A hora e a vez de derrubá-los
Com a casa cheia de detritos e dejetos, Brasil tem oportunidade histórica de lavar a roupa suja e mostrar ao mundo que pode ser um país sério


2014 será um ano de catarse pros brasileiros. Teremos eleições que prometem ser as mais disputadas dos últimos tempos, já que nas anteriores o Projeto Lula deu de goleada nos adversários. E não são poucos que falam sobre o fim do ciclo petista no governo. De qualquer forma, Dilma não vai entrar de salto alto.
Em 2014 completam-se também 50 anos do golpe militar de 64, o que sem dúvida vai chacoalhar o mercado editorial e os papos de boteco com todo o tipo de revisionismo, seja pra aliviar a barra ou pra assar a batata dos milicos. A Comissão da Verdade deve revelar, suponho, alguns segredos cabeludos.
E durante um mês os olhos do mundo inteiro estarão voltados pro Brasil durante a nababesca Copa do Mundo. Toneladas de reportagens vão inundar a imprensa internacional sobre o gigante sul americano. E o que vão falar de nós? Como os correspondentes internacionais vão engordar a pauta no intervalo entre os jogos? Eis uma oportunidade única pra mostrar que podemos ser um país sério.
Pra começar, guilhotinando os governadores que representam tudo o que há de pior na política brasileira. Sérgio Cabral, por exemplo. Não é um fofo? Representante máximo da gosma ideológica peemedebista – "se há governo, sou a favor" – o sapequinha já se envolveu com a máfia do guardanapo, quando viajou à Paris pra farrear com empreiteiros cheios de contratos com o governo, e se lambuzou na farra do helicóptero. Ia todo dia trabalhar voando, fazendo um trajeto que demoraria poucos minutos de carro. Nos fins de semana, mandava a aeronave dar carona pra família inteira e pro cachorro Juquinha. Cada viagem dessa custava milhares de reais. Do bolso do contribuinte.
Quando o povo foi à porta da sua casa protestar, o que fez tão nobre homem? Alegou que estavam perturbando o sono dos seus pimpolhos: "Quero fazer um apelo porque, sabe, na porta de casa, eu tenho filhos pequenos. É um apelo de pai mesmo." Ou seja, ele fez das crianças um escudo humano. Esse cara devia ser estudado nas aulas de Ética em todas as faculdades do país. É um fenômeno!
Querem mais? Leiam o que saiu na revista Isto É dessa semana sobre o governador de Ceará: "Caviar, escargots, bacalhau, trufas e outras finas iguarias integram o cardápio do gabinete e da residência oficial do governador do Ceará Cid Gomes (PSB). O contrato de 3,4 milhões foi publicado no Diário Oficial do Estado. O valor inclui serviços de decoração, taças de cristal e prataria, 700 garçons, 500 garçonetes e chefes de cozinha." Só um chato iria lembrar que, segundo dados do IBGE, o Ceará é um dos estados mais pobres do Brasil e lá mais de um milhão de pessoas vivem com renda de até 70 R$ por mês.
E o propinoduto dos tucanos em São Paulo? Aí entramos na casa das centenas de milhões de reais em desgoverno. As revistas e os jornais estão dando nome aos bois a cada dia que passa. Alckmin jura que não sabia de nada, apesar de ter assinado um monte de contrato com os empreiteiros. E agora? Não vão derrubá-lo?
Uma famosa expressão diz que, no Brasil, algo é feito "só pra inglês ver" quando damos uma maquiada no problema afim de engabelar os gringos. Como quando, durante a Eco 92, tiraram todos os mendigos do trajeto que ia ao aeroporto à zona sul, pra que não vissem como somos de fato. Pessoalmente, acho melhor fazer algo "pra inglês ver" do que não fazer nada. Vá lá que empurrem a sujeira pra debaixo do tapete. Já é um começo.
Agora é hora. Cabral, por exemplo, já está quase caindo. Não vamos parar de empurrá-lo. Se todo mundo empurrar junto, ele cai. E cai feio.
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