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Brasil

Corrupção no Brasil: 'Sociedade tem que mudar valores'

A corrupção é hoje a maior preocupação dos brasileiros, ultrapassando questões importantes como a violência, o desemprego e a qualidade dos serviços públicos. A conclusão é de pesquisa do Instituto Ipsos realizada em 26 países, incluindo o Brasil; para o professor Ricardo Ismael, da PUC, o problema não está só nos políticos, mas na própria sociedade, que precisa rever seus valores

A corrupção é hoje a maior preocupação dos brasileiros, ultrapassando questões importantes como a violência, o desemprego e a qualidade dos serviços públicos. A conclusão é de pesquisa do Instituto Ipsos realizada em 26 países, incluindo o Brasil; para o professor Ricardo Ismael, da PUC, o problema não está só nos políticos, mas na própria sociedade, que precisa rever seus valores (Foto: Leonardo Attuch)
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Da Agência Sputinik

A corrupção é hoje a maior preocupação dos brasileiros, ultrapassando questões importantes como a violência, o desemprego e a qualidade dos serviços públicos. A conclusão é de pesquisa do Instituto Ipsos realizada em 26 países, incluindo o Brasil.

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O levantamento mostra que para 60% dos entrevistados no Brasil a corrupção envolvendo empresas e Estado é o principal desafio hoje do país. Os demais assuntos apontados na enquete foram violência (47%), desemprego (45%), saúde (44%) e educação (26%). No mundo, o desemprego (38%) foi o tema apontado como o de maior preocupação.

Comentando a pesquisa da Ipsos, Ricardo Ismael, cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), diz que a sondagem está em linha com as realizadas desde 2015 que já davam a indicação que a corrupção já vinha sendo a maior preocupação dos brasileiros. Para o especialista, as investigações da Lava Jato têm atingido o sistema político-partidário e as empresas recebendo muito espaço na mídia e impactando o grande público. 

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"Os brasileiros sabem que existem muitos problemas, principalmente nos serviços sociais, a questão da violência, problemas sérios em função da crise econômica, mas mesmo assim há uma percepção de que a gravidade da corrupção precisa de algum tipo de mobilização da sociedade, das instituições de investigação e do poder judiciário para que a gente possa seguir um outro caminho. De alguma maneira, a corrupção acaba se relacionando também com os serviços sociais, porque escoam pelos ralos da corrupção os recursos que vêm dos impostos", observa o cientista social. Para ele, o brasileiro finalmente uniu esses dois links, ou seja, que a corrupção está ligada a vários problemas não resolvidos no Brasil e essa escala chegou a um nível muito elevado.

Delações revelam como corrupção de estendeu a todos os níveis de governo
RAFAEL NEDDERMEYER/FOTOS PÚBLICAS

 

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Ismael diz que a ciência política tem que se dedicar à questão das instituições, discutir os mecanismos de controle que ajam de forma preventiva, e nesse aspecto ele ressalta a importância do papel dos Tribunais de Contas, que não devem ser figurativos e tentem auditar as questões ligadas ao poder executivo, como contratações e licitações. O professor lembra que, a partir da Constituição de 1988, houve um fortalecimento do Ministério Público, o que permitiu um novo fôlego na abrangência e na qualidade das investigações, que devem ser acompanhadas pelos trabalhos de órgãos como a Receita Federal e a Polícia Federal. Já o judiciário precisa mostrar mais celeridade, principalmente por que a demora dos julgamentos, em especial para quem tem foro privilegiado, acaba muitas vezes com a prescrição do crime.

Vaz admite que uma das molas mestras para o combate à corrupção no Brasil depende da própria sociedade, que deve mudar seus valores e se mostrar intolerante com a continuação das práticas de corrupção. Ele admite, porém, que, como toda mudança de valores, isso não será fácil e dificilmente alcançado antes de uma geração.

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"As leis e as instituições fazem seu papel, mas a sociedade precisa ficar atenta e ver quem realmente merece o seu voto e quem pode exercer cargo público. Essa crise está mostrando que há necessidade de uma renovação não apenas de lideranças, mas de valores", diz Ismael. 

Reconhecendo que a compra de voto e o voto de cabresto ainda são uma triste realidade no país, o professor da PUC-RJ lembra que desde 2000 tais práticas começaram a ser reprimidas. Primeiro, no início do ano 2000, quando a sociedade apresentou ao Congresso uma proposta que acabou criando a Lei da Compra de Votos, pela qual um parlamentar ou executivo (prefeito, vereador) pode ser cassado se for comprovada prática de abuso econômico. Depois com aprovação da Ficha Limpa. 

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"A lei e a Justiça Eleitoral vão ficar enxugando gelo, se a sociedade também não mudar, se não fizer uma reflexão e não vender o seu voto, achar normal que o prefeito ou o governador, na época da eleição, vai usar o dinheiro público para ganhar a eleição. As leis podem mudar, mas se a sociedade não muda ela mesmo vai enfraquecendo as leis e as ações institucionais. É necessário que a gente tenha uma cidadania ativa também depois das eleições. Isso exige uma mudança, não apenas de comportamento, mas de valores. E a gente sabe que mudança de valores demora tempo, precisa passar por um processo que, às vezes, demora mais de uma geração", conclui Ismael.

Procurado pela Sputnik Brasil, o Instituto Ipsos informou que não havia ninguém disponível para prestar maiores esclarecimentos sobre a pesquisa.

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