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Brasil

Cenários para 2018: Lula, Doria e ‘sangramento’ de Temer

Em debate promovido nesta segunda-feira, 10, pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, o professor Aldo Fornazieri critica vacilos da esquerda e diz que prefeito de São Paulo, João Doria (PSB), é personagem que não pode ser desprezado; senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que nome de Lula tem de ser lançado imediatamente; já para a jornalista Tereza Cruvinel, colunista do 247, começa a se tornar "muito difícil" deixar Lula inelegível para 2018

Em debate promovido nesta segunda-feira, 10, pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, o professor Aldo Fornazieri critica vacilos da esquerda e diz que prefeito de São Paulo, João Doria (PSB), é personagem que não pode ser desprezado; senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que nome de Lula tem de ser lançado imediatamente; já para a jornalista Tereza Cruvinel, colunista do 247, começa a se tornar "muito difícil" deixar Lula inelegível para 2018 (Foto: Aquiles Lins)
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Vitor Nuzzi, da RBA - A primeira dúvida é se haverá eleições diretas para presidente da República em 2018, considerando-se o julgamento da chapa Dilma/Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que oferece cenários diversos. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o professor Aldo Fornazieri e a jornalista Tereza Cruvinel, que participaram nesta segunda-feira (10) de debate promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, apostam que as eleições serão realizadas, mas a partir daí as avaliações divergem. Fornazieri critica o que chama de "novo oba-oba" em torno do lançamento do nome de Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto o parlamentar defende a candidatura do ex-presidente. Em comum, críticas à esquerda, particularmente ao PT.

Para o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), a crise atual também é de responsabilidade do "fracasso" do projeto petista, que no poder teve experiências de êxito na redução da desigualdade, mas não fez "uma série de reformas progressistas" necessárias para a manutenção e consolidação das políticas. Faltou "ideologia republicana", no sentido da simplicidade e da frugalidade, e houve uma "mudança psicológica" das lideranças. "Fundamentalmente, o PT se afastou do povo, contaminado pela ideologia do luxo, o que é fatal para a desagregação do corpo político."

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Fornazieri também aponta crises de valores e retórica. "Não basta ter boas propostas, a comunicação é elemento de uma boa ação política", afirmou. "Não adianta culpar o capital, a mídia. Não podemos ter a ilusão de que a grande mídia estará a nosso favor. A esquerda não entende o que é autonomia de política", criticou o professor, chamando a atenção para a entrada em cena de um novo e importante personagem, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). "Aqueles que deram o golpe e estão destruindo os bancos públicos e os direitos vão se juntar em torno de uma alternativa. O Doria não pode ser subestimado. Ele tem método e entende a lógica do jogo político."

O analista entende que a esquerda "negligenciou" a formação de lideranças políticas e não está disposta a aprender com seus erros. Já a direita, "por uma série de motivos e por saber projetar melhor nomes, está com o futuro na mão". Para ele, o TSE não vai cassar a chapa Dilma/Temer, mas os partidos de esquerda "não querem tirar o Temer", apostando em desgaste do governo. Para ele, é momento de ação nas ruas. "As elites não vacilam em destruir a democracia e atacar os direitos para defender seus interesses. Só aceita a conciliação quando a conciliação é favorável a elas."

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Para o senador do PT fluminense, o "programa do golpe está fracassando, os principais pressupostos estão fracassando", enquanto o governo só fala em ajuste e austeridade. "A nossa narrativa de que o golpe não era contra a Dilma, mas contra os trabalhadores, começa a ser aceita", afirmou. Ele considera que, ao contrário do que ocorreu na votação da emenda de teto de gastos públicos, o governo terá muita dificuldade para aprovar a reforma da Previdência.

Erro trágico

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Ele reagiu à crítica sobre o "lançamento precoce" da candidatura de Lula afirmando que o ex-presidente é a única opção política para derrotar o golpe. "Eles achavam que (com o impeachment) matavam o Lula. Acho que tem de lançar agora, em abril ou maio. Não temos nenhum nome, nem perto." O senador, candidato à presidência do PT, aceitou parcialmente os questionamentos de Fornazieri. Citando outro pensador, o professor André Singer, disse que "faltou mobilização popular" e "disputa de consciências".

Lindbergh criticou também o que chamou de política de distribuição de renda sem "enfrentamento" ao grande capital. "Essa política nos levou ao erro maior, colocar o (Joaquim) Levy no Ministério da Fazenda (no início do segundo mandato de Dilma). Esse erro foi trágico." Segundo o petista, por essas opções, a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, que "votou duas vezes em Lula e duas vezes em Dilma","não se mexeu" durante o processo de golpe. Para ele, o titular da economia "tem de ser alguém do nosso campo".

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Na avaliação de Tereza Cruvinel, ex-presidenta da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), não há espaço para um "golpe dentro do golpe", referindo-se a uma possível ameaça contra as eleições no ano que vem, incluindo no campo militar. "Acho que eles não têm força para impor um golpe desses", afirmou, citando a "decepção de militares nacionalistas com o entreguismo desse governo". Ela afirmou que começa a achar "muito difícil" tornarem Lula inelegível em 2018.

A jornalista também identifica desgaste "claro" do governo Temer. "O programa do golpe fracassou, na política e na economia. O governo está se aproximando de sua 'descartabilidade', porque não está entregando o que prometeu", acrescentou, citando dificuldades para aprovar a reforma da Previdência, com a base aliada "fazendo água" e uma "dissidência importante" representada pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

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Ela considera que o julgamento no TSE não pode ser subestimado, mesmo comandando por Gilmar Mendes, mas o mais provável é que dali não saia uma solução política. "Temer e o governo vão jogar com a postergação", disse Tereza, considerando uma possível ideia de "sangramento" do presidente até 2018 "um oportunismo eleitoreiro", que faria demorar ainda mais a recuperação do país.

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