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Breno Altman: só o povo pode construir uma alternativa viável de governo

Em entrevista à TV 247, o jornalista Breno Altman fez um resgate histórico do regime militar brasileiro e analisou a possibilidade de um novo golpe militar; "Eu não acho que existe um risco de um golpe militar clássico"; ele lembra também da importância da força popular em defesa da democracia brasileira; "Povo na rua, organizado, protestando e se rebelando, fazendo greve, é construção de força popular", diz; assista

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247 - Jornalista e editor do site Opera Mundi, Breno Altman relembrou o cenário e as circunstâncias do golpe militar de 1964 em participação na TV 247 nesta semana. Ele desmentiu as afirmações de que a ditadura militar foi feita para proteger o país de uma ameaça comunista e explicou o verdadeiro motivo da intervenção dos militares no governo.

"É uma grande mentira essa história de que o golpe militar teria ocorrido por conta de uma iminente ameaça comunista, isso é falso. Os setores relevantes da burguesia brasileira, dos meios de comunicação e com os militares, desde os anos 50, já vinham ensaiando uma ruptura com a ordem constitucional de 1946. Basicamente porque não era tragável pela burguesia brasileira conviver com certos tipos de avanços sociais e econômicos", esclareceu.

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Altman acredita que os fatores internos do país foram mais importantes que o cenário internacional e o interesse do Estados Unidos para se instaurar um regime militar. "Seria impossível para os Estados Unidos organizar um golpe de Estado dentro de qualquer país se não contasse a participação ativa e protagonista de classes dominantes locais. Os Estados Unidos constroem alianças com esses setores dominantes do país que queriam dar o golpe de Estado, mas não está nos Estados Unidos o protagonismo, o protagonismo foi interno, uma conspiração dos setores burgueses internos".

O jornalista também rebateu os argumentos de que o número de mortos no Brasil durante os governos militares foi menor do que em outras ditaduras na América Latina. "O modelo repressivo no Brasil foi diferente do que o do Chile e Argentina. A capacidade de resistência da esquerda na Argentina e no Chile era maior. Nesses países houve um modelo repressivo baseado na repressão em massa. No Brasil a resistência da esquerda foi muito menor, a esquerda era menor, e aqui se operou com um modelo chamado AVAD (Ação Violenta com Alvo Definido), não se tratava de uma repressão em massa, um morticínio, se tratava de atacar as lideranças das organizações de esquerda".

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Breno Altman ainda avaliou o legado econômico deixado pelos militares que assumiram o governo. "A fase de Castello Branco foi marcada por uma recessão profunda, por medidas para facilitar a vida dos bancos, a remessa de royalties para o exterior, a vida das multinacionais e que permitiam aos grandes grupos internacionais adquirirem terras e empresas. Um governo que fez de tudo para atrair o fluxo internacional de capitais, essa era a lógica da fase Castello Branco, que não apenas arruinou a economia brasileira como aprofundou a desigualdade social".

O editor do Opera Mundi explicou que o colapso da ditadura se deu por uma grave crise econômica que ocasionou na perda de apoio popular e crescimento dos movimentos sociais, neste momento surgiu o ex-presidente Lula como grande liderança popular do Brasil.

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"A cúpula civil e militar da ditadura vão chegando à conclusão de que se alguma coisa não fosse mudada aquele movimento popular poderia acabar se tornando uma rebelião e em uma derrubada popular e revolucionária da ditadura brasileira", elucidou Altman.

O jornalista disse que não acredita em um golpe militar nos moldes de 1964, mas que um regime militar pode se instaurar no país de outra maneira. "Eu não acho que existe um risco de um golpe militar clássico, aqui existe um risco de uma solução Fujimori. Fujimori dá um golpe institucional, sendo ele o presidente da República, se utilizando de uma certa interpretação da constituição. O risco maior que eu vejo é a tentação fujimorista".

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Breno Altman concluiu lembrando da importância da força popular em defesa da democracia brasileira. "Povo na rua, organizado, protestando e se rebelando, fazendo greve, é construção de força popular. Sem isso não há chances de retomarmos o fio da história, a direita tradicional é incapaz de retomar o fio da história porque ela é parte do problema, não da solução. Somente o povo organizado com seus partidos e movimentos é que pode construir uma alternativa viável de governo e poder. É uma luta longa e dura, mas não há atalho".

Inscreva-se na TV 247 e assista à entrevista na íntegra:

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