Bolsonaro só consegue tirar proveito de contágio por coronavírus entre seus apoiadores, diz cientista político
Para o cientista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael, Jair Bolsonaro não tem conseguido tirar proveito político do contágio pela Covid-19. "O desgaste dele nesse período se deve a uma estratégia muito arriscada, que acabou não dando certo", afirma
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Por Lúcia Müzell, na RFI - No início do mês, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro anunciou que está infectado pelo coronavírus. Desde então, tem aproveitado a situação para exaltar o uso da cloroquina contra a Covid-19 e, apesar dos riscos sanitários, continua promovendo encontros com seus apoiadores. Mas para o cientista político Ricardo Ismael, o presidente não tem conseguido tirar proveito político do contágio pela Covid-19.
“Ele já foi amplamente derrotado nesta crise sanitária. O desgaste dele nesse período se deve a uma estratégia muito arriscada, que acabou não dando certo”, avalia o professor da PUC-Rio, em entrevista à RFI.
Desde o diagnóstico, Bolsonaro tenta reforçar a imagem de um líder forte, um homem de meia idade que contraiu o vírus e sequer tem sintomas. Mas essa estratégia, aponta o cientista político, só encontra eco junto ao seu eleitorado mais fiel. Na última manifestação de apoio ao governo, no domingo (19), Bolsonaro mais uma vez colocou em evidência a hidroxicloroquina, que levantou como um troféu diante de apoiadores aglomerados.
Defesa da cloroquina é fuga da responsabilidade
Para Ismael, a defesa insistente de um medicamento cuja eficácia não foi comprovada é mais uma tentativa de o presidente se eximir da responsabilidade pelas mortes por coronavírus. “Nos últimos dias, ele tenta compensar com uma reaproximação com o STF e o Congresso. A saída do ministro da Educação Weintraub também demonstra essa tentativa”, avalia.
O cientista político observa que, na direita moderada, que votou no presidente por oposição ao PT e apoio ao combate à corrupção, a debandada do apoio a Bolsonaro é flagrante.
"Ele percebeu que está havendo uma migração, ou seja, uma boa parte do eleitorado dele de classe média, que votou nele porque apoiava o Sergio Moro e a operação Lava Jato, se distanciou após a saída de Moro e pela quantidade de bobagens feitas no enfrentamento da crise sanitária”, afirma o professor da PUC-Rio.
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