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Belo Monte pode acabar em poder dos chineses

A chinesa Zhejiang Electric Power Construction (ZEPC) tem negociado a possibilidade de adquirir ao menos uma fatia na hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que quando concluída será uma das maiores do mundo, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto; usina do rio Xingu, que receberá cerca de R$ 35 bilhões em investimentos, tem como principais acionistas a estatal federal Eletrobras, as elétricas Neoenergia, Cemig, Light, além da mineradora Vale e os fundos de pensão Petros e Funcef

Vista aérea da Usina Hidrelétrica de Belo Monte na área onde estão colocadas 18 turbinas. Foto Marizilda Cruppe. (Foto: José Barbacena)
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Reuters - A chinesa Zhejiang Electric Power Construction (ZEPC) tem negociado a possibilidade de adquirir ao menos uma fatia na hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que quando concluída será uma das maiores do mundo, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

A usina do rio Xingu, que receberá cerca de 35 bilhões de reais em investimentos, tem como principais acionistas a estatal federal Eletrobras, as elétricas Neoenergia, Cemig, Light, além da mineradora Vale e os fundos de pensão Petros e Funcef.

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Na semana passada, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., admitiu a jornalistas que sócios de Belo Monte têm buscado interessados em comprar suas fatias na usina. Na ocasião, ele disse que a Eletrobras irá aguardar essas tratativas para decidir se adere à transação.

Se a empresa chinesa estiver disposta a comprar uma participação controladora, ela teria que oferecer a mesma oferta aos demais sócios, o que poderia elevar o valor do negócio. Isso explica também por que a Eletrobras está aguardando os desdobramentos das negociações.

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As fontes, que falaram sob a condição de anonimato porque as conversas são sigilosas, disseram que as negociações estão em andamento, mas não citaram valores.

A hidrelétrica de Belo Monte já possui dez máquinas em operação, mas a conclusão total do projeto é estimada para 2019.

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A usina recebeu investimentos de 31,6 bilhões de reais até o final de 2016, de um total de 35,2 bilhões de reais previstos até o final da obra, segundo a Eletrobras.

Uma das fontes disse que os acionistas estão insatisfeitos com as perspectivas do empreendimento, que ainda não gera lucro e ao mesmo tempo tem exigido constantes aportes de capital.

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Os planos de algumas empresas para sair de Belo Monte vêm também em um momento em que muitos dos acionistas passam por dificuldades financeiras ou movimentos de reestruturação.

Cemig e Vale têm falado em realizar desinvestimentos para reduzir dívidas, assim como a Eletrobras, enquanto os fundos de pensão Petros e Funcef têm revisto o portfólio de ativos após perdas.

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Procurada, a Norte Energia, que reúne os sócios, disse que informações sobre eventual venda não passam pela companhia e devem ser tratadas junto aos acionistas.

A Eletrobras disse que está preparada para exercer ou não seu direito de tag along no empreendimento, mas ressaltou que não comenta as negociações dos demais sócios.

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A Neoenergia afirmou que "não há nenhuma negociação em curso".

Cemig, Light, Petros e Funcef não retornaram pedidos de comentário. A Vale não quis comentar.

O site da ZEPC, que tem negócios em energia térmica e hidrelétrica na China e no exterior, afirma que o objetivo da empresa é "constituir-se em uma companhia de engenharia de primeira classe na China e ter certa influência internacional na engenharia elétrica e outros segmentos de infraestrutura".

Não foi possível encontrar um porta-voz da ZEPC para comentar imediatamente.

USINA DE PROBLEMAS

A usina de Belo Monte tem acumulado problemas que ajudam a explicar o interesse de acionistas em deixar o negócio.

O empreendimento é alvo de investigações da Operação Lava Jato, em que autoridades apuram um enorme escândalo de corrupção no Brasil.

A usina também tem enfrentado diversas ações judiciais por impactos socioambientais. Nesta sexta-feira, a Reuters publicou que uma decisão judicial suspendeu a licença de operação da hidrelétrica.

À parte essas disputas, a Norte Energia ainda viu o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) travar a liberação de 2 bilhões de reais que seriam utilizados para concluir a usina, o que tem obrigado os sócios a colocar mais dinheiro nas obras.

O contrato entre Norte Energia e BNDES previa a liberação dos recursos apenas se Belo Monte conseguisse vender a um preço pré-determinado uma parte de sua energia que ainda está descontratada, o que ainda não ocorreu.

Parte dos acionistas tenta obrigar a Eletrobras a comprar a energia para assim liberar os recursos do BNDES. O assunto atualmente é alvo de uma disputa em processo de arbitragem.

Os chineses, por sua vez, têm demonstrado forte apetite para grandes projetos hidrelétricos e de infraestrutura pelo mundo, com os quais podem vender equipamentos e ampliar sua presença global.

SANTO ANTÔNIO

Outra importante usina do Brasil, a hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, também está no alvo de uma empresa chinesa, a State Power Investment Corporation (SPIC), disse uma terceira fonte à Reuters, confirmando informações que circulam no mercado.

O jornal O Estado de S.Paulo publicou em fevereiro que a SPIC estaria próxima de fazer uma proposta pela usina.

Na semana passada, Ferreira, da Eletrobras, disse que a usina em Rondônia, uma das maiores do Brasil, já recebeu uma oferta não vinculante e que uma proposta vinculante pode ser apresentada até abril.

A SPIC entrou no Brasil em 2016, com a compra de ativos de energia eólica da australiana Pacific Hydro no país.

Orçada em cerca de 20 bilhões de reais, Santo Antônio tem como acionistas a Eletrobras, além de Cemig, Odebrecht e SAAG Investimentos.

A Odebrecht Energia disse que "seguem as negociações para alienação de sua participação" na usina, "com o movimento natural de entrada e saída de alguns interessados na aquisição dos ativos". "No grupo de potenciais compradores, há, entre outros interessados, companhias chinesas", adicionou.

A Eletrobras disse que não comenta movimentações dos sócios. A Cemig não respondeu imediatamente a pedidos de comentário. A SAAG disse que não vai comentar.

Não foi possível contatar imediatamente representantes da SPIC.

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