"Cloroquina nunca teve viés de saúde", diz Mandetta
"Acho que nunca teve nenhum viés de saúde. O viés é muito mais para as pessoas acreditarem no remédio, para ver se elas voltam a trabalhar, acreditando que o remédio possa operar um milagre", afirmou o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta
247 - O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta criticou o uso da cloroquina para o tratamento de pacientes diagnosticados com o coronavírus. A declaração vem em um contexto no qual Jair Bolsonaro continua fazendo propaganda do remédio, que ainda não tem comprovação científica.
"Acho que nunca teve nenhum viés de saúde. O viés é muito mais para as pessoas acreditarem no remédio, para ver se elas voltam a trabalhar, acreditando que o remédio possa operar um milagre. Como a doença evolui bem em 90% dos casos, vai ser comum isso. A gente já esperava. Uma hora é a cloroquina, no último mês agora foi a ivermectina, tem os que falam do corticoide, do Anita, da Eparina", disse o ex-titular da pasta ao site NSC Total.
Mandetta deixou o cargo após divergências com Bolsonaro, que, diferentemente do ex-ministro, criticava o isolamento radical como uma das medidas de combate ao coronavírus.
Na entrevista, Mandetta destacou que "a imagem do Brasil na comunidade internacional é muito ruim, não sei se é pior na saúde ou no meio ambiente". "É visto como um país cujo presidente fala em sair da Organização Mundial da Saúde, ofende todas as pessoas que trabalham com ciência, e coloca o Brasil cada vez mais longe das grandes mesas de decisões", continuou.
De acordo com o ex-ministro, "o mundo está falando em vacina, estamos participando dos testes, mas a gente tinha que estar discutindo qual vai ser a capacidade de produzir essas vacinas". "Será que o Brasil vai ter insumos certos, as máquinas corretas, o complexo industrial brasileiro dá conta? Será que a gente vai estar num esforço mundial, a gente não tinha que estar sentando para saber sobre a questão de patente?", acrescentou.
