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Brasil

Boulos: 'a esquerda começa a sair das cordas'

Para o líder do MTST, Guilherme Boulos, as manifestações desta quinta-feira (30) contra o desmonte da educação pelo governo Jair Bolsonaro colocaram "os jovens na linha de frente"; "o que eu sinto é que a juventude está com a faca nos dentes, está com sangue nos olhos, como se diz"; para ele, os sucessivos escândalos e o desgoverno da gestão Bolsonaro está fazendo com que "a esquerda saia das cordas"

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Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, do Tutameia - "Bolsonaro já está perdendo apoio e popularidade. Esses primeiros meses serviram para destronar o mito. Quando tinha o mito, as pessoas não tinham ouvido aberto para conversar contigo. As pessoas iam naquela onda. Essa onda acabou. As pessoas no mínimo estão mais dispostas a escutar. Você começa a sentir uma mudança no clima nas periferias."

É o que afirma Guilherme Boulos, líder nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), em entrevista ao TUTAMÉIA em que analisou a atual situação do país e comentou perspectivas para a esquerda. 

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Denunciou que o projeto de Bolsonaro e Paulo Guedes é um projeto de devastação do estado brasileiro, submissão do Brasil aos interesses dos Estados Unidos e destruição dos direitos sociais e trabalhistas. "É a aniquilação de tudo o que se conquistou não só na Constituição de 1988, mas das conquistas que vem de 1930, a legislação trabalhista."

Apontou, porém, que o apoio a Bolsonaro já está desinflando, em parte porque ele não consegue cumprir suas promessas:

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"As promessas de Bolsonaro estão se mostrando uma farsa, em todos os sentidos. Já se passaram quatro meses, e o cara não conseguiu apresentar uma política de geração de emprego. Isso não está na agenda dele, não está no discurso. Pelo contrário: sua política é recessiva. Ele dizia que era o cara, que ia acabar com a corrupção, "com tudo isso que estava aí". Em três meses, aparece escândalo de laranjas, o filho dele com sessenta e tantos imóveis, o Queiroz, o envolvimento dele com a milícia... As pessoas veem isso. O povo começa a refletir."

E há um início de reação, representado pelo movimento dos estudantes, pelas convocações às manifestações, pela decisão do movimento sindical de realizar uma greve geral no dia 14 de junho.

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"A juventude está na linha de frente", diz Boulos, continuando: "Fiz um giro pelo Brasil, falei com gente em todo o país, e o que eu sinto é que a juventude está com a faca nos dentes, está com sangue nos olhos, como se diz. Os jovens, e isso ficou muito claro no dia 15 (de maio), já passaram de uma perplexidade com a vitória de Bolsonaro, há uma indignação, um sentimento de esperança, uma disposição de ir para a rua, há uma mobilização...

Mesmo considerando que, na periferia, esse movimento está mais lento, Boulos aponta:

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"A capacidade de mobilização do bolsonarismo, vendo o que ele já perdeu nesses cinco meses, essa capacidade está chegando num teto. A esquerda ainda não está numa ofensiva e o Bolsonaro numa defensiva, não é esse o cenário no Brasil. Mas a esquerda saiu das cordas, ganhou possibilidade de reação mais forte, as manifestações do dia 15 foram uma expressão simbólica disso, e o Bolsonaro está chegando no seu teto, no seu limite. No mínimo deixa de avançar e começa a recuar em alguns setores, o que se expressa na perda de popularidade dele."

Para Boulos, é o momento de as forças progressistas e democráticas se unirem.

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"No enfrentamento ao governo, mais do que palavras de ordem, a esquerda tem de ter um rumo. E esse rumo, no meu entendimento, deve ser a aposta no crescimento das ruas. Nós precisamos derrotar a agenda do Bolsonaro. Porque derrotar a agenda do Bolsonaro é derrotar o Bolsonaro, o Mourão e o Maia numa só tacada. Nós temos de mudar a correlação de forças na sociedade brasileira. Isso implica uma aposta nas ruas, em torna da derrota da agenda."

O que não significa deixar de lado a luta institucional, no Congresso e mesmo na Justiaça, afirma Guilherme Boulos:

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"Nós precisamos exigir que o TSE investigue as denúncias de fraude eleitoral, de abuso do poder econômico e de fake News durante na campanha eleitoral, o que levaria à cassação da chapa, no limite. Se houver a condenação, e a conclusão, com provas, de que houve abuso de poder econômico, houve crime eleitoral, a chapa é cassada e chamam-se novas eleições em 90 dias. Isso é o que diz a Constituição. O TSE precisa ser cobrado. Isso está na gaveta. E nós tivemos indícios muito fortes. Houve uma matéria na Folha de São Paulo que mostrou três crimes eleitorais, passíveis de cassação da chapa: primeiro, uso de dinheiro de empresas. É o proibido o financiamento empresarial de campanhas no Brasil, que veio da Havan e de outras empresas que pagaram os disparos de Whats app; segundo: caixa dois, porque isso não foi contabilizado na campanha do Bolsonaro; terceiro: difusão de mentiras pelas redes sociais, desrespeitando a regulamento do uso de redes sociais no processo eleitoral, que diz que não podia comprar bacos de dados, e compraram. Então há três crimes eleitorais para cassação de chapa. O TSE não está investigando. Por que não está investigando? A esquerda precisa exigir isso."

O importante é que os progressistas trabalhem juntos, onde e como for possível: "Num momento como este, em que nós temos valores democráticos em risco, direitos sociais históricos em risco, a oposição precisa ter a maturidade de compreender de que muito do que nos separa, as diferenças que existem são menores do que aquilo que nos separa do programa do Bolsonaro. Aquilo que nos une é maior do que aquilo que nos separa. E isso deve propiciar um esforço de construção de uma frente solidária. Eu tenho trabalhado muito nesse sentido, junto com outras lideranças."

Lembra também a necessidade da continuação, com firmeza, da campanha Lula Livre: "A pauta pela liberdade de Lula é a meu ver muito importante nessa conjuntura. A prisão de Lula é uma prisão política e simboliza algo muito expressivo hoje, é um ataque à democracia".

E reafirma: "O que está em jogo é muita coisa. Nós temos uma responsabilidade muito grande de impedir retrocessos maiores, e eu acredito que isso vai se dar com unidade. As próximas batalhas, aqui falando de batalhas de rua, vão ser muito importantes."

Assista a entrevista:

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