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Brasil

Combate à fome é reconhecido com o Nobel da Paz enquanto Brasil retrocede e vê problema se agravar

Enquanto o Programa Mundial de Alimentação (PMA) da ONU foi reconhecido pelo Nobel da Paz, no Brasil a fome se alastra. Sob o governo de Jair Bolsonaro a insegurança alimentar grave já atinge 10,3 milhões de pessoas, segundo o IBGE

(Foto: Marcos Corrêa/PR | ABr)
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Lu Sudré, Brasil de Fato - O prêmio Nobel da Paz de 2020 foi concedido para o Programa Mundial de Alimentação (PMA) da ONU (Organização das Nações Unidas) pelo combate à fome no mundo. A informação foi divulgada na manhã desta sexta-feira (9).

Em 2010, o PMA entregou ao Brasil o prêmio de "Campeão Mundial na Luta contra a Fome", como um reconhecimento pelo papel que o país desempenhava na luta contra a fome tanto internamente quanto no cenário internacional. 

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Embora com êxito na erradicação da fome no país, que deixou o Mapa da Fome da ONU em 2014, essas políticas têm sido abandonadas no governo de Jair Bolsonaro (sem partido) com redução orçamentária e o desmonte explícito das estruturas de segurança alimentar e nutricional.

A insegurança alimentar no Brasil atingiu 43,1 milhões em 2019, conforme dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU).

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A insegurança alimentar grave, condição na qual as pessoas relatam passar fome, chegou a 10,3 milhões de pessoas no país nesse período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Diante da grave crise econômica, a fome deixou de ser uma ameaça e, cada vez mais, se torna uma realidade nas periferias do país.

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“O Programa Mundial de Alimentos recebe o prêmio Nobel da Paz por ser uma política multilateral que contribui para que a população não fique vulnerável a essa situação de fome, enquanto temos organismos no Brasil, país ligado ao sistema ONU, não cuida dessa perspectiva para a população”, ressalta Alexandre Pires, coordenador do Centro Sabiá e da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA).

Ele alerta que a desconstrução do Sistema Nacional de Sistema Alimentar e Nutricional, e a falta de investimentos prioritários em programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), agravam a situação da população mais vulnerável do país neste momento.

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“O corte de orçamentos e a desconstrução do sistema de participação social são elementos muito concretos para o caminho do Brasil de volta ao Mapa da Fome. A resposta ao governo brasileiro à pandemia tem sido respostas tímidas, tardias e ineficientes”, critica.

Para Pires, o fato do Programa Mundial de Alimentos da ONU receber o prêmio Nobel reforça que a alimentação deve ser vista como um direito humano e, conforme ele destaca, não como uma mercadoria, a exemplo do agronegócio brasileiro.

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Cenário preocupante

O programa ganhador do Nobel já prestou assistência a cerca de 100 milhões de pessoas em 88 países que são vítimas da insegurança alimentar e da fome aguda.

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O comitê sueco responsável pelo prêmio elogiou a intensificação das ações em meio à pandemia da covid-19, que causou o aumento exponencial da população em extrema pobreza. 

De acordo com a FAO, cerca de 8,9% da população mundial, o equivalente a 690 milhões de pessoas, foi atingida pela fome em 2019. Os países da América Latina e Caribe são os mais afetados.

“Dos 690 milhões de pessoas em insegurança alimentar e nutricional no mundo hoje, 48 milhões estão situados na América Latina e Caribe. Apesar de comparado a África e Ásia, ter a menor quantidade de pessoas nessa situação, é preocupante porque esse número vem aumentando ano a ano. Não podemos permitir que a fome volte a imperar no nosso continente”, defende Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência Contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP, na sigla inglês) no Brasil. "Resolvido o problema da fome, estaremos mais próximos de atingir a paz"

Somente na América Latina e Caribe, segundo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 83,4 milhões de pessoas devem ser atingidas pela extrema pobreza ainda este ano. 

Balaban afirma que o prêmio foi uma surpresa e que a condecoração joga luz a um problema que afeta a humanidade como um todo. 

“Temos obrigação de, ainda nesta geração, resolver - que é acabar com a fome no planeta. Também é um reconhecimento da importância do multilateralismo e da cooperação internacional para resolvermos problemas complexos. Sem união entre os países não haverá solução sustentável para esses males”, ressalta Balaban.

Ele acrescenta ainda que há uma correlação comprovada entre fome e conflitos. “Resolvido o problema da fome, estaremos mais próximos de atingir a paz”.

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