o que assusta o mundo, cliente preferencial da China; essa estratégia fundamental, exposta no relatório de Xi Jiping, no 20º Congresso do PCC, de frear investimentos em infraestrutura, lança temor de recessão global no ocidente; porém, ela revela consciência política do Partido Comunista de que se faz necessário seguir, de agora em diante, caminho inverso: menos investimento e mais consumo interno, para pavimentar o caminho socialista.

Se, por um lado, a China, ao reduzir relativamente os investimentos, diminui o consumo global, visto que as exportações para lá cairão, por outro, o consumo interno chinês, em contrapartida, devido à melhor distribuição de renda nacional, prometida pelo PCC, no seu 20º Congresso, evita que a China caminhe para a deflação, decorrente do descompasso entre produção e distribuição de mercadorias; nas últimas quatro décadas, a China registrou crescimento médio acelerado, de 8% a 10% do PIB; o quadro, agora é outro: o Banco Central chinês projeta 4,6% do PIB no terceiro trimestre de 2022 e 4% no PIB anual; projeções do FMI/Banco Mundial sinaliza crescimento de 3,2% nesse ano, mesma taxa estimada para PIB global; a média projetada até 2027 fica em torno de 5%; ou seja, um tombo significativo em relação à década passada de 6,5%, conforme dados da embaixada da China, divulgados pelo Correio Braziliense; o crescimento chinês, na próxima década, estará apoiado menos no investimento e mais no consumo, ancorado mais distribuição da renda e da riqueza.

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Sabendo que há um mercado interno de 400 milhões de chineses para ser incrementado, via redução da demanda externa para dar lugar à maior demanda interna, o temor do ocidente com diminuição do PIB da China se mostra algo relativo; o mundo vai consumir menos, com redução das exportações para a China, para que os chineses consumam mais, como estratégia desenvolvimentista comandada pelo Partido Comunista; vale dizer, os comunistas chineses objetivam mudança de visão capitalista para o seu inverso, socialista; a estratégia do Brasil, por exemplo, diante de uma China reduzindo importações brasileiras, obrigará governo estimular, igualmente, o consumo interno, via valorização dos salários, como prega Lula, o oposto do que anuncia Guedes/Bolsonaro de acabar com salário mínimo e aposentadorias dos trabalhadores.

ORIENTAÇÃO MARXISTA DE XI JIPING

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O relatório do Partido Comunista Chinês, no seu 20º Congresso expressa, justamente,  orientação marxista, contida no Manifesto Comunista de Marx e Engels, de 1847/48, de combater desigualdades sociais como produto da contradição estrutural entre produção e distribuição de mercadoria, acelerada pelo arrocho salarial; por meio de maior distribuição, não, apenas, da renda, mas, principalmente, da riqueza/propriedade nacional, ataca-se, por meio da organização laboral, a crônica insuficiência crônica de consumo no sistema capitalista como produto de sua própria natureza contraditória; esta leva à permanente sobreacumulação de capital que, contraditoriamente, reduz a taxa de lucro, levando o sistema à deflação, “o erro eterno dos liberais”, segundo Keynes.

Os empresários, segundo o autor de Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, diante da ociosidade gerada pela insuficiência de demanda, acelerada pela desigualdade social, jamais comprarão máquinas novas, para colocar no lugar das que estão paradas; o aumento da produtividade, dessa forma, é freado pela redução do poder de compra dos trabalhadores; assim, aumentar os salários vira fator de estímulos aos empresários para investirem em produtividade, a fim de reduzir custos variáveis. O sistema, portanto, é, intrinsecamente, contraditório, visto do ângulo da dialética marxista.

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VIRADA DE JOGO NA CHINA

O PCC, de olho na contradição central do capitalismo, passa a atacar, agora, a desigualdade social, que aumentou na China, nas últimas três décadas, devido à prioridade absoluta conferida aos investimentos preferencialmente à prioridade ao consumo. A contradição entre produção e distribuição levou ao perigo de estagnação da própria produção, se o consumo é deixado em segundo plano, como ocorre, no Brasil neoliberal de Bolsonaro-Guedes, que promete acabar com salário-mínimo e aposentadorias ao não os corrigir pela inflação. Lula, como Xi Jiping, nesse sentido, comunga dos mesmos propósitos ao optarem por mais consumo em face da produção desvinculada da distribuição de mercadorias em bases equitativas. É o novo jogo da dialética chinesa para continuar desgastando o capitalismo de Tio Sam mergulhado em inflação e recessão.

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