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Brasil

Bajonas: pago por Temer, Molina deu show grotesco

"A julgar pelas considerações do perito de Temer, contratado para desqualificar as gravações, o ideal seria que ao invés de escolher um porão, Joesley e Temer tivessem contratado um estúdio profissional para gravar a conversa. Assim, longe de ruídos, de interferências ambientais, e contando com equipamento de alto nível, ficaria muito mais fácil conferir a autenticidade das gravações", ironiza Bajonas Teixeira, editor da Máquina Crítica

"A julgar pelas considerações do perito de Temer, contratado para desqualificar as gravações, o ideal seria que ao invés de escolher um porão, Joesley e Temer tivessem contratado um estúdio profissional para gravar a conversa. Assim, longe de ruídos, de interferências ambientais, e contando com equipamento de alto nível, ficaria muito mais fácil conferir a autenticidade das gravações", ironiza Bajonas Teixeira, editor da Máquina Crítica (Foto: Leonardo Attuch)
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Por Bajonas Teixeira, editor do Máquina Crítica

Foi ele quem analisou a bolinha de papel que atingiu, e quase matou, José Serra em uma eleição passada. Agora seu dever é o de provar que a gravação contra Temer não vale nada.

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A julgar pelas considerações do perito de Temer, contratado para desqualificar as gravações, o ideal seria que ao invés de escolher um porão, Joesley e Temer tivessem contratado um estúdio profissional para gravar a conversa. Assim, longe de ruídos, de interferências ambientais, e contando com equipamento de alto nível, ficaria muito mais fácil conferir a autenticidade das gravações. Infelizmente, contudo, Temer, que não é chamado de vampiro à-toa, escolheu um porão para a inocente conversa que, segundo ele, teve com o empresário. Como, pergunto, evitar o ruído de asas de morcego, nesse ambiente tão crepuscular?

Mas o que esperar de um PowerPoint primário que, ao terminar, deixa estampado na tela:

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OBRIGADO A TODOS!

É uma coisa estranha, porque tudo nos faz crer que, sendo um profissional conhecido, o perito contratado pela defesa de Temer — que certamente está sendo remunerado pelo serviço profissional que presta, o que é legítimo — atuaria com razoável neutralidade. Sua credibilidade fica associada a essa premissa de neutralidade. Algo parecido com o que se espera de um juiz – que seja  imparcial. Para não contaminar esse equilíbrio, por exemplo, os  juízes são impedidos de atuar em casos que envolvem parentes. Mas, incrivelmente, no ataque que o perito Ricardo Molina faz à gravação, abundam as expressões de parcialidade e ênfase excessiva. Mais parece que ele é um parente, ou contraparente, de Temer que um profissional dedicado à objetividade.

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Até os atos falhos, lembram o romance familiar, como diria Freud. O perito diz por exemplo, sobre a análise de uma minudência qualquer que “Falar de lógica nesse caso é muito temerário”. Claro que é “temerário”. O que não é temerário em se tratando de Temer?

Nessa relação com sabor consanguíneo, o perito se envolve, ironiza, faz chacota, vilipendia a opinião de outros, ao ponto de acabar ele mesmo se tornando cômico. Ou melhor, grotesco. Diz, por exemplo, que ele conhece as pessoas que auxiliaram o ministério público. Que elas não sabem nada de áudio e gravações. E que se estivessem ali na frente dele estariam gaguejando. Isso soa primário demais e deixa a sensação de incompatibilidade com a neutralidade que se espera de uma análise técnica.

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O perito atua como um advogado de defesa inflamado. Lembra até aqueles advogados caricatos que vemos em alguns fóruns do interior. Há um momento, em que, por exemplo, ele diz que as gravações trazem “dezenas e dezenas e dezenas” de pontos de ruídos, que seriam potencialmente manipulados. É uma ênfase descomunal e, por isso, incompatível com a frieza de uma análise técnica.

Em relação ao gravador, deixou uma impressão muito confusa. Apesar de dizer que os ruídos seriam potencialmente efeito de manipulações, ele foi obrigado admitir mais adiante, após a pergunta de um repórter, que os ruídos poderiam advir de defeitos do aparelho: “O aparelho provavelmente tem defeito. Senão não haveria tantos ruídos assim”, disse. Mas, seguindo esse raciocínio, se o aparelho possui defeitos, os ruídos não seriam em princípio nenhuma prova de manipulação. E bastaria gravar algo com o aparelho para testar a sua performance e os seus ruídos. Mas, ao invés disso, embora tenha dito que uma perícia perfeita obrigaria a uma perícia no gravador, completou dizendo que isso seria impossível porque a situação em que a gravação se deu nunca poderia ser reproduzida.

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Para mostrar a sua “imparcialidade”, acabou atacando o ministério público, quando caiu na provocação de um jornalista. Disse que o ministério público, além de ingênuo, seria incompetente. Para remediar, disse mais diante que “fica parecendo que eu estou criticando o ministério público”. Ora, criticando? Criticando não, desqualificando totalmente.

Enfim, parece que Molina traz mais contradições do que as aponta para tentar desqualificar a gravação. Ou seriam apenas ruídos na comunicação? Nesse caso, seria interessante o perito Ricardo Molina passar, ele também,  por uma perícia técnica para saber de onde emergem ruídos tão constrangedores.

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